quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Debater contra a razão X narcisismo atual




















A imagem acima ilustra uma conduta comportamental muito comum em nossa sociedade atual. A personagem caricata na charge debate contra a balança, valorizando mais a sua opinião pessoal e narcisista, contra uma máquina de precisão, sem emoção, sem argumentos, apenas exata. A balança não julga ninguém pela cor de pele, peso, classe social, religião etc, apenas mede a massa corporal de forma fria e exata.

Não estou falando aqui sobre peso, dieta ou coisas do tipo. Estou usando a imagem acima apenas como alegoria para ilustrar um ponto:

De um lado, há os argumentos, provas e teorias racionais, científicas, lógicas, exatas, aceitas por uma comunidade letrada e que tem méritos mediante muito estudo, trabalho, sacrifício e esforço. E há aqueles que ouvem a razão, mesmo não entendendo a ciência, acreditam na comunidade científica, ouvem o estudioso, o especialista, porque compreendem que eles têm méritos para afirmar ou negar algo dentro de suas respectivas áreas de estudo, de pesquisa ou de experiência.

De outro lado, há aqueles que defendem o próprio umbigo, que clamam por "justiça" para si próprios ignorando o significado de Justiça, que se usam de palavras inteligentes roubadas de alguém e citadas fora de contexto para atacar um fato. Os indivíduos narcisistas, egoístas e egocêntricos tentam impor a sua própria opinião mesmo contra toda a lógica.

Há tempos existe em todo o mundo uma tentativa de diminuir e menosprezar o nerd, o CDF; e pior, ignorar o especialista, o mestre, o doutor, o filósofo e o professor, principalmente quando estes não dizem o que a sociedade quer ouvir, mas o que as pessoas precisam ouvir.

É claro, devemos ter autoestima. Mas de novo, a imagem acima não é sobre ter autoestima, é sobre discordar de algo lógico, preciso, exato e científico. Lembrando: o assunto aqui é sobre narcisismo. É sobre debater contra a lógica, baseando-se em expectativas pessoais e ignorando a razão.

São frases típicas dos narcisistas: "esse é meu direito", "essa é minha opinião", "sou assim mesmo, tem que me aceitar como eu sou".

A cura para o narcisismo e outras atitudes nocivas é a empatia. É aprender a ouvir. É aprender a ler e compreender o que é lido. Em suma: é ter Educação.

domingo, 30 de setembro de 2018

Dica de bandas


Amo os clássicos do rock de 1956 a 1994 (ou seja, da estreia do Elvis ao fim do Nirvana). Mas aqui segue uma lista de bandas menos conhecidas e que, na maioria dos casos, ainda está na ativa. Bandas que realmente merecem maior divulgação e reconhecimento:


Estados Unidos-Costa Leste:
- Fugazi (Washington D.C.; 1987 - 2003) – post-hardcore, art punk, experimental.
- Interpol (New York City; 1997 - presente) – post-punk revival.
- DIIV (NYC; 2011 - presente) – shoegazing, dreampop.
- Galaxie 500 (Cambridge, Massachusetts; 1987 - 1991) – dream pop, slowcore.
- Dinosaur Jr. (Massachusetts; 1984 - presente) – hard rock.
- Days of the New (Indiana; 1995 - 2014) – post-grunge, acoustic rock.
- SOJA (Virginia; 1997 - presente) – pop reggae.
- Cat Power (Atlanta , Georgia; 1992 - presente) – alternative, folk rock.

Estados Unidos-Costa Oeste:
- Flamin' Groovies (San Francisco, CA; 1965 - presente) – power rock and roll.
- Queens of the Stone Age (Palm Desert, CA; 1996 - presente) – alternative hard rock.
- Groundation (California; 1998 - presente) –roots  reggae, jazz fusion, dub.
- Slaughter (Las Vegas, Nevada; 1988 - presente) – glam metal, hard rock.

Inglaterra:
- Saxon (South Yorkshire; 1977 - presente) – heavy metal.
- Ride (Oxford; 1988 - presente) – shoegazing, dreampop.
- Ocean Colour Scene (Birmingham; 1989 - presente) – pop rock.

Todas as bandas supracitadas apresentam um trabalho de altíssima qualidade e grande valor artístico.  Apesar de serem menos conhecidas, contribuem muito para a história da música pop, do rock e do reggae.




sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Depressão

O que tira alguém da depressão não é dizer a ela coisas como "tudo vai melhorar" ou "a vida é bela". As pessoas com depressão são muito inteligentes e entendem a própria realidade como ninguém mais, por isso, se a realidade ao seu redor for amarga, elas não acreditam em frases feitas e discursos de falso otimismo.

O que resgata, cura e salva alguém da depressão, de verdade, é mostrar com palavras ou gestos o que essa pessoa significa para você. Fazê-la sentir-se importante, indispensável, insubstituível.

E isso dá motivação a essa pessoa para fazer de seu mundo um lugar melhor, para si mesma e principalmente para quem orbita nesse mundo: familiares, amigos, colegas etc.

Entenda:
Depressivos sofrem de apego excessivo a boas memórias do passado e excesso de empatia ao próximo num mundo amargo onde a empatia é escassa.

Ansiosos sofrem de patológica autocrítica, preocupações com o futuro e PATOLÓGICA necessidade de agradar a terceiros, com receio de julgamentos externos.

Ambos são inteligentes, retóricos e racionais ao criticarem a si mesmos, são muito rigorosos consigo, mas dão créditos demais à sociedade, perdoam a todos, menos a si mesmos.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Supertramp - Logical Song (tradução)




Canção Lógica (The Logical Song)

Quando eu era jovem
Parecia que a vida era maravilhosa
Um milagre
Ah era tão bonita, mágica.

E todos os pássaros nas árvores
Cantavam tão felizes
Ah, alegres
Brincalhões, eles me observavam.

Mas depois eles me mandaram sair dali
Para me ensinar a ser sensato,
Lógico,
Ah responsável, prático.

E me mostraram um mundo
Onde eu poderia ser muito confiável,
Ah, clínico
Ah, intelectual, cínico.

Há momentos quando todo o mundo dorme
E os questionamentos são tão profundos
Para um homem tão simples.
Você não vai, por favor, me dizer o que aprendemos?
Eu sei que parece absurdo
Mas por favor, diga-me quem sou eu

Agora cuidado com o que você diz
Ou eles vão te chamar de radical,
Um liberal
Ah, fanático, criminoso.

Ah, por que você não assina o seu nome?
Gostaríamos de ver que você é aceitável,
Respeitável,
Ah, apresentável, um vegetal.

Durante a noite quando todo o mundo dorme
Os questionamentos são tão profundos
Para um homem tão simples
Por favor (você não me dirá?)
Por favor diga-me o que aprendemos (consegue me ouvir?)
Eu sei que parece absurdo
Mas por favor diga-me quem sou eu

Quem sou eu
Quem sou eu
Quem sou eu

(Pois me sinto tão ilógico
D-d-digital
Um, dois, três, quatro, cinco
Oh oh oh oh
Inacreditável
Incrivelmente maravilhoso).

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Quadrilha punk

Judy is a punk,
Sheena is a punk rocker,
Suzy is a headbanger.

Judy went down to Berlin with Jackie,
Sheena had to break away,
And Suzy... Stop that girl. There she goes again.


Carlos Ramone de Andrade.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Outras dicas de leitura

Os Simpsons e a Filosofia
Aeon J. Skoble, Mark T. Conard, William Irwin

Coletânea de artigos filosóficos sobre personagens e temas da série de animação. Alguns capítulos podem ser lidos e trabalhados em turmas que estão terminando o Ensino Fundamental. Recomendado fortemente ao Ensino Médio e início do Ensino Superior.
Obs: conteúdo ótimo, mas peca na tradução e revisão (trabalho feito às pressas, apresenta alguns erros).


Crítica ao fetichismo da individualidade
Newton Duarte (org.)
Altíssimo nível, recomendo apenas para fins de graduação e início de pós-graduação.

Outras recomendações para fins de graduação e pós:
- O homem e seus símbolos (Carl Gustav Jung);
- Cultura, arte e literatura (K. Marx e F. Engels).

Dica de leitura: O mundo de Sofia

O mundo de Sofia - Romance da história da filosofia
Autor: Jostein Gaarder
Sinopse: às vésperas de seu aniversário de 15 anos, Sofia começa a ter contato com filosofias relevantes para entender o seu próprio mundo.
Gênero: romance infantojuvenil/literatura didática.

História da Filosofia, dos gregos antigos aos filósofos do século XX. Sempre cito e sempre recomendo este livro, simplesmente porque ele é genial. Apesar de originalmente ter sido escrita para um público infatojuvenil [vide a idade da protagonista], esta leitura hoje é mais recomendada a turmas de início do Ensino Médio até início do Ensino Superior.


Dica de leitura: Eu, detetive

Eu, detetive - O caso do sumiço
Autoras: Stella Carr, Laís Carr Ribeiro.
Coleção Veredas
Narrativa infantojuvenil

Livro-jogo que traz em cada capítulo uma pista para solucionar o mistério do sumiço [sequestro] de um grupo musical. Os capítulos podem ser lidos na ordem ou em forma de jogo, como explica o livro.

Li esta obra quando estava na 4ª série do primário, hoje chamado de 4º ano do Ensino Fundamental. Devorei o livro! Além do desafiante mistério, a narrativa é muito divertida e bem humorada, tanto pelas Letras quanto pelas ilustrações. No final, o livro traz o epílogo, revelando a solução das autoras para "o caso do sumiço".

Hoje esta obra pode ser encontrada em sebos e na estante virtual (recomendo fazer o cadastro online e adquirir o livro).

Boa leitura, em turmas desde fins do Ensino Fundamental a início do Ensino Médio.



Dica de leitura: Lisístrata

Lisístrata - A greve do sexo
Autor: Aristófanes
Gênero: drama (teatro), mais especificamente comédia grega.
Ano: século V antes da era cristã.
Tradutor: Millôr Fernandes.
Sinopse: mulheres gregas decidem fazer uma greve de sexo para forçar seus maridos a deixar a guerra e retornar ao lar.


Vou partir do princípio de que todos que seguem este blog já conhecem um pouco de literatura/teatro grego. Partindo daí afirmo, ler esta obra é redescobrir muitas coisas sobre o passado e o presente. O vocabulário utilizado e até as metáforas nesta tradução são tão explícitas e reveladoras que parecem fazer parte de uma obra escrita no século passado [sim, porque o séc XX ainda é mais eloquente do que o séc XXI, até agora].

Conteúdo de alto nível, porém de fácil leitura e compreensão. Uma comédia para divertir e refletir.




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O silêncio e o tempo




segunda-feira, 7 de maio de 2018

The cosmopolitan


NOW HERE I sit down and write
I’m a NOWHERE citizen
I don’t KNOW WHERE I belong.

sábado, 28 de abril de 2018

Literatura é coisa seríssima!

A literatura é o alimento do cérebro e combustível da alma. Indivíduos que leem constroem um país melhor. Um país que lê é uma nação harmônica e respeitada por outras nações.

Por isso, o declínio dos índices de leitura no Brasil são muito preocupantes.  Citarei algumas palavras de autores consagrados mundialmente e se isso não for o bastante para preocupar você também, não sei o que mais pode ser.

“A estrutura da língua que uma pessoa fala influencia a maneira como esta pessoa percebe o universo”. (Vygotsky)

“A pessoa que não lê não tem vantagem sobre a pessoa que não sabe ler”. (Mark Twain)

"A literatura é um assunto sério para um país, pois é, afinal de contas, o seu rosto". (Louis Aragon)

“Um país se faz com homens e livros”. (Monteiro Lobato)


"O declínio da literatura indica o declínio de uma nação". (Goethe)



sexta-feira, 27 de abril de 2018

O que tenho visto, ouvido e lido

Filme
Greystoke - A lenda de Tarzan, um dos filmes mais brilhantes que já fizeram. Ele resume tudo sobre: o que é o ser humano, sua relação destruidora com a natureza, como é o processo de aprendizagem de uma língua e a introdução ao mundo humanizado (a educação) e os dilemas desse processo, entre outras questões antropológicas e filosóficas. Trata-se de um drama inteligente. Além disso, a trilha sonora instrumental é divina e os efeitos visuais são da época em que a computação gráfica não era usada no cinema como hoje. E é maravilhoso ver aqueles macacos/atores sem nenhuma computação gráfica, ver o real, o presencial, o analógico, como era antigamente. Para você que está achando que o cinema atual é o suprassumo das artes visuais, vai se surpreender. E para você que, como eu, já está enjoado de tanta computação gráfica, vai se deliciar. Já conheço esse filme desde a minha infância, vi várias vezes e revi recentemente, para a minha felicidade.

Série
Merlí - disponível na Netflix, uma série catalã sobre um professor de filosofia que vai lecionar na escola de seu filho. Cada episódio tem como título o nome de um filósofo ou uma corrente filosófica. A narrativa é centrada nas aulas desse professor, sua vida e conflitos com os paradigmas educacionais, além das vidas dos adolescentes que frequentam suas aulas. Todas as personagens vivem dramas pessoais e não há uma fórmula moral perfeita a ser ensinada e seguida. Cada qual está "levando a vida" do modo como pode e consegue.

Música
Interpol - banda nova-iorquina que faz parte do movimento Post-Punk Revival (início dos anos 2000). O baterista e o baixista são ótimos, sempre fazem um trabalho irretocável. O mesmo vale para as harmonias criadas pelos dois guitarristas da banda. Eles fogem dos riffs de blues que às vezes cansam por serem repetitivos e fazem algo diferente, tocando suas guitarras como se fossem instrumentos de orquestra, fazendo riffs sinfônicos ou imitando sons da natureza, e principalmente, sons urbanos, como sirenes (de polícia). Não estou falando de uma banda que mistura rock e música erudita, longe disso. Falo de uma banda que soa como indie rock, com melodias bonitas e harmonias muito cativantes.
  
Leitura
O livro do desassossego (Fernando Pessoa). Estou relendo partes dessa grande obra ainda pouco conhecida, que na minha opinião, merecia mais citações. Fiz uma postagem detalhada sobre esse livro aqui (segue o link):

quarta-feira, 28 de março de 2018

A língua tem dessas coisas...





























A ideia

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.

(Augusto dos Anjos)



O importante é comunicar-se bem. Isso requer esforço e empatia do locutor e do interlocutor, o bom uso do código e o bom entendimento deste, a funcionalidade do canal, o contexto, as escolhas e a atenção ao retorno (feedback).

quinta-feira, 22 de março de 2018

Debates vazios

Quando alguém veste a camisa de um clube de futebol a racionalidade e o senso crítico são apagados, a pessoa pensa e defende apenas as cores de seu time, mesmo estando errada.

Geralmente, isso também acontece quando alguém adota uma ideologia, partido ou causa política. No lugar de haver um diálogo honesto entre ideias, passa a existir uma disputa de egos, um debate retórico no qual um indivíduo pretende apenas vencer o outro, não se importando em ao menos escutar as ideias de seu interlocutor.

Quando paramos de ouvir as antíteses que desafiam as nossas crenças, nós saímos perdendo, pois são as ideias contrárias que enriquecem nossas crenças, ou as reformulam, transformam e até destroem, possibilitando a evolução das próprias crenças. Não devemos nos fechar à dialética.

O Brasil vive um período estranho e dicotômico entre ideias extremas. Nenhum dos lados se propõe a ouvir o outro, cada extremo é dono de sua própria verdade e impô-la ao outro lado é a meta.

Faltam honestidade, racionalidade e imparcialidade nos debates políticos. E a propagação de informações falsas nas redes sociais é outro exemplo de como o uso do bom senso parece obsoleto perante a velocidade com que se propagam notícias falsas.





domingo, 11 de março de 2018

Clássicos para adolescentes, sem adaptações

Professores,

Façam a experiência de apresentar aos seus alunos os textos ditos "clássicos", aqueles cânones da filosofia e literatura (brasileira, portuguesa e mundial) dos autores mais aclamados. É precisamente isto uma das coisas que mais fazem falta na educação contemporânea para melhorar a qualidade de leitura e compreensão de textos dos estudantes, e até aumentar o interesse deles.

Pressupor e presumir antes da experiência são erros! Não presumam que isso será difícil para seus alunos. Guiem e orientem a compreensão textual inicialmente, depois, com o tempo, eles aprenderão a ler sozinhos e a dar valor a essas obras, daí buscarão outras por eles mesmos. Vocês verão a melhora no diálogo, no comportamento, na leitura e na escrita em pouco tempo!

E, principalmente, deem poesia aos seus alunos.

Outra coisa: se tiveram a oportunidade, levem seus alunos para presenciar um concerto ao vivo, ou tragam a orquestra até a escola. Sem dúvida, será uma experiência que, no mínimo, marcará positivamente seus alunos por toda a vida!

O contato com os clássicos literários e musicais pode mudar vidas, transformar, provocar reflexões, alegrar, e acima de tudo, certamente, inspirar.