A poesia é uma das minhas muitas paixões (a maioria delas, não correspondidas). A música, por exemplo, é outra de minhas paixões, mas ela parece me odiar. Por que, oh, música, desprezaste a minha voz?
Desde que desisti de ser cantor comecei a usar mais a voz mental e silenciosa do pensamento. É precisamente esta voz que uso para escrever. Observe que nem tudo são tormentas. Mas e se eu tivesse sido um jogador de futebol sem talento, haveria um pé mental para substituir o dom negado?
Falando em tormentas, mencionei na postagem anterior a humilhação pela qual Bocage provavelmente passou em sua estadia na prisão. Mas como na vida nem tudo são tormentas, também na vida do poeta houve mar de rosas.
O epitáfio de Bocage, cujos últimos versos dizem:
“Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
Deixa claro duas coisas: 1- Bocage sofreu, mas também colheu os louros da fama; e 2- Bocage era bem desbocado (já no século XVIII).
Já o “Soneto do membro monstruoso” (também de Bocage) não citarei aqui para não assustar as minhas respeitáveis leitoras.
Mas, por favor, não julguem mal o poeta. Um homem cuja musa inspiradora se casou com seu próprio irmão (irmão de Bocage, não dela), tem razões justificáveis para ser desbocado.
Bocage era um poeta de pelo menos duas faces: uma satírica e outra muito séria (e sofrida). Vale a pena conhecer os outros sonetos de Bocage, lê-los significa romper com a imagem (senso comum) do poeta estritamente burlesco. Bocage possui uma produção muito respeitável que não pode ser ofuscada por rótulo nenhum.
Fica a dica literária desta semana.
Estou aguardando a quinta postagem, ou outro título, já que disse que deixará essa terminologia.
ResponderExcluirValeu.
blog inteligente!
ResponderExcluircurti