Iracema - tela de José Maria de Medeiros |
Paralelo entre
Iracema e a história da colonização do Continente Americano
Iracema é uma índia virgem, cujo nome é um anagrama para
"america" (América). Martim é o homem branco com quem
Iracema tem sua primeira relação sexual. Esse episódio representa o
desbravamento da floresta tropical, da mata atlântica, da natureza ainda
"virgem" do Continente Americano.
Paralelo entre
Iracema e a Bíblia (história de Raquel e Jacó)
Raquel, personagem do Antigo Testamento, deu à luz um menino
e chamou-o pelo nome de Ben'onî – que em língua hebraica significa "filho
da dor".
Iracema, personagem de Alencar, deu à luz um menino e
chamou-o pelo nome de Moacir – que em língua tupi significa "filho da
dor".
Por que "filho da dor"? Porque nas duas histórias,
a mãe morre pouco depois de dar à luz. Raquel morre no parto, Iracema morre
após entregar o seu filho a Martim.
Obs: Mais tarde, o nome Ben'onî (ou Benoni) foi mudado para
Benjamin.
A intertextualidade (aproximação) entre Moacir e Benjamin
pode ser interpretada como sendo uma tentativa de Alencar de atribuir aos
brasileiros a qualidade de “povo escolhido”, assim como os judeus, fazendo-os
ambos pertencer a uma mesma casta.
Paralelo entre
Iracema e o mito de fundação de Roma
Segundo o mito da fundação de Roma, Rômulo e Remo foram
amamentados por uma loba.
No livro Iracema, a índia amamenta seu filho com
dificuldade. A amamentação só se torna possível depois que a índia faz com que
uma loba sugue o seu seio.
Matim, pai de Moacir, é um guerreiro branco e representa a
cultura europeia. O seu nome significa "guerreiro"
– derivado do latim – e remete ao deus romano Marte, deus da guerra.
Em resumo, Alencar criou em Iracema uma lenda sobre a origem
do Brasil, cujo povo se inicia a partir da miscigenação do índio com o branco.
A intertextualidade entre Moacir (em Iracema) e o mito da fundação de Roma é
uma tentativa de Alencar de atribuir uma origem lendária (heróica) ao povo
brasileiro.
Sendo assim, o romance de Alencar tem características
épicas, apesar de ser escrito em prosa.
Estava à procura de Iracema e vim bater aqui, no Interlúdio. Li a matéria e fiquei maravilhada com esse belo trabalho sobre a intertextualidade de Iracema de José de Alencar. Como "boa" cearense, li a obra de Alencar ainda menina...adorava, O Tronco do Ipê. Há muito não revisito Iracema. Muito interessante e importante esse seu belo trabalho literário. Parabéns! Tenho um blog: Da Cadeirinha de Arruar. Dê um pulinho por lá...
ResponderExcluirMeu abraço.
Obrigado por compartilhar!
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