quarta-feira, 28 de março de 2018

A língua tem dessas coisas...





























A ideia

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.

(Augusto dos Anjos)



O importante é comunicar-se bem. Isso requer esforço e empatia do locutor e do interlocutor, o bom uso do código e o bom entendimento deste, a funcionalidade do canal, o contexto, as escolhas e a atenção ao retorno (feedback).

quinta-feira, 22 de março de 2018

Debates vazios

Quando alguém veste a camisa de um clube de futebol a racionalidade e o senso crítico são apagados, a pessoa pensa e defende apenas as cores de seu time, mesmo estando errada.

Geralmente, isso também acontece quando alguém adota uma ideologia, partido ou causa política. No lugar de haver um diálogo honesto entre ideias, passa a existir uma disputa de egos, um debate retórico no qual um indivíduo pretende apenas vencer o outro, não se importando em ao menos escutar as ideias de seu interlocutor.

Quando paramos de ouvir as antíteses que desafiam as nossas crenças, nós saímos perdendo, pois são as ideias contrárias que enriquecem nossas crenças, ou as reformulam, transformam e até destroem, possibilitando a evolução das próprias crenças. Não devemos nos fechar à dialética.

O Brasil vive um período estranho e dicotômico entre ideias extremas. Nenhum dos lados se propõe a ouvir o outro, cada extremo é dono de sua própria verdade e impô-la ao outro lado é a meta.

Faltam honestidade, racionalidade e imparcialidade nos debates políticos. E a propagação de informações falsas nas redes sociais é outro exemplo de como o uso do bom senso parece obsoleto perante a velocidade com que se propagam notícias falsas.





domingo, 11 de março de 2018

Clássicos para adolescentes, sem adaptações

Professores,

Façam a experiência de apresentar aos seus alunos os textos ditos "clássicos", aqueles cânones da filosofia e literatura (brasileira, portuguesa e mundial) dos autores mais aclamados. É precisamente isto uma das coisas que mais fazem falta na educação contemporânea para melhorar a qualidade de leitura e compreensão de textos dos estudantes, e até aumentar o interesse deles.

Pressupor e presumir antes da experiência são erros! Não presumam que isso será difícil para seus alunos. Guiem e orientem a compreensão textual inicialmente, depois, com o tempo, eles aprenderão a ler sozinhos e a dar valor a essas obras, daí buscarão outras por eles mesmos. Vocês verão a melhora no diálogo, no comportamento, na leitura e na escrita em pouco tempo!

E, principalmente, deem poesia aos seus alunos.

Outra coisa: se tiveram a oportunidade, levem seus alunos para presenciar um concerto ao vivo, ou tragam a orquestra até a escola. Sem dúvida, será uma experiência que, no mínimo, marcará positivamente seus alunos por toda a vida!

O contato com os clássicos literários e musicais pode mudar vidas, transformar, provocar reflexões, alegrar, e acima de tudo, certamente, inspirar.