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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

As primeiras línguas escritas do mundo

Esta postagem vai abordar as línguas escritas mais antigas do mundo: 
o acádio e o egípcio. Também a importância do alfabeto fenício. 
Por fim, desfazer alguns mitos à luz da Ciência atual.


O Crescente Fértil



Línguas faladas na Mesopotâmia [atual Iraque]:

Sumério - língua de família isolada;

Acádio - língua do ramo semítico, falada pelos assírios e babilônios;

Aramaico - do ramo semítico, a língua oficial dos assírios. Ainda é falada na atual Síria.


O livro mais antigo do mundo foi escrito em língua acádia, chama-se Epopeia de Gilgamesh, narrativa baseada num mito sumério sobre um rei que governa após um dilúvio. Séculos mais tarde, seria uma inspiração para o mito hebraico da arca de Noé.

 

Línguas faladas em outras partes do Oriente Médio [Levante e Península Arábica]:

Fenício - língua semítica, falada na Fenícia (onde hoje é o Líbano);

Hebraico - língua semítica, falada pelos hebreus;

Árabe - língua semítica, falada pelos árabes e outros povos.


Todas essas línguas do ramo semítico pertencem à família afro-asiática

Aos fenícios é atribuída a invenção do alfabeto que, mais tarde, inspirou a escrita grega [língua da família indo-europeia].

Obs: além do grego, a família indo-europeia inclui o sânscrito, que deu origem a uma grande parte das línguas da Índia; o persa, que deu origem às línguas faladas hoje no Irã e Afeganistão; o latim e as línguas derivadas dele; e também as línguas germânicas [alemão, holandês, inglês, dinamarquês, sueco, norueguês etc] entre outras línguas europeias e asiáticas.

 

Línguas no norte da África [terras entre o Mar Mediterrâneo e o Saara]

O egípcio [no nordeste], o fenício [em Cartago - hoje Tunísia] e línguas de povos berberes [no noroeste], entre outras.

Os povos do deserto [Saara - norte da África] têm origem nas migrações de povos da Anatólia [atual Turquia] e do Levante [atual Síria, Líbano e Palestina] que ocorreram antes da invenção da escrita, no período neolítico. Esses povos do leste passaram a habitar onde hoje se localizam Egito, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Mali etc. Daí uma razão para as línguas faladas no norte da África pertencerem à família afro-asiática, milênios antes de o islamismo existir.

Muito mais tarde, na Idade Média, a expansão islâmica levou para o norte da África a língua árabe, falada lá até hoje. 

E na Europa, os muçulmanos propagaram as Ciências e as Artes que eles conservaram [dos gregos, romanos, egípcios, fenícios, árabes, persas, indianos, chineses...]. Isso foi o combustível que reascendeu a chama do conhecimento naquele continente, tirando-o da Idade das Trevas. Hoje conhecemos esse período como Renascimento.


No Egito [nordeste da África e Península do Sinai]:

Egípcio Antigo - língua afro-asiática, falada em todo o Egito antigo.

Copta - língua descendente do egípcio clássico, hoje sendo litúrgica em cerimônias cristãs no Egito. 


Os textos religiosos mais antigos já encontrados no mundo são os Textos das Pirâmides, escritos nas paredes internas de algumas pirâmides de faraós sepultados em Sakkara. Exemplos são a pirâmide do faraó Unas e do faraó Tetis.

Obs: Imotepe foi um grande arquiteto e engenheiro. Ele projetou e construiu a primeira pirâmide do mundo, a pirâmide de Djoser, na necrópole de Sakkara . Todo o resto que se afirma hoje sobre ele é lenda e misticismo, não História.

A arqueologia atual sabe e afirma que as pirâmides não foram construídas com trabalho escravo. Foram construídas por artesãos especializados e bem pagos, e era um serviço de prestígio na época.


O Egito se localiza em dois continentes: África e Ásia [Península do Sinai]. Por sua posição geográfica, foi uma região de intensas migrações, principalmente entre África e Oriente Médio, desde a pré-história. Isso inclui relações comerciais amistosas e períodos de disputa territorial [guerras].

O tratado de paz mais antigo que se tem conhecimento foi firmado entre egípcios e hititas [povo indo-europeu da Anatólia] durante o governo de Ramsés II.

Obs: o êxodo dos hebreus é uma narrativa mitológica, não um fato histórico. Por mais que se procure, não há evidências arqueológicas do êxodo, mas há muitas evidências contrárias a tal narrativa, que por seu estilo literário, denota ser um mito de fundação.

A estela de Meremptah não menciona o povo de Israel. Ela é um monolito comemorativo às vitórias bélicas do faraó. O nome mencionado é "isiriar", povo que [segundo o texo] foi massacrado pelo faraó. Não há como afirmar se tratar de Israel. 


Mais tarde, o Egito foi dominado pelos persas. Eles só recuaram quando o exército de Alexandre da Macedônia os venceu. A partir daí, a cultura egípcia e grega se fundiram, dando origem à famosa Biblioteca de Alexandria, que mantinha os textos mais importantes da época. E por 300 anos houve avanços científicos e grandes obras literárias guardados por essa biblioteca. Mulheres como a rainha Cleópatra VII e a cientista Hipátia de Alexandria zelaram por esse riquíssimo acervo literário, que variava entre descobertas astronômicas, peças teatrais do dramaturgo Sófocles, textos líricos da poetisa Safo de Lesbos, entre outros.

Obs: filósofos como Tales de Mileto e outros passaram pelo Egito muito antes desse período helenístico. Lá possivelmente eles receberam conhecimentos matemáticos egípcios, entre outras coisas. Ou seja, a interação entre Egito e o mundo grego já existia há pelo menos 1 século antes de Alexandre da Macedônia. 

Após a morte de Cleópatra VII, última rainha macedônica, o Egito passou ao domínio do Império Romano. Séculos mais tarde, com a cristianização do Império Romano, a Biblioteca de Alexandria foi destruída e quase todo o seu acervo foi perdido para sempre. Hipátia de Alexandria [bibliotecária-chefe, filósofa, astrônoma e professora] foi brutalmente espancada até a morte.


Obs: a polêmica sobre a etnia da rainha Cleópatra e dos egípcios antigos

Sobre Cleópatra, com base na História e na iconografia da época, muito provavelmente era de linhagem macedônica pura, visto que reis e rainhas no Egito eram filhos de casamentos incestuosos entre membros da realeza. E sabe-se que essa era a regra também no período dos faraós macedônicos.

Sobre a etnia dos egípcios antigos, é uma questão ainda mais polêmica. A Ciência não tem uma resposta definitiva. O que pode ser descartado é o que clamam os grupos ideológicos que defendem uma identidade étnica, seja ela branca ou negra ou outras. Historicamente, o Egito sempre foi multiétnico. Porém, isso não significa que eram brancos ao norte, negros ao sul e miscigenados entre o norte e o sul. As noções atuais de branco [caucasoide] e negro [África subsaariana] não se aplicam dessa forma ao Egito antigo. Nem mesmo a noção de árabe pode ser aplicada de forma simplista e genérica ao Egito atual, muito menos no Egito Antigo. 

Essa polêmica surgiu principalmente de grupos ideológicos que, com manipulação de informações [pseudociência] reivindicam essa rica cultura proclamando-se como únicos herdeiros, caracterizando uma apropriação indevida e desrespeitosa para com o povo egípcio atual e sua história.

Para concluir, o problema não é atores brancos ou negros [ou latinos ou mestiços...] fazendo papéis de egípcios. O problema é quando uma etnia distante do Egito reivindica para si o legado histórico egípcio, como tem acontecido. O Egito nada tem a ver com o Senegal e a Etiópia, e muito menos com o Brasil e os Estados Unidos da América. Cada um desses povos tem a sua história. A ideologia afrocêntrica [ou pan-africanismo, surgido na déc. 1970] é tão equivocada quanto foi a ideologia eurocêntrica anteriormente. Ambas são pseudociência.


Mais informações sobre questões étnicas do Egito no link abaixo:

https://interludico.blogspot.com/2022/04/antigo-egito.html


Vídeo sobre a antiga Biblioteca de Alexandria: 




quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Antigo Egito

Tawy [em egípcio antigo], Aegypt [na raiz greco-latina], Mirs [em árabe atual]. O nome antigo do Egito [Tawy] significa "duas terras", ou seja, o Alto Egito [ao sul] e o Baixo Egito [ao norte, até o mediterrâneo]. O faraó usava uma coroa dupla simbolizando a unificação das duas terras.

A antiga palavra "Kemet" significa "terra negra" e referia-se à terra fértil nas margens do rio Nilo, em oposição à "Deshret", que significa "terras vermelhas/desérticas".

De todas as civilizações antigas [fenícios, persas, gregos, romanos etc] os egípcios são para mim os mais fascinantes. Obviamente a cultura greco-romana é de longe a mais influente em termos históricos. 

Todavia, as pirâmides do Egito são os monumentos mais impressionantes que qualquer civilização já construiu. 

Além disso, os hieróglifos, desenhos, esculturas, templos, estátuas gigantes e a Grande Esfinge de Gizé são objetos lindíssimos e sem precedentes em todas as culturas ao redor do mundo.



 









O antigo Egito em sua máxima extensão [no período do Império Novo].

Domínio sobre Biblos, Sidom e Tiro [cidades fenícias] e o Reino Cuxe ao sul






















A controvérsia da “raça egípcia”

Aplicar noções atuais de "raça" branca ou negra ao Antigo Egito é anacrônico. A história do Antigo Egito é milenar. Vários povos passaram e habitaram aquela região: assírios, fenícios [hoje sírio-libaneses], palestinos, núbios, hebreus, persas, gregos, romanos, árabes etc.

Porém, em 2017, um estudo genético foi conduzido com amostras de 151 múmias do norte do Egito, que estavam enterradas no Cairo, que constituiu o primeiro dado confiável obtido dos antigos egípcios usando métodos de sequenciamento de DNA de alto rendimento. O estudo mostrou que os antigos egípcios têm grande afinidade com povos modernos do Oriente Médio. Ainda assim, essa amostra representa uma fatia pequena daquela população e a maioria dos acadêmicos rejeita a ideia de que o Antigo Egito era composto de um povo homogêneo. A cor da pele variava por região [Alto Egito, Baixo Egito e Núbia] e em eras diferentes cada um desses povos subiu ao poder.


A gravura do Livro dos Portões, encontrada em túmulos do Novo Reinado, mostra as etnias conhecidas pelos egípcios até então:

Da esquerda para a direita: Líbio, núbio, semita, egípcio.












Linguisticamente, o egípcio antigo é um idioma quase isolado, tendo algumas similaridades com línguas semíticas [Oriente Médio] e línguas berberes [norte da África ocidental].


Raotepe e sua esposa Noferte (Museu do Cairo)
Raotepe era irmão do faraó Quéops, ambos filhos de Seneferu.






O Reino Cuxita (Kush ou Cuxe) localizava-se na Núbia, atual Sudão [ao sul do Egito]. Era muito rico em ouro. Na história do povo cuxita houve períodos de guerra contra o Egito, mas também convivência, e um período de dominação do Egito, que durou pouco mais de 1 século. Este período é conhecido como a era dos faraós negros. 


Periodização [meus destaques pessoais]

Império Antigo (2686 a 2181 a.C.) - capital: Memphis; necrópoles: Saqqara e Giza (Gizé).

Império Médio (2050 a 1710 a.C.) - capital: Tebas

Império Novo (1539 a 525 a. C.) - inclui o reinado de Ramsés II; necrópoles: Vale dos Reis e V. das Rainhas

Domínio persa (curto período, antes da conquista macedônica)

Período Ptolomaico ou Helenismo (332 a 30 a.C.) - capital: Alexandria.

Período Romano: a partir de 30 a.C.

Cristianização do mundo romano: a partir de 337 - destruição da biblioteca de Alexandria. 

Parte do Império Bizantino: a partir de 395

Expansão islâmica [árabes]: 632-661

Egito Otomano: 1517-1867 e invasão napoleônica (1798)

Colônia britânica

Independência do Egito (1922) e fundação da república (1953)


Cronologia de faraós [meus destaques pessoais]

Djoser - construção da primeira pirâmide do Egito [2.648 a.C.], em Sakkara, pelo arquiteto Imotep.

Seneferu - construção da pirâmide curvada e da pirâmide vermelha, em Dashur. Era pai de Quéops.

Quéops [2.589 - 2.566 a.C] - construção da primeira pirâmide de Gizé, seguido por seu filho Quéfren e seu neto Miquerinos.

Os Reis do Sol, com destaque para o rei Unas, pois sua pirâmide em Sakkara foi a primeira a ter inscrições e esses textos são os textos religiosos mais antigos já encontrados no mundo.

Faraó Aquenáton e rainha Nefertiti [1.370–1.330 a.C.]

Nefertiti: escultura da época de seu reinado








Tutancâmon e sua rainha Anksenamon [1.341 - 1.323 a.C.] 

Ramsés II, apelidado Ozymandias [1279 - 1213 a.C.] também conhecido como Ramsés, o Grande.

Dinastia núbia [reino Kush] - faraós negros, originários do atual Sudão [770 a 657 a.C.] - durou 113 anos. Curiosidade: O Sudão é o país com mais pirâmides no mundo.

Alexandre, o Grande: fundação de Alexandria em 331 a.C - início da dinastia macedônica, período conhecido como Helenismo - disseminação da cultura grega.

Ptolomeu - Alexandre da Macedônia foi proclamado faraó. Após sua morte, o general macedônio assumiu o trono egípcio. A partir daí, várias gerações de faraós macedônicos reinaram até 30 a.C. - durou exatamente 300 anos.

Cleópatra [falecida em 30 a.C.] - Seu nome era Cleópatra VII Filopátur [tradução: a sétima filha do pai, amada pelo pai].

A última rainha macedônica era poliglota e grande estudiosa de várias disciplinas, por isso talvez fosse a mulher mais culta de sua época. Sua morte marca o início da dominação romana. Antes, foi aliada do grande general de Roma: Caio Júlio César. Após o assassinato deste, ela aliou-se ao militar romano Marco Antônio, numa tentativa infrutífera de proteger seu reino. Mas foram derrotados e o imperador Augusto, sobrinho-neto de César, passou a controlar o Egito.

Ela teve um filho com Júlio César [Ptolomeu Cesarion] e três com Marco Antônio: um casal de gêmeos, Alexandre Hélio [Alexandre Sol] e Cleópatra Selene [Cleópatra Lua]; e o caçula Ptolomeu Filadelfo.


Cleópatra em uma moeda de sua época







Busto de Cleópatra esculpido em Roma
na época em que a rainha visitou a cidade.













Retratos de Fayum: pinturas sobre os caixões de múmias do Egito no período romano
















Observação: A atual polêmica sobre a cor dos egípcios antigos e a cor de pele da rainha Cleópatra [sua etnia e raça] não têm base histórica, mas sim ideológica, baseada em conceitos restritos e arcaicos de "raças" humanas. É um debate pseudocientífico e contraproducente. Não há mistérios neste mundo para a verdadeira Ciência, que já explicou, com riqueza de detalhes factuais, questões muito mais complexas, como a origem do Universo, a origem da vida e sua evolução. No mundo científico não há espaço para falácias e bobagens conspiratórias. As pirâmides e o Serapeum não foram construídos por alienígenas. O povo egípcio antigo era semítico-africano e também misto, com variações na cor de sua pele. O verdadeiro rosto de Cleópatra nunca foi um mistério. E desde Eratóstenes [Cirene 276 a.C - Alexandria 194 a.C.] o formato da Terra redonda já era conhecido.


Vídeo explicando o cálculo da circunferência da Terra, feito por Eratóstenes em Alexandria:




Dica de leitura: A Pedra da Luz - Nefer, o Silencioso [clique no link para ler minha análise do livro]



















Curiosidade para pesquisar:

Máscara mortuária de Tutancâmon





















A máscara cobria o rosto do faraó mumificado, dentro de 3 sarcófagos. A descoberta de seu túmulo foi considerada revolucionária e uma das mais importantes do séc. XX, graças à persistência do arqueólogo Howard Carter (Kensington 1874 - Londres 1939).


Curiosidade para você pesquisar:
Serapeum - Sakkara (ou Saqqara) - 24 túmulos gigantes, colocados num enorme corredor, para os touros sagrados.





Sobre a origem dos antigos egípcios, assista ao vídeo a partir do minuto 38:23


Segundo o estudo acima, baseado principalmente em anatomia, genética e linguística, os povos árabes, egípcios e berberes são descendentes de povos que vieram da Anatólia [atual Turquia] e do Oriente Médio no período neolítico. Eles tinham a pele clara.

Já ao sul do Egito, na Núbia, os povos tinham a pele escura, como já foi falado aqui nesta postagem.


Acima, um vídeo sobre a questão étnico-racial no Egito.


quinta-feira, 25 de maio de 2023

Exemplos de alfabetos

Nesta postagem vou adotar a pronúncia hieróglifos, palavra proparoxítona, embora a pronúncia hieroglifos, palavra paroxítona, também seja correta.


Os hieróglifos, sistema de escrita do Egito antigo, criado há mais de 4 mil anos:

Hieróglifos e seus correspondentes no alfabeto latino.












O alfabeto chinês básico:

Um dos sistemas mais antigos do mundo possui o maior número de falantes nativos do mundo.























O alfabeto árabe:

O árabe está entre as 10 línguas mais usadas mundialmente.










O alfabeto grego:

O alfabeto grego com os nomes das letras.











A evolução do nosso alfabeto:




















Réguas para escrever hieróglifos:

Um ótimo presente para crianças e adultos.














O nome do faraó Tutancâmon [Tut Ankh Amon] escrito em um cartucho:

Tutancâmon era escrito nesta ordem: Amon + Tut + Ankh
















O nome da rainha Cleópatra [Kleopatra] era assim:

Tradução: os números indicam a letra em nosso alfabeto.















Imagens da internet

sábado, 6 de maio de 2023

Ensino de língua materna

 A formação do professor de língua materna


Metalinguagem = espelho infinito = sem fim, inconclusivo.













Para ensinar o básico, deve-se conhecer a fundo o conteúdo a ser ensinado.

O professor de língua materna não pode limitar o seu conhecimento apenas à língua que ele ensina. O uso da língua materna para entender ela mesma, às vezes, é insuficiente. 

Metalinguagem é utilizar um código para explicar ou analisar o próprio código. É imprescindível haver também uma análise de fora, um ponto de vista exterior, ou seja, de um outro código linguístico.

O problema da metalinguagem é a confusão que ela causa em si mesma, como vemos na imagem acima.

O professor de Língua Portuguesa tem que conhecer, ao menos, uma língua estrangeira bem, e outras razoavelmente.

O professor de Gramática tem que conhecer também a Linguística e a Literatura.

O professor de Literatura tem que conhecer, além das literaturas mundiais e teorias literárias, outras abordagens: históricas, antropológicas, psicológicas, linguísticas etc.

O professor de Linguística obviamente conhece bem a Gramática tradicional. Mas tem que conhecer também, além de vários ramos da Linguística, outras abordagens. Isto inclui línguas estrangeiras, Estilística e teorias literárias.

A Linguística por si só é capaz de desmentir alguns eventos tidos como "fenômenos", mas que são, na verdade, mero charlatanismo. Ex: regressão a vidas passadas, reencarnação, possessões, mediunidade,  "dom" de línguas etc. 

Como especialista em linguagens, incluindo verbal e não verbal, é desejável que esse professor tenha conhecimentos básicos em artes visuais e música. E em se tratando de linguagem mista: leitura de mapas, gráficos etc são conhecimentos mais do que relevantes.

A Filosofia pode ser definida como a organização de um pensamento. Essa organização [e a Filosofia, portanto] é feita por textos. Todos os ramos da Filosofia dependem da língua verbal para existir, incluindo a Lógica, que é o ramo que estuda como organizar o pensamento verbal. 

É desejável que o especialista em linguagens e ensino de língua seja também leitor de Filosofia,  estudioso da Lógica e conhecedor crítico de falácias.

O professor de língua materna tem que conhecer tudo isso. Já o tradutor tem que conhecer tudo isso e mais: Filologia, História e biografia do autor [se for o caso].

Portanto, perceba que, a formação de especialistas no Ensino de Língua Materna não é algo simples como pode parecer a quem está de fora [leigo].

A língua verbal e todas as formas de linguagens humanas são o que mais nos define como humanos, muito mais do que a nossa biologia. Os seres humanos são os únicos animais na Terra que expressam a sua consciência por meio de língua verbal. E isso é muito avançado!

Devemos lembrar que alguns animais, como exemplo os chipanzés, podem aprender linguagem de sinais. Isso também significa muito! Mas a linguagem de sinais dos símios não é capaz de produzir narrativas, ficções e cultura como a linguagem de sinais que humanos surdos usam. Essa é a diferença entre linguagem de sinais [usada por símios] e língua de sinais [usada por pessoas surdas]. A língua de sinais é uma língua verbal não oral.

Até hoje, os seres humanos ainda são os únicos animais na Terra a construir mundos a partir de  símbolos, a criar símbolos, a dar significado à abstração, a criar abstração, a inventar narrativas e fazer a ficção se tornar parte constituinte e vital de uma comunidade. Isso foi fator determinante para a nossa organização social e sobrevivência evolutiva.

Dica de leitura: Sapiens - Uma breve história da humanidade (Yuval Noah Harari).

Estudar, compreender e ensinar a nossa própria língua não é tarefa para qualquer aventureiro. E a metodologia de ensino de língua materna se faz em todos esses conhecimentos somados, não em livros rasos de didática. 

Para ensinar o básico, deve-se conhecer a fundo o conteúdo a ser ensinado.


Bônus:


CiênciaTodoDia: A História da vida na Terra em 8min.

"A vida e a História dela é bastante semelhante a ler uma história. Só que essa história nós não estamos lendo do ponto de vista do narrador, nós somos um dos milhares de personagens"

(Pedro Loss, canal Ciência Todo Dia in You Tube)


Resenha do livro "Sapiens: Uma breve história da humanidade


O autor do livro explica como a capacidade dos seres humanos de criar narrativas ficcionais foi vital para a nossa organização como espécie e sobrevivência evolutiva.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

História da Inglaterra e UK

 Da Pré-História à Idade Antiga:

- Britannia – habitada pelos bretões [povo celta orientado pelos druidas];

Festival druida em Stonehenge


 






Na Idade Antiga:

- Invasão romana – período provincial e cristianização;

- Invasões bárbaras – os anglos e os saxões [ambos povos germânicos];

 

Na Idade Média:

- Missões cristãs – para reforçar a fé na Igreja Romana nos reinos anglo-saxões;

- Invasões Vikings [povos escandinavos pagãos];

- Invasão normanda [Normandia-França].

 

A Grã-Bretanha é a grande ilha outrora habitada pelos bretões. Na maior parte da ilha está a Inglaterra [Terra dos Anglos; em inglês: England] que hoje faz parte do Reino Unido [United Kingdom], cuja capital é Londres. O sistema político é a monarquia parlamentarista.

 

As religiões que passaram pela Grã-Bretanha:

- Druidas – dentre os celtas, eram aqueles que orientavam as práticas jurídicas, filosóficas e religiosas [animistas].

- Cristãos – povos orientados pela fé em Jesus Cristo e na Igreja Romana, posteriormente dividida entre Católica e Ortodoxa, e mais tarde sofrendo movimentos reformistas protestantes, dividindo-se em várias denominações. Na Inglaterra, a primeira igreja criada pela reforma daquele país foi a Igreja Anglicana.

- Pagãos – povos adeptos do paganismo [politeístas]. Pagão significa “homem do campo”. Eles cultuavam deuses ligados às forças da natureza; como a terra, o trovão, o mar etc.

 

Línguas que passaram pela Grã-Bretanha:

- Celta;

- Baixo-alemão;

- Old English;

- Influências da cultura greco-latina [por meio da Igreja Romana];

- Língua nórdica antiga [viking];

- Influências do francês [normando].


A bandeira do Reino Unido (UK) é uma junção das bandeiras da Escócia, Inglaterra e de São Patrício, padroeiro da Irlanda.



 









Compõem o Reino Unido: Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte. Este último fica fora da ilha da Grã-Bretanha, estando numa ilha próxima e fazendo fronteira com a República da Irlanda pelo sul. 


Bandas de rock do Reino Unido: The Beatles, The Rolling Stones, The Animals, The Hollies, The Who, Cream, Pink Floyd, Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, Yes, Genesis, Iron Maiden, Supertramp, Sex Pistols, The Clash, Joy Division, The Smiths, Dire Straits, Tears for Fears...


* As imagens são da internet, não são de minha autoria.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O estranho aliado do comum

Um ótimo método para entender melhor a nossa própria língua é estudando outra língua. Parece surpreendente? Mas isso é muito lógico.

Quando estudamos a gramática do português em uma aula padronizada, estamos estudando a língua portuguesa ministrada em português. Isso se chama metalinguagem, ou seja, o uso de um código [o português] para falar sobre o mesmo código. É como se fosse um filme sobre a arte do cinema ou um autorretrato de um pintor no ato de pintar.


Velásquez pintando a si mesmo enquanto pintava.

A metalinguagem pode criar confusões, como um espelho na frente de outro, produzindo uma espiral de imagens repetidas.

O mesmo fenômeno pode ocorrer ao estudar o português pelo português. Mas quando temos contato com outro idioma, além de adquirirmos novos conhecimentos culturais e linguísticos, também aprimoramos o entendimento da nossa própria língua pela simples comparação. E a comparação só pode ser feita entre coisas diferentes. 

Por isso, qualquer idioma estrangeiro que você estudar, ajudará muito na compreensão da gramática de sua própria língua nativa.

Hoje em dia na internet há  muitas opções de ótimos cursos de idiomas. Basta procurar e não será difícil achar. Escolha um idioma estrangeiro e estude-o um pouco. Tenho certeza de que, com pouco tempo de estudo, você irá compreender melhor a estrutura do português, o valor de estudar as conjugações verbais, as classes gramaticais e as principais funções sintáticas.

Somente a partir do estranho é que podemos fazer comparações que nos permitem entender o que para nós já era tão comum, que era difícil. Isto é, quando entramos em contato com um idioma estrangeiro [na Bíblia, chamavam de línguas estranhas] começamos a fazer comparações e, a partir disso, a entender melhor a nossa própria língua e cultura, além de começar a conhecer outra língua e outra cultura.

Qualquer língua estranha [i.e: idioma estrangeiro] será um aliado no estudo de sua própria língua.


P.S:

Eu estudei um pouco de espanhol e latim na minha graduação em Letras. Antes disso, estudava francês e italiano por conta própria. E antes disso, eu me dediquei bastante às aulas de inglês na escola. Tudo isso me agregou conhecimento e foi muito positivo para minha vida acadêmica. 

Atualmente estou estudando alemão à distância; por MP3, podcast, leituras e vídeos. Isso não me traz nenhum gasto financeiro significativo, mas tenho muitos ganhos culturais e linguísticos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Languages in the world

Native speakers

1- Mandarin – 918 millions.

2- Spanish – 481 millions.

3- English – 480 millions.

4- Hindi – 341 millions.

5- Bengali – 241 millions [161 millions in Bangladesh + 78 millions in West Bengal + 2 millions in Tripura].

6- Portuguese – 225 millions [210 millions in Brazil + 10 millions in Portugal + 5 millions in Angola]. *

7- Russian – 154 millions.

Source: based on Ethnologue x Nationalencyklopedin


Corrections in Ethnologue list:

* Portuguese is above 225 millions: Brazil + Portugal + Angola + 6 other countries where Portuguese is official + several regions in the globe where Portuguese is the native language of the immigrants.


German – at least 90 millions [82 millions in Germany + 8 millions in Austria + other countries]

Korean – 75 millions [50 millions in S. Korea + 25 millions in N. Korea]


Standard arabic - it is not a native language, but as a second language [L2] it is the 5th most widely spoken.

 

Published books by year

1- China (440,000 books)

2- USA (304,912 books)

3- United Kingdom (184,000 books)

4- Japan (139,078 books)

5- Russia (101,981 books)

6- Germany (93,600 books)

7- India (90,000 books)

8- France (77,986 books)

9- Iran (72,871 books)

10- Italy (61,966 books)

Source: Unesco

 

In internet [estimated]

English

Russian

Spanish

French

German

Japanese

Portuguese

Source: based on W3Techs


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Aprendendo um novo idioma

Hallo, ich heiße Renan. Ich bin brasilianer und 42 Jahre alt. Mein Vater heißt Adilson und meine Mutter Maria, aber sie ist dieses Jahr im Januar gestorben.  

Ich bin Professor und unterrichte Portugiesisch und Literatur. Ich arbeite in einer Schule und in einer Universität 

Ich lebe in Vila Velha-E.S., aber früher wohnte ich in Vitória.  

Ich habe eine Frau, zwei Brüder und eine Katze. Ich liebe sie alle.  

Ich mag Bücher, Kino, Musik, und Tee. Manchmal trinke ich auch Rotwein und Bier. 

Ich höre gern Reggae und mag Rockmusik und die Beatles finde ich besser als die Musik von heute.  

Ich war noch nie in Europa, aber ich spreche sehr gut Englisch und Italienisch. Ich verstehe auch Spanisch gut und ein bisschen Französisch.  

Nun studiere ich seit 41 Tagen die deutsche Sprache. Es ist nicht einfach zu lernen, aber ich mag sie studieren.

Ich bin dankbar dass Sie meinen blog besucht haben.


Besonderer Dank geht an meine Freundin Tanja für das Korrekturlesen und die Textkorrektur.

domingo, 19 de maio de 2019

HAVE A NICE SUNDAE!

Quando eu era criança, na 3ª série do ensino fundamental, na Escola Meu Espaço em Bairro República, mandaram um bilhete para os pais dizendo que os alunos teriam outra língua, ou seja, que a partir daí teríamos aulas de inglês. Eu morri de medo! Achei que fosse uma conspiração para mudar algo na anatomia de nossa boca. Logo, fiquei de recuperação em Inglês. Nas aulas de recuperação a professora me ensinou que domingo é SUNDAY. Ela disse assim: "Lembra que domingo é dia de tomar sorvete (sundae)". Daí em diante só tirava 9 e 10 em inglês.



sexta-feira, 16 de março de 2012

Quais são as línguas mais faladas no mundo?

Top 5 most spoken languages in the world:

1-     Mandarin
2-     English
3-     Spanish
4-     Hindi
5-     Portuguese 

















As 10 línguas mais usadas na internet:
1-     Inglês
2-     Mandarim
3-     Espanhol
4-     Japonês
5-     Português
6-     Alemão
7-     Árabe
8-     Francês
9-     Russo
10- Coreano
























quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Línguas e alfabetos Antigos



Algumas línguas antigas...

Línguas faladas na Mesopotâmia (atual Iraque):
Sumério - língua de família isolada;
Acádio - língua da família semítica, falada pelos assírios e babilônios;
Aramaico - da família semítica, a língua oficial dos assírios;


Línguas faladas em outras partes do Oriente Médio:
Fenício - língua semítica, falada pelos fenícios ou cananeus;
Hebraico - língua semítica, falada pelos hebreus e outros povos;
Árabe - língua semítica, falada pelos árabes e outros povos.


Na África:
Egípcio Antigo - falada em todo o Egito, antes da expansão árabe.


Línguas indo-europeias antigas:

Hitita - língua falada na antiga região que hoje corresponde à Turquia. Os hititas também dominaram parte da Mesopotâmia.

Sânscrito - língua falada no norte da Índia pelo povo ariano;

Persa Antigo - língua falada na Pérsia (atual Irã);

Grego Antigo - língua falada nas cidades-estado e nas colônias gregas da Ásia Menor (atual Turquia). Tornou-se língua universal durante o período do Helenismo (após as conquistas de Alexandre, o Grande);

Latim - falada na região do Lazio (Latium) na Itália, tornou-se língua universal com a expansão do Império Romano.



A ESCRITA
As escritas mais antigas são a escrita cuneiforme e os hieróglifos, ambos sistemas de escrita criados há cerca de 6 mil anos. A escrita cuneiforme originou-se na Mesopotâmia (atual Iraque) e os hieróglifos originaram-se no Antigo Egito.

Alguns sistemas de escrita:

O alfabeto fenício foi o sistema de escrita usado pelo povo fenício (em grego, phoînix) desde o terceiro milênio a.C. Acredita-se que este alfabeto tenha influenciado os alfabetos grego, aramaico, hebraico, arábico e diversos outros. Assim como o alfabeto árabe e o hebraico, o alfabeto fenício não tem símbolos para representar sons de vogais; cada símbolo representa uma consoante. As vogais precisavam ser deduzidas no contexto da palavra. Mais tarde, os gregos adaptaram alguns símbolos fenícios sem valor fonético para representar as vogais.

Em Creta:
O linear B era um sistema silábico, usado na Grécia antes do desenvolvimento do alfabeto grego.

Em Roma:
O alfabeto latino, hoje o mais utilizado no mundo ocidental.

Na América Central:
A escrita Maia era um sistema de ideogramas. Até hoje, é o único sistema de escrita mesoamericano já decifrado.



A FONÉTICA
Já era estudada há 2.500 anos atrás na Índia Antiga.



OS ALGARISMOS
Os árabes, que do século VI ao XIV funcionaram como os grandes transmissores do conhecimento do oriente para o ocidente, trouxeram com eles o conceito do zero, além de nove outros números que também haviam sido desenvolvidos na Índia. Os números, como os conhecemos, são baseados nos ângulos formados entre os traços, como na figura abaixo:


Os algarismos indo-arábicos substituíram os algarismos romanos.

O responsável pela transformação dos números indianos em arábicos foi o matemático e alquimista Al-Khwrizmi, cujas obras serviram de base para os trabalhos do ocultista, astrólogo, alquimista e matemático chamado Al-Gorisma (da onde vem a palavra algoritmo), que trouxe estes numerais para os acampamentos árabes na Espanha. Seus trabalhos foram traduzidos para o latim por volta do século XII. Gradualmente, este sistema “árabe” foi introduzido na Europa e começou a alavancar progressos na ciência e no pensamento filosófico.



Fontes (para ler mais):

http://www.daemon.com.br/wiki/index.php?title=Brahma,_Vishnu,_Shiva,_os_Mu%C3%A7ulmanos_e_o_Zero


http://pt.wikipedia.org/wiki/Algarismos_indo-ar%C3%A1bicos