Fui cortar o cabelo. Enquanto cada cacho no chão caia, compus esta elegia, que agora transcrevo:
A cada gentil alma que por aqui passar,
A atenção pedirei urgente
Com laivos platonicus et dantescus evidentis.
Não te enganes, nem por um minuto:
Tu és estrangeiro neste mundo,
Não é teu lar a Terra,
Morada efêmera,
Onde a carne Ela encerra.
Abre-te!
Aprende a língua mágica,
sem palavras, sem gramática.
Vieste recordar-te disto:
Pessoas, coisas e lugares
nunca vistos.
Cuida da matéria,
Mas não te apega,
Conhece-te a ti mesmo em ideia.
E disto estejas consciente:
Trabalha unicamente
P’ra pagar comida e estadia.
Tu a psique cinge,
Nada levarás
Ao tornares
À mansão d’onde vindes.
Vi teu comment no Orkut, comunidade Literatura.
ResponderExcluirEu lia teu poema e ri do início em que diz escrever enquanto corta o cabelo. Muito criativo!
Eu só consigo tratar de temas profundos, como a transitoriedade, utilizando de tensão e acidez. Quando eu aprender a escrever leve que nem tu me sentirei realmente um escritor. Segue um poema meu:
Labirinto vazio labirinto
minhocão saramagoano de cegos
pedintes com cheiro de cu com cachaça
ao Vale do Anhangabaú
cracolandia nalgum lugar além da antipedagogia.
Labirinto mortal labirinto
és afeito aos sós
aos punheteiros
aos gamemaníacos
àqueles que viciam
medrosos vingativos e amargurados.
O único desejo
maluco
surreal
estranho mesmo!
a vontade de morrer
virar para o outro lado
o nada para o religioso e para o ateu
não encontrar nada ou, no máximo,
um sonho onde não se desperta.
http://felipepalassi.blogspot.com
Muito profundo e com um toque socrático...Sócrates não temia a morte porque não a concebia como a maioria. Diz-se quando tentaram debochar dele, disseram: "Vais morrer...", ele calmamente virou-se e disse:"você também."
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