quarta-feira, 22 de maio de 2024

I'm Only Sleeping - tradução

Canção: I'm only sleeping
Autoria: The Beatles
Álbum: Revolver
Ano: 1966

Quando acordo cedo de manhã,
Levanto a cabeça, ainda bocejando.
Quando estou no meio de um sonho.
Fico na cama, flutuando.

Por favor, não me acorde.
Não, não me balance,
Deixe-me onde estou,
Eu estou apenas dormindo.

Todo mundo parece me achar um preguiçoso.
Eu não ligo, acho que eles são loucos!
Correndo por toda parte a tal velocidade
Até eles descobrirem que não há necessidade.

Por favor, não estrague meu dia,
Estou a quilômetros de distância.
E depois de tudo,
Estou apenas dormindo.

De olho no mundo que passa pela minha janela,
Dando um tempo.
Deitado ali e olhando para o teto,
Esperando o sono chegar.



Obs:
A composição é majoritariamente [ou completamente] de John Lennon.

Lembrando que toda tradução é uma traição. O correto é entender o texto no seu idioma original.


Curiosidade:

O solo de guitarra tocado por George Harrison está ao contrário, propositalmente, para criar o efeito que se ouve na música. Ele tocou a sua guitarra normalmente, mas sabendo como a melodia soaria ao contrário. Isso é genial! 




terça-feira, 21 de maio de 2024

Deserto

 Existem desertos de areia, de sal e de neve. Nesta postagem, o foco é sobre o primeiro.

Tanto na literatura quanto como arquétipo psicológico, o deserto pode representar solidão [ou isolamento proposital]. No aspecto da sobrevivência, pode significar vida penosa, perigo de morte, escassez de vida e falta de recursos para manter a vida. Por outro lado, de forma mais profunda, também pode simbolizar mistério, romantismo [no sentido popular], silêncio, meditação, uma jornada de autoconhecimento [e desafios], o passado remoto e a vida nômade.

O Saara é o deserto mais famoso do mundo. Localizado no norte da África, se estende do Marrocos ao Egito. Boa parte dele já foi mar há milhões de anos. Em Wadi al Hitan [Vale das Baleias] foram encontradas conchas do mar e até fósseis desse cetáceo gigante. Hoje o lugar é aberto à visitação e tem um museu que conta a história evolutiva desse incrível animal.


Fóssil de baleia em Wadi al Hitan - Egito (fonte: Wikipedia)










Fóssil de baleia em Wadi al Hitan - Egito (fonte: Wikipedia)











O Deserto Preto (Black Desert)

Sua formação rochosa é de origem vulcânica e a isso se deve a cor preta. Mas hoje em dia, todos os vulcões lá estão extintos. Em aparência, lembra outro planeta, como em fotos que vemos da superfície de Marte.

Deserto Preto: vulcões extintos.






















Black Desert, Egito (fonte: PLenglish).










Superfície do planeta Marte (fonte: NASA).













O Deserto Branco (White Desert)

Possui pedras de vários formatos que, na imaginação, lembram formas de animais. Essas pedras foram esculpidas naturalmente pelo tempo.

Caminho para o Deserto Branco.





















Pedra chamada de "O ovo e a galinha".







































Pedra com formato que lembra um coelho.








































O Black Desert e o White Desert são atrações do Egito. Turistas de todo o mundo fazem passeios guiados e acampamentos nessa região, vislumbrando uma experiência de vida beduína.

Além das paisagens diurnas, a noite oferece a chance imperdível de fazer ótimos registros do céu, especialmente para os amantes da astrofotografia. Não há poluição luminosa, o deserto fica a mais ou menos 4 horas de carro da cidade mais próxima. Além disso, no Egito raramente chove, então as chances de nebulosidade são mínimas. 


Céu noturno no Deserto Branco (fonte: Ootlah)

















O nascer e o pôr do sol também são momentos excelentes para fazer belíssimos registros fotográficos.

Deserto Branco (fonte: Magnificent World)


























Pôr do sol no Deserto Branco.










































As paisagens desérticas não requerem muita explicação para a sua beleza poética e filosófica. As imagens desoladas falam por si só, enquanto visões de oásis e caravanas de camelos acrescentam riqueza imagética a um cenário que tanto inspira obras de arte, desde desenhos animados [Pica Pau me vem à memória] até clássicos da literatura como As Mil e Uma Noites.

Dica de livro: O Homem Que Calculava (Malba Tahan) - obra que deveria ser obrigatória em todas as escolas do mundo! E em segundo lugar, recomendo a leitura de As Mil e Uma Noites.

Dica de filme: Lawrence da Arábia

Dica de série: O Jovem Indiana Jones (gratuito no You Tube)

Dica de música, segue abaixo:


Canção de Marcel Khalife intitulada "My Mother"


Assista também a uma excelente análise da megaprodução Lawrence da Arábia, obra-prima cinematográfica:


sexta-feira, 3 de maio de 2024

O fazendeiro, o capataz e o agricultor

Três homens estavam na lavoura fazendo a conferência da produção de uvas: o rico fazendeiro, o bravo capataz e um pobre agricultor.

Quando regressaram do campo, presenciaram uma cena jamais imaginada por qualquer um. Toda a cidade tinha sido coberta pelas cinzas do vulcão próximo dali. A erupção acontecera há uns 10 dias, mas ainda havia pequenos focos de chamas sobre as cinzas.

Todas as casas estavam aparentemente destruídas. Não se via nenhuma residência, nem ruas. Tudo estava enterrado. Era impossível haver sobreviventes abaixo das cinzas e brasas ainda quentes.

Ao constatar que perdera a sua mansão e tudo dentro dela, o fazendeiro sentiu-se irado. "Não, não, não", gritava o fazendeiro. Então ele disse ao capataz: "Manda o agricultor ir às minhas terras e colocar fogo em todo o vinhedo, agora tenho apenas ódio e destruição no coração". E o fazendeiro jurou que a partir daquele momento seria o homem mais terrível do mundo. Que por onde passasse, levaria destruição e cinzas. E esbravejando a sua ira, caminhava sobre as cinzas que cobriam a cidade. Mas pisou num lugar oco que rompeu como um alçapão. E subitamente o fazendeiro atravessou por um solo maleável de cinzas, e caiu sobre um resto de lava incandescente. Em poucos minutos, ele era apenas carvão, depois cinzas, depois pó; que o vento levou. O rico fazendeiro não aceitou o destino, e foi consumido por ele.

O capaz nem teve tempo de cumprir as ordens do fazendeiro. Ele lamentava muito ter perdido o tanto que construíra. Mas lamentava ainda mais ter perdido toda a sua família. Então ele disse: "Agora tenho apenas tristeza no meu coração". E ele se deitou sobre as cinzas. E enquanto chorava no solo, uma nevoa fina de gazes tóxicos do vulcão se aproximou dele e o envenenou. E com o tempo as cinzas cobriram o seu corpo, transformando-o em uma estátua, eternizando a sua tristeza. O bravo capataz aceitou o seu destino, e foi paralisado por ele.

O agricultor teve um momento de revolta. Afinal, as poucas posses que perdera significavam muito para ele. E permitiu-se ter um dia de tristeza. Sofreu o luto por sua família soterrada nas cinzas. Mas ele, acostumado a trabalhar de sol a sol, e vendo uma pequena labareda sobre alguns galhos carbonizados, lembrou-se do Sol. Ele se deu conta de que o Sol parece um pequeno disco de fogo, mas que ilumina toda a imensidão de terra que os olhos podem ver. A Terra, portanto, deveria ser muito pequena em relação ao Sol, que devia estar muito distante. Do mesmo modo, pensou ele, os problemas de um  homem deviam ser muito pequenos comparados aos problemas de todo o mundo.

Então, o pobre agricultor reinventou-se diante do destino. Mudou-se de lá, construiu uma nova casa, melhor do que aquela que ele perdera, construiu uma nova família e tornou-se o imperador de seu próprio destino. Ainda que vivesse de forma humilde, tendo muito pouco, nada lhe faltava, incluindo a  felicidade, porque ele era rei de suas próprias mãos, que trabalham e constroem tudo do que ele precisa. Ele era o rei de seus próprios olhos, e de como deveria encarar os fados da vida. Ele era o rei de seu próprio coração, e portanto, dos sentimentos que deveria cultivar, para ter uma boa colheita.














Renan, blog Interlúdico, 03/05/2024