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sábado, 26 de agosto de 2023

BRICS

Velha Ordem Mundial: colonialismo e imperialismo [um ganha, outro perde].

Nova Ordem Mundial: cooperação multilateral [todos os envolvidos ganham].


Observando o mapa-múndi da esquerda para a direita, em laranja, vemos: Brasil, África do Sul, Rússia, Índia e China. São os países fundadores.

E da esquerda para a direita em amarelo temos: Argentina, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. São os novos membros anunciados em 24 agosto de 2023. 













O bloco agora é formado por mais da metade da população mundial. 


Produção de destaque nas áreas de:

  • agricultura e pecuária

Destacam-se China, Brasil, Argentina e Egito.


  • aeronáutica

Cito os caças da Rússia e do Brasil (EMBRAER).


  • energia nuclear

Destacam-se mundialmente a Rússia e a China.


  • informática

China e Índia lideram a produção mundial de equipamentos e o fornecimento de serviços. 


  • tecnologia no setor bancário e no pleito eleitoral
Nessas áreas, o Brasil é o país mais avançado do mundo, em rapidez e segurança.


  • mineração 

A África do Sul destaca-se na mineração de vários metais preciosos para uso na tecnologia de ponta.


  • energia solar

China [líder mundial]. Índia e Brasil estão entre os 10 países que mais produzem energia solar.


  • energia eólica (ventos)

China [líder mundial]. A Índia está em 4º e o Brasil em 8ª lugar.


  • petróleo e gás

O Bloco possui alguns dos maiores produtores mundiais: 2º Arábia Saudita, 3º Rússia, 6º China, 7º Emirados Árabes Unidos, 8º Irã, 9º Brasil. 

A Índia é o 25º, a Argentina o 26º e o Egito o 27º.


  • exploração do espaço

Em 23 de agosto de 2023 a Índia conseguiu pousar com sucesso no polo sul da Lua. Isso é um feito inédito e histórico na exploração espacial.

A China possui uma estação espacial em órbita da Terra, além de várias missões incluindo a Lua e Marte.

A Rússia tem um longo e invejável histórico de exploração espacial.


Curiosidade: turismo

Dos BRICS, os países mais visitados são:

China + Hong Kong + Macau [1º no mundo]

Rússia [16º no mundo]

Índia 22º [no mundo]

Emirados Árabes Unidos [26º no mundo]

Arábia Saudita [31º no mundo]

Egito [36º no mundo]

África do Sul [38º no mundo]

Argentina [44º no mundo]

Irã [46º no mundo]

* O Brasil não fica entre os 50 países mais visitados no mundo.


O bloco está prestes a lançar uma moeda própria, eliminando assim a dependência do dólar. Esse é um passo revolucionário que favorecerá muitíssimo a economia desses países.


Fontes
Para consulta do ranking em energia solar: UOL
Para consulta em energia eólica: Wikipédia (em português)
Para consulta dos maiores produtores petrolíferos: Wikipedia (in english)
Para consulta dos países que recebem mais turistas: worldpopulationreview e Wikipedia em inglês

sábado, 27 de maio de 2023

Diferenças entre cultura grega e romana

Olhando para a Roma antiga vemos muito da cultura etrusca e também dos antigos gregos. Mas Roma, além de fagocitar a arte de povos vizinhos, desenvolveu e gerou sua própria arte. 

A seguir apontarei algumas diferenças de destaque na cultura romana.


Na arquitetura e urbanismo   

Grécia (Hellás)

Roma (SPQR)

Pilar e dintel


 
Templos com colunas. Ex: Partenon.
 

Ágora
 

Teatro.
 

Arcos triunfais e aquedutos.


 
Construções com abóbadas e domos. 
Ex: Panteão.
 

Fórum
 

Anfiteatro. Ex: o Coliseu de Roma e a Arena de Verona.
 

Além disso: mausoléus e sistema de esgoto.

 


 Na escultura, pintura e mosaico

Grécia (Hellás)

Roma (SPQR)

Nudez atlética de deuses e semideuses.

 

Mito, fantasia.

Bustos de imperadores.

 

Realismo.

 


Religião, política e literatura

Grécia (Hellás)

Roma (SPQR)

Paganismo, politeísmo.
(Zeus)


Democracia

 

Filosofia e retórica.

  

Três epopeias:
Teogonia;
ILIADA;
Odisseia.

 

Poesia lírica: idealização.



Teatro: tragédia e comédia [atores].

 


Noções de ateísmo.

Paganismo, politeísmo.
(Júpiter)


República, senado

 

Direito e oratória.

  

Uma epopeia:
Eneida.

 

 


Poesia lírica: pragmatismo.



 Pão e circo [gladiadores].

 


Cristianismo original.


Muito do que se via na Grécia antiga via-se também na Roma antiga. Mas assim como a Grécia, Roma também acrescentou muitas novidades ao mundo. O nosso modo de vida atual tem sua origem nessas culturas.

Por sua vez, Grécia e Roma tiveram influência de culturas mais antigas, como Egito e Fenícia.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Soneto dos pensadores livres

 
A psicologia do egoísmo
É simples mania de narcisismo.
Egoísmo racional é ilusão
Que em nada tem a ver com a Razão.
 
A verdadeira sabedoria,
Contrária ao ego e à anarquia,
É construída coletivamente,
Libertando-nos individualmente.
 
O livre pensador só pode viver
Quando não carrega o duro pesar
De nos ombros o mundo sustentar.
 
E livre este mundo só pode ser
Se pensadores livres caminharem
Sem egoístas que os amarrem.


 
Renan, agosto de 2022.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Debates vazios

Quando alguém veste a camisa de um clube de futebol a racionalidade e o senso crítico são apagados, a pessoa pensa e defende apenas as cores de seu time, mesmo estando errada.

Geralmente, isso também acontece quando alguém adota uma ideologia, partido ou causa política. No lugar de haver um diálogo honesto entre ideias, passa a existir uma disputa de egos, um debate retórico no qual um indivíduo pretende apenas vencer o outro, não se importando em ao menos escutar as ideias de seu interlocutor.

Quando paramos de ouvir as antíteses que desafiam as nossas crenças, nós saímos perdendo, pois são as ideias contrárias que enriquecem nossas crenças, ou as reformulam, transformam e até destroem, possibilitando a evolução das próprias crenças. Não devemos nos fechar à dialética.

O Brasil vive um período estranho e dicotômico entre ideias extremas. Nenhum dos lados se propõe a ouvir o outro, cada extremo é dono de sua própria verdade e impô-la ao outro lado é a meta.

Faltam honestidade, racionalidade e imparcialidade nos debates políticos. E a propagação de informações falsas nas redes sociais é outro exemplo de como o uso do bom senso parece obsoleto perante a velocidade com que se propagam notícias falsas.





sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Abordagens Humanas

Abordagens que explicam o ser humano internamente (seus desejos e angústias):
- As artes;
- As psicologias;
- A psicanálise.

Abordagens que explicam o ser humano externamente (relações comunitárias e políticas):
- A filosofia;
- As ciências sociais (sociologia e antropologia);
- A história.



As abordagens externas, para serem mais bem sucedidas, devem passar antes pelas abordagens internas. Isto porque o ser humano não é apenas "fruto do meio", mas o resultado dialético (síntese) entre o interior e o exterior.

Para entender as motivações humanas e a obra de um indivíduo ou de uma sociedade, deve-se antes analisar a subjetividade exteriorizada no meio. Essa subjetividade humana é o motor que impulsiona a chamada "contextualização histórica" da qual todos somos cúmplices e vítimas.



domingo, 1 de dezembro de 2013

Tabu versus pensamento livre



Tabu versus mártires ou condicionamento versus transgressão: uma breve análise sobre o pensamento livre.


Sigmund Freud em sua obra Totem e Tabu fez uma importante contribuição à antropologia e à psicologia social. O tabu é um dos códigos morais mais antigos que regem a sociedade, portanto, essa obra é leitura recomendada para quem procura entender a relação entre padrões de comportamento e a organização social. Outra importante obra de Freud no campo social é Psicologia das Massas e a Análise do Eu. De acordo com o pai da psicanálise, a transgressão de um tabu conduz o transgressor à sua expulsão do grupo ou a uma punição imposta pelo grupo do qual o transgressor faz parte. Entre as sociedades primitivas, acreditava-se que deste modo evitar-se-ia que uma maldição recaísse sobre todo o grupo. Esse princípio pode ser observado em todos os grandes primatas que se organizam em bando e constituem hierarquias, como gorilas, chimpanzés, babuínos e os seres humanos. A punição ou expulsão do indivíduo transgressor é o primórdio do moderno Direito Penal.

Tanto Freud quanto o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss demonstram que a organização social em torno de uma Lei teve início em sociedades primitivas a partir da proibição do incesto. Desde então outros tabus surgiram e evoluíram em sua complexidade. Resta saber quanto de nosso instinto primata permanece a nos determinar e se há possibilidade de termos um pensamento livre e original apesar de todo o condicionamento biológico e psíquico que sofremos.

Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates foi condenado à morte, acusado de corromper a juventude ateniense e ser ímpio perante os deuses. Sócrates não escreveu nada, tudo o que sabemos sobre ele vem dos textos escritos por seus discípulos. Nem mesmo há provas de que ele realmente tenha existido. Ainda assim, sua história é um dentre muitos exemplos da punição que recai sobre aquele que transgride um tabu. Mas que tabu Sócrates transgrediu?

Ao questionar todo conhecimento vigente em sua época, Sócrates atraiu a atenção dos jovens e colocou em discussão a autoridade de seus interlocutores, atraindo a ira destes para si. Entre os gorilas, quando o macho-alfa tem sua autoridade questionada, ele expulsa ou mata o seu rival. Analogamente, os acusadores de Sócrates eram homens que tinham muito a perder com aquele filósofo ensinando os jovens a pensar por eles mesmos e a questionar o saber dos mais velhos. Logo, Sócrates foi julgado, preso e executado. Ele não transgrediu necessariamente um tabu moral, mas ensinava seus discípulos a pensar por si só, o que leva, com o tempo, ao questionamento de certas Leis, princípios morais, tabus e dogmas.

Em todas as manifestações artísticas ao longo da história há exemplos de incompreensão, censura e perseguição, tanto para o artista que rompeu paradigmas formais quanto para aquele que, em sua arte, ousou questionar um tabu. O exemplo de Sócrates talvez sirva para entender a história de vários outros mártires, como Gandhi. Considerando todo o condicionamento que historicamente sofremos, talvez não seja exagero dizer que o pensamento livre é uma anomalia da espécie, um desajuste mental que leva um indivíduo a ser criativo e destacar-se da massa. Em pouco tempo esse indivíduo passa a ser visto como subversivo. Seu instinto de autopreservação não funciona como na maioria. Ele desafia a si mesmo e arrisca sua segurança em nome de um ideal que afirma ser maior que ele mesmo. Sócrates dizia ouvir uma voz interior, Gandhi seguia princípios religiosos, outros se tornaram mártires ao defenderem com a vida uma ideologia política. Logo, o pensamento livre é possível, mas, às vezes, cobra um preço muito alto daquele que ousa pensar.


Sócrates entre seus discípulos como no livro Fédon.

Resumo aos estudantes: política, economia e sociedade



1- Formas de governo

Clã: A família é o núcleo de toda e qualquer sociedade. Na tradição, a família é formada por um pai, uma mãe e seus descendentes naturais. Várias famílias reunidas, convivendo juntas, formam um clã.

Tribo: A tribo é formada por vários clãs que juntos fazem suas leis, justiça e se auto-governam. As pessoas dividem as tarefas e em algumas tribos os bens também são comunitários. Elas têm em comum a língua e as crenças religiosas, mas não formam um Estado com poder central. Podem ter um chefe tribal, mas as decisões são tomadas em conjunto com toda a tribo.

Monarquia: As monarquias têm reis, príncipes ou imperadores como os donos do poder e este poder é hereditário. A fonte do poder dos reis é baseada no "direito divino". Na monarquia parlamentarista o rei não detém o poder político, este fica a cargo do Primeiro Ministro. O rei então se torna apenas um símbolo do Estado.

República: Sistema que se opõe à monarquia. Na república não existe monarca, mas existe um Estado com poder centralizado. O poder “emana do povo”. A república pode ser presidencialista (com presidente eleito diretamente pelo povo) ou parlamentarista (com um Primeiro Ministro eleito pelo parlamento que representa o povo).


2- Práticas políticas

Autocracia: Uma pessoa sozinha governa as massas, dita as leis e as muda conforme a sua vontade.

Oligarquia: Um grupo restrito de pessoas governa as massas, dita as leis e as muda conforme a vontade daquele mesmo grupo que detém o poder.

Essas duas práticas (ditatoriais) podem se apresentar com:

a) Autoritarismo: É uma ditadura exercida por uma pessoa (autocracia) ou um grupo (oligarquia). Não conta com o apoio das massas.

b) Totalitarismo: É uma ditadura (autocrática ou oligárquica) na qual há uma ideologia ou um objetivo maior por trás de todo o poder. Geralmente conta com o apoio das massas, sugerindo uma união entre os indivíduos em prol de todos.

Democracia: Os cidadãos fazem as leis, a justiça e governam por eles próprios (democracia direta) ou por meio de seus representantes eleitos (democracia representativa). O ideal de democracia é opor-se à ditadura, mas a democracia também pode ser entendida como “ditadura da maioria” ou “ditadura constitucional” (ditadura das Leis).


3- Ideologias

Ideologias de Direita: São aquelas que tentam manter a ordem social vigente, isto é, manter os privilégios de uma elite (portanto, são ideologias conservadoras). Pregam o liberalismo econômico (livre concorrência) e acreditam na “méritocracia”.

Ideologias de Esquerda: São aquelas que tentam extinguir as diferenças entre classes sociais (portanto, são revolucionárias). Reivindicam a justiça social fundamentada em princípios como a igualdade.


Fascismo/Nazismo: Foram autocracias (ditaduras) totalitárias (com apoio das massas) e nacionalistas. No plano político, se opuseram tanto à monarquia quanto à democracia. No plano econômico, se opuseram tanto ao capitalismo quanto ao comunismo. São consideradas como ideologias de extrema-direita.


4- Sistemas econômicos

a) Relações entre Estados

Mercantilismo: Uma metrópole controla toda a economia de uma ou mais colônias. As colônias não possuem autonomia econômica nem política.

 Imperialismo: As colônias possuem alguma autônima política (uma pequena parcela de poder delegada a um representante regional), porém subordinada a um outro Estado. No plano econômico as colônias não possuem nenhuma autonomia.

O Mercantilismo e o Imperialismo são os “embriões” do capitalismo moderno e do “liberalismo econômico”.


b) Relações entre pessoas (classes sociais)

Feudalismo: O senhor feudal é proprietário de uma terra (meio de produção) onde os servos (sem terra) trabalham para ele. A produção econômica é para a subsistência, o senhor feudal ganha a maior parte enquanto a menor parte é dividida entre os trabalhadores. Não há possibilidade nenhuma de mobilidade social. Se baseia no “direito divino”.

Capitalismo: sistema econômico que se baseia no liberalismo econômico, o qual prega a livre competição entre trabalhadores, o livre comércio de mercadorias sem interferência do Estado e principalmente a propriedade privada. O capitalismo pode ser democrático ou ditatorial. Em qualquer caso, o capitalismo é marcado pela concentração de renda, formando uma “pirâmide social”. A sociedade consequentemente é dividida em classes (da mais rica às mais pobres) e é caracterizada pela contradição entre burguesia (donos dos meios de produção) e proletariado (trabalhadores sem posses). Segue uma lógica semelhante ao Feudalismo, porém, no capitalismo há alguma (pequena) mobilidade social e a relação produção-consumo é estimulada. O capitalismo não se baseia no “direito divino”, mas num direito adquirido, acreditando na “méritocracia”.

Socialismo: É chamado também de “ditadura do proletariado”. Opõe-se à desigualdade social gerada no capitalismo, opondo-se principalmente ao liberalismo econômico e à propriedade privada (de terras e indústrias). O socialismo é um movimento revolucionário (prega a mudança radical) do sistema político-econômico. É uma forma de totalitarismo. A contradição não é mais entre burguesia e proletariado, mas entre Estado e povo. A propriedade passa a ser do Estado e as pessoas trabalham para o Estado.

Comunismo: Seria a última etapa do Socialismo na qual o Estado não mais existiria e as pessoas trabalhariam em cooperativas. É uma tentativa radical de eliminar as contradições políticas e desigualdades sociais de outros sistemas.

Anarquia: Ausência de Estado (ausência de poder centralizado). É o auto-governo do povo (sem representantes). Também é chamado de “socialismo libertário”, contudo, acredita em atingir o comunismo sem passar pela etapa do socialismo.

Social-Democracia: Seria um Estado que combina um capitalismo democrático com políticas sociais típicas do socialismo (educação e saúde para todos independentemente de classe social). Não é revolucionário, mas reformista, isto é, tenta diminuir os impactos negativos do capitalismo sem extingui-lo.


5- Alguns teóricos e obras

Platão – Sintetiza suas ideias gerais na obra “A República”.

Dante Alighieri – Apresenta suas ideias políticas na obra “Da Monarquia”.

Maquiavel – Teoriza sobre o poder na obra “O Príncipe”.

Thomas Hobbes – É um teórico do contrato social. Sua principal obra é “O Leviatã”.

Montesquieu – Sistematizou a divisão dos poderes: executivo, legislativo e judiciário. Uma de suas obras mais importantes é “O Espírito das Leis”.

Adam Smith – Defendeu o liberalismo econômico na obra “A riqueza das Nações”.

Karl Marx – É um teórico do socialismo científico. Fez críticas ao capitalismo em “O Capital” e “O Manifesto do Partido Comunista” e em muitas outras de suas obras.

Bakunin – Foi um anarquista teórico. É uma referência para pensadores atuais como o linguísta Noam Chomsky.

Proudhon – Foi um anarquista teórico. Fez críticas à propriedade privada.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Resenha do livro “Jacques Derrida: literatura, política e tradução”






















FICHA TÉCNICA

Título: Jacques Derrida: literatura, política e tradução
Autor: Marcos Siscar
Editora: Autores Associados
Ano: 2013


Travar contato com o trabalho de Jacques Derrida, um dos filósofos mais polêmicos do séc. XX, é imanente a qualquer professor/pesquisador das áreas humanas, em especial das Ciências Sociais, Literatura e Língua. Este livro apresenta três assuntos que foram objeto de reflexão do filósofo franco-argelino: crítica literária, política e teoria da tradução, três grandes temas que conversam entre si.

O autor é Marcos Siscar, que já havia publicado na França "Jacques Derrida: Rhétorique et philosophie" (1998) sobre o qual Derrida afirmou: "É de uma lucidez, de uma força e de uma novidade sem iguais. Ninguém fez isso ainda". Marcos Siscar é graduado em Letras, doutor em Literatura Francesa pela Universidade de Paris e pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (2003) e Collège International de Philosophie (2008), além de livre-docente (2005). Hoje é professor do departamento de Teoria Literária da Unicamp, pesquisador do CNPq, tradutor e poeta. O belo prefácio é de Mauricio Mendonça Cardozo, graduado em Letras, mestre em Língua e Literatura Alemã e pós-doutor pela Faculdade de Estudos da Tradução da Universidade de Mainz (Germersheim, 2013).

O livro é uma revisão especializada sobre o pensamento de Derrida com enfoque nos três temas citados no título. Como não poderia deixar de ser, a desconstrução é abordada pelo autor. Não obstante, é uma obra composta de artigos que tratam estritamente da filosofia de um pensador do pós-estruturalismo e pós-modernismo, logo, um pensador por vezes tido como hermético, prolixo; de uma reflexão efêmera, relativista, inconclusiva, o que pode desagradar ao leitor desavisado. Por esta razão, a editora e a obra foram felizes ao direcionarem-se a um nicho de leitores acadêmicos, ainda que a leitura estenda seu convite a curiosos da crítica derridiana.

sábado, 18 de maio de 2013

A redução da maioridade penal no Brasil

Tenho observado os jornais, telejornais e programas de TV fazendo campanha implícita (propaganda ideológica) pela redução da maioridade penal. Como de costume, a mídia se apega a um tema menor e explora-o de maneira irresponsável. Antes de discutir essa proposta, ela deveria discutir as causas que levam tantos jovens ao crime.

Sei que a violência não se justifica, mas ela pode ser explicada. Eu vejo como as suas principais causas:
1- saúde e condições de vida precárias;
2- falta de oportunidades reais (o que leva à falta de perspectivas);
3- educação prioritariamente mercadológica, voltada para um mercado de trabalho competitivo e excludente;
4- cultura consumista que coisifica o homem e fetichiza os bens de consumo (cultura esta que é alimentada pela própria mídia).

Depois, a mídia não discute as consequências dessa proposta. Tendo em vista o atual sistema carcerário brasileiro (e a nossa Excelentíssima Justiça brasileira), prender um adolescente graduado no crime equivale a oferecer-lhe a bolsa de pós-graduação do crime. Esta ele cumprirá (na prática) em 5 anos (ou menos), depois disso, estará de volta às ruas, não integrado à sociedade, mas exercitando nas ruas táticas que aprendeu e aperfeiçoou na cadeia.

O comportamento humano é influenciado pelo meio. Quando moradia, alimentação, saúde e lazer são privilégios (e não direitos), o instinto de autopreservação faz a vida se tornar uma luta (violenta) pela sobrevivência. Qualquer um (até você) vivendo em condições precárias é um criminoso em potencial. Logo, se você realmente se preocupa com a violência, deveria antes se preocupar em como promover justiça social.

Não espere que os políticos façam isso por nós. A prioridade da política (e da polícia) não é zelar pelo bem coletivo, mas pelo bem privado. Nesse sistema de valores invertidos, a Justiça cumpre seu papel torpe criando novos presos políticos, isto é, vítimas da política brasileira. São eles os historicamente excluídos, pessoas cujas vidas foram banalizadas pelo sistema. Por isso, também não defendo a pena capital, eles seriam suas únicas vítimas.

Sou a favor da redução da maioridade penal, mas antes, sou a favor de uma sociedade que não precise chegar a tal extremismo. De que adianta tratar das consequências se não tratarmos também das causas? Se nossa sociedade educa as crianças para se transformarem em criminosos, esta sociedade está doente (a apatia e intolerância da sociedade atual já denotam uma sociopatia coletiva). Nessa conjuntura, com cadeias superlotadas e criminosos sendo fabricados a cada dia, a redução da maioridade penal seria inútil, isto é, não funcionaria nem como um paliativo. Prefiro antes defender ações preventivas e, paralelo a isso, um sistema que recupere (resgate) aqueles que se perderam no caminho. Isso se faz criando uma sociedade igualitária e inclusiva, promovendo uma Educação comprometida a ensinar a empatia e o altruísmo como as maiores virtudes humanas (sem essas virtudes, não há nem como se falar em respeito à individualidade).