segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Como fazer citação/referência

Esta postagem é um alerta que faço a partir do que tenho observado ao corrigir vários trabalhos acadêmicos.

Um dos erros mais comuns é copiar textos de terceiros, o que configura plágio. Além de ser crime, o plágio é justificativa para anulação da nota. Falando mais claramente, plágio comprovado é nota zero no trabalho. E, infelizmente, o plágio se tornou cada vez mais comum com a popularização da internet. Contudo, para nós professores, o plágio ficou mais fácil de ser descoberto nos tempos atuais, graças também à internet e a alguns aplicativos que identificam e comprovam o plágio.

Alguns trabalhos que corrijo trazem apenas textos de terceiros e, ao final, uma lista de livros e sites. Isso não é fazer referência, isso é cópia. Copiar textos de terceiros e listar as fontes ao final do trabalho não é fazer um trabalho acadêmico.

Importante: O trabalho acadêmico deve ser uma redação de autoria da pessoa que assina o trabalho, não uma cópia de outros textos. Você pode, eventualmente e de acordo com a necessidade, usar textos de terceiros, mas sempre e unicamente em forma de citação.


O que é citar?

É quando, ao escrever o seu texto, você usa a fala de outro autor no meio da sua fala, em razão da necessidade que você tem de mencionar uma informação técnica que foge da sua alçada. Então, você precisa de um especialista como fonte para validar seu argumento. 

Ao usar a fala de outro autor, você sempre deve mencionar o nome dele, o ano da publicação e página, isso logo após a fala desse autor.


O que é citação direta?

É usar a fala de outro autor, sem alterar qualquer palavra dele. Ao fazer isso, mencione esse autor para não configurar plágio.

Mas a fala de outro autor não pode vir misturada ao seu texto, dando a entender que é sua fala. Essa fala deve vir separada, destacada, para que na leitura não se confunda o texto que é de sua autoria com o texto que você usa como referência. 

 Observe abaixo as formas 1 e 2 de como separar/ destacar a fala de outro autor em seu texto.


1- Se a fala dele tem até quatro linhas, ela deve vir entre aspas. O nome do autor, o ano da publicação e página devem vir entre parênteses logo após fechar aspas.


Exemplo:

Bagno afirma que “temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam” (BAGNO, 1999, p. 9). Em outras palavras, devemos considerar que a língua é um organismo vivo, mutante, variável.


Obs: Repare que a última frase do texto acima não é de Bagno, mas um argumento que o autor faz a partir da citação de Bagno. As aspas separam o texto de Bagno da redação do autor desse trabalho.



2- Se a fala dele tem mais de quatro linhas, ela deve vir escrita em tamanho menor [10] e recuada à direita. O nome do autor, o ano da publicação e página devem vir entre parênteses logo ao fim da citação.


Exemplo:

Além disso, os PCNs destacam a contextualização das atividades escolares. Em outras palavras, elas devem simular situações reais do cotidiano do aluno a fim de prepará-lo para a comunicação em qualquer conjuntura de sua vida, seja como indivíduo ou como membro da sociedade. Sendo assim: 

Cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral no planejamento e realização de apresentações públicas: realização de entrevistas, debates, seminários, apresentações teatrais etc. Trata-se de propor situações didáticas nas quais essas atividades façam sentido de fato. (BRASIL, 1998, p. 25)


Obs: Repare que o primeiro parágrafo é do autor desse trabalho [escrito em tamanho 12, padrão acadêmico] e a citação está destacada do texto dele [em tamanho 10 e recuada à direita].


O que é citação indireta?

É usar a ideia de outro autor, porém, com suas próprias palavras. Isso se faz às vezes porque você não tem em mãos o livro [referência] no momento em que você está redigindo. 

Ao fazer citação indireta, mencione o nome do autor e/ou a obra de origem, indicando que aquele pensamento é de propriedade intelectual de terceiro, para não configurar plágio.


Exemplo:

De acordo com Marcos Bagno em seu livro "Preconceito Linguístico", nós temos de fazer um grande esforço para não cair no erro dos gramáticos tradicionais que estudam a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração os falantes.


Obs: Compare agora os exemplos acima de citação direta e citação indireta.



O que são referências (bibliográficas)?

São as fontes de pesquisa. Elas compõem o seu embasamento teórico. 

Elas devem vir listadas em ordem alfabética ao final de cada trabalho acadêmico. As referências bibliográficas referem-se a livros [biblos]. Por isso, ao usar sites da internet, faz mais sentido chamar apenas de "Referências".


Exemplo:

Bibliografia

ANJOS, Augusto dos. Poesias de Augusto dos Anjos – Eu e Outras Poesias. 14 ed. São Paulo: Editora Letras & Letras, 2003.

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 47 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999. 

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Editora Ática, 2003.



ÚLTIMO SOBRENOME, nome. Título da obra em negrito: subtítulo se houver. nº da edição. Local de Publicação: Editora, ano.


É pelo sobrenome do autor e ano de publicação que o leitor identifica o livro de onde foi tirada uma citação. Quando vejo BAGNO e o ano 1999 após uma citação, sei que essa citação foi tirada do livro Preconceito Linguístico, listado nas referências bibliográficas ao final do trabalho.

Obs: Se o livro consultado é uma versão traduzida, o nome do tradutor é tão importante quanto o nome do autor, por isso o tradutor deve constar na referência com a abreviação Trad.


Exemplo: 

BARTHES, Roland. O Grau Zero da Escrita. Trad. Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2000.




É claro que as explicações que faço aqui são um resumo de normas gerais. Há muito a ser dito sobre esse assunto. Por isso recomendo que, ao fazer um trabalho acadêmico, consulte um manual de normas técnicas.

Com este resumo eu quero deixar aqui o alerta, chamando atenção para a importância desse assunto.

Dica: Sempre prefira os livros a sites. A leitura de livros é imprescindível a qualquer um, especialmente na formação acadêmica.


Vídeo com dicas importantes de formatação acadêmica:



sexta-feira, 27 de novembro de 2020

De Dentro

Já está disponível no Spotify, Deezer e YouTube o álbum De Dentro, trabalho de estreia do capixaba Yuri Oliveira [Daviola] como cantor e compositor.

Yuri é um guitarrista de 24 anos virtuosíssimo. Toca como poucos! Já vi ele tocar solos de Metallica, Guns n' Roses, Eddie Van Halen, Iron Maiden etc fazendo-os parecer a coisa mais fácil do mundo. Você leitor pode conferir acessando as redes sociais do Yuri [links no final desta postagem].

Em 2020, com a pandemia do corona vírus, foi obrigado a dar uma pausa nas aulas de guitarra que ministrava e também nos shows com a banda Ruptur.

Seu álbum, lançado em 25 de novembro, foi gravado no isolamento social, de forma 100% independente e com um único músico, o próprio Yuri.


As 8 faixas que compõem a obra representam uma síntese das três faces de Yuri como compositor: música apenas instrumental, música cantada em português e música cantada em inglês.

Pode-se dizer que há um excesso de virtuosismo na parte instrumental, com arranjos nada fáceis de serem executados, o que demonstra muito talento de Yuri como músico. Porém, esse excesso não cansa os ouvidos, deixando a composição soar leve, de modo a possibilitar uma maior aceitação popular.

Por outro lado, as letras são um tanto herméticas. Mas sua poesia pode atingir o grande público ao falar de sentimentos universais; como amor [eros], solidão, saudade e introspecção.


Faixa a faixa:

Impetuosa Tempestade - A faixa de abertura é cantada em português. De temática amorosa, sua levada é carismática e de fácil aceitação, contrastando com complexos arranjos de bateria, baixo e guitarras que permeiam por todo o álbum, incluindo nesta canção. Há nela elementos de MPB, rock e gospel - uma fusão eclética e muito bem-vinda.

A Voz do Trovão - Faixa instrumental com muita brasilidade, lembrando talvez o Nordeste, mas com arranjos de rock dignos de nos reportar a bandas progressivas como Rush.

The Morning Ends the Mourn - Balada cantada em inglês. Traz uma lindíssima melodia com um refrão poderoso! E o solo final da guitarra é simplesmente soberbo! Esta canção, como outras do álbum, tem força para ser um grande hit.

Ermo - Balada ao estilo soft jazz ou jazz rock, cantada em português. A letra tem ótimas sacadas e a musicalidade aqui vai numa gradação crescente que primeiro agrada, depois conquista e, por último, fica.

Four Walls - Com letra em inglês, uma melodia encantadora e um refrão que nasceu para conquistar nossos ouvidos na primeira audição. Se fosse para indicar uma música de trabalho, provavelmente seria esta. Mas é difícil escolher entre tantas faixas brilhantes num mesmo álbum.

Two Wolves - A terceira e última faixa cantada em inglês. A letra se baseia na alegoria dos dois lobos que lutam dentro de nós, simbolizando o bem e o mal. E a pergunta é: qual lobo você vai alimentar? A faixa não tem bateria, portanto, é uma melodia mais introspectiva. Belíssima!

Tensão - A segunda e última faixa instrumental do álbum. Destaca-se a variação de ritmo e um trabalho sensacional de guitarra. Arranjos de tirar o fôlego.

Depois da Vida - A terceira faixa com letra em português fecha o álbum. O tom é melancólico, musical e poeticamente, mas o solo de guitarra ergue o espírito da música e do ouvinte, como se nos puxasse da profundeza para vir à tona. Uma catarse.


Em resumo,

De Dentro nos apresenta intimamente a um professor de música muito talentoso; guitarrista, vocalista e arranjador. E a um compositor existencialista, pensador de si mesmo e do mundo que o cerca.


Link do álbum no YouTube:



Yuri Oliveira nas redes sociais:

Instagram: https://www.instagram.com/daviolaoficial/

YouTube: https://www.youtube.com/user/TheGuitarYuri

Facebook: https://www.facebook.com/yuridaviola

Página inicial do álbum: https://www.youtube.com/channel/UCDGCcCdxZNRNRog3t77XSLw


Yuri Oliveira [Daviola]



sábado, 14 de novembro de 2020

Teledramaturgia

Estava relembrando algumas telenovelas da Rede Globo. Muitas delas foram marcantes e deixaram saudades. Alguns exemplos: 

- Roque Santeiro (1985/1986);

- Que Rei Sou Eu? (1989);

- Top Model (1989/1990);

- Tieta (1989/1990);

- Pedra sobre Pedra (1992);

- Renascer (1993);

- Mulheres de Areia (1993);

- Tropicaliente (1994);

- A Viagem (1994);

- Irmãos Coragem (1995);

- O Cravo e a Rosa (2000);

- Laços de Família (2000/2001). 


Houve telenovelas bem escritas, dirigidas e produzidas, com ótimos enredos e diálogos, tendo momentos de brilhantismo. E houve também aquelas que foram obras-primas do início ao fim, como as minhas favoritas: Roque Santeiro, Pedra Sobre Pedra e Renascer. Esta última tinha diálogos excepcionais! 

Ouça, por exemplo, este dedinho de prosa: 


Outro exemplo é esta fala da personagem Tião Galinha, que coloquei em verso pra modo de dar ritmo à leitura de vosmecês:  

Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém.
Mas quem ganha mais do que come,
Sempre come o pão de alguém!

  

Vale a pena lembrar também das trilhas sonoras, incluindo as trilhas instrumentais e os efeitos sonoros. Mas isso é um capítulo à parte.

Deixe nos comentários o nome da sua telenovela favorita.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Música boa em 2020

Não só música boa, nestes casos, Ótimas! Aquele momento em que você está consciente de que é contemporâneo de obras-primas.

Gostaria de reafirmar a beleza destes dois álbuns: Gigaton (Pearl Jam) e Perdida (Stone Temple Pilots). Há muitos anos não ouvia no universo da música dois lançamentos tão bem produzidos! Em um ano atípico, dois trabalhos musicais atípicos, fora do normal, audaciosos, soberbos!

Gigaton, 2020 (Pearl Jam)


As faixas 5, 6, 11 e 12 já deveriam ser declaradas patrimônio da humanidade! Desde o álbum Pulse do Pink Floyd não havia no mercado músicas tão épicas, sublimes e meditativas como essas. Já as faixas 1, 2 e 3 são excelentes canções de rock ao estilo Pearl Jam e com algo a mais! E a faixa 3, por sua vez,  me faz sentir a mesma empolgação de quando ouço Man in the Mirror do Michael Jackson. 

Todas as faixas têm momentos grandiosos de bateria, percussão, órgão, efeitos sonoros, guitarras e vocais. É um álbum apaixonante e marcante na História da música. No meu top list, entra certamente entre os 10 melhores, logo depois de Abbey Road (The Beatles), Brothers in Arms (Dire Straits), American Idiot (Green Day) e Jagged Little Pill (Alanis Morissette). Este recente trabalho do Pearl Jam é uma aula de composição e produção musical.


Perdida, 2020 (Stone Temple Pilots)

Um álbum inteiro de baladas semi-acústicas, uma mais linda do que a outra! E todas com tom nostálgico, letras românticas, mas nada introspectivo. Pelo contrário, é um álbum que se ouve com alegria! Com pouco tempo de audição, ele se torna contagiante e apaixonante, ao estilo de Bread, Pholhas e de outros artistas que provocam esses sentimentos de saudade. A última faixa me lembra um pouco John Lennon.


Aos fãs de rock, considero um pecado não ouvir e amar esses dois álbuns.

- Renan, eles são tão bons assim?

- Sim, são. E digo isso sem medo de frustrar expectativas.


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A perfeita canção country

Canção: "You never even called me by my name"

Intérprete: David Allen Coe
Compositor: Steve Goodman

Essa canção, inicialmente, traz o sofrimento comum em muitas canções do gênero, e cita alguns nomes tradicionais da música country. Mas a partir da 6ª estrofe, o cantor começa uma narrativa sobre o compositor desta canção, que alegava ser esta a perfeita canção country. O cantor rebate dizendo que faltam nela muitos elementos típicos do gênero [falar sobre a mãe, trens, caminhões, prisão e ficar bêbado] para ela ser a perfeita canção country.

O compositor então decide escrever uma última estrofe e envia-la ao cantor [a penúltima estrofe na letra abaixo.]. E nessa estrofe, ele coloca em apenas quatro versos, de uma só vez, todos aqueles elementos típicos da música country que, até então, faltavam na canção. 

Então o cantor passa a concordar com o compositor: "Após ler esses versos, percebi que meu amigo tinha escrito a perfeita canção country.".

Claramente, o melhor momento desta canção e o seu maior mérito são o efeito cômico a partir da 6ª estrofe [a crítica do cantor] e da estrofe que se segue [que o compositor acrescentou]. 


Letra completa:

Well, it was all
That I could do to keep from crying'
Sometimes it seemed so useless to remain
But you don't have to call me darlin', darlin'
You never even called me by my name 

You don't have to call me Waylon Jennings
And you don't have to call me Charlie Pride
And you don't have to call me Merle Haggard anymore
Even though you're on my fighting' side
 

And I'll hang around as long as you will let me
And I never minded standing' in the rain
But you don't have to call me darlin', darlin'
You never even called me by my name
 

Well, I've heard my name
A few times in your phone book (hello, hello)
And I've seen it on signs where I've played
But the only time I know
I'll hear "David Allan Coe"
Is when Jesus has his final judgment day
 

So I'll hang around as long as you will let me
And I never minded standing' in the rain
But you don't have to call me darlin', darlin'
You never even called me by my name
 

Well, a friend of mine named Steve Goodman wrote that song
And he told me it was the perfect country & western song
I wrote him back a letter and I told him it was not the perfect country & western song
Because he hadn't said anything at all about mama
Or trains, or trucks, or prison, or getting' drunk
Well, he sat down and wrote another verse to the song and he sent it to me
And after reading it I realized that my friend had written the perfect country & western song
And I felt obliged to include it on this album
The last verse goes like this here:
 

Well, I was drunk the day my mom got out of prison
And I went to pick her up in the rain
But before I could get to the station in my pickup truck
She got run over by a damned old train
 

And I'll hang around as long as you will let me
And I never minded standing' in the rain, no
But you don't have to call me darlin', darlin'
You never even called me
Well, I wonder why you don't call me
Why don't you ever call me by my name.