Tawy [em egípcio antigo], Aegypt [na raiz greco-latina], Mirs [em árabe atual]. O nome antigo do Egito [Tawy] significa "duas terras", ou seja, o Alto Egito [ao sul] e o Baixo Egito [ao norte, até o mediterrâneo]. O faraó usava uma coroa dupla simbolizando a unificação das duas terras.
A antiga palavra "Kemet" significa "terra negra" e referia-se à terra fértil nas margens do rio Nilo, em oposição à "Deshret", que significa "terras vermelhas/desérticas".
De todas as civilizações antigas [fenícios, persas, gregos, romanos etc] os egípcios são para mim os mais fascinantes. Obviamente a cultura greco-romana é de longe a mais influente em termos históricos.
Todavia, as pirâmides do Egito são os monumentos mais impressionantes que qualquer civilização já construiu.
Além disso, os hieróglifos, desenhos, esculturas, templos, estátuas gigantes e a Grande Esfinge de Gizé são objetos lindíssimos e sem precedentes em todas as culturas ao redor do mundo.
O antigo Egito em sua máxima extensão [no período do Império Novo].
Domínio sobre Biblos, Sidom e Tiro [cidades fenícias] e o Reino Cuxe ao sul |
A controvérsia da “raça egípcia”
Aplicar noções atuais de "raça" branca ou negra ao Antigo Egito é anacrônico. A história
do Antigo Egito é milenar. Vários povos passaram e habitaram aquela região: assírios, fenícios [hoje sírio-libaneses], palestinos, núbios, hebreus, persas, gregos, romanos,
árabes etc.
Porém, em 2017, um estudo
genético foi conduzido com amostras de 151 múmias do norte do Egito, que
estavam enterradas no Cairo, que constituiu o primeiro dado confiável
obtido dos antigos egípcios usando métodos de sequenciamento de DNA de alto
rendimento. O estudo mostrou que os antigos egípcios têm grande afinidade com povos
modernos do Oriente Médio. Ainda assim, essa amostra representa uma fatia
pequena daquela população e a maioria dos acadêmicos rejeita a ideia de que o
Antigo Egito era composto de um povo homogêneo. A cor da pele variava por
região [Alto Egito, Baixo Egito e Núbia] e em eras diferentes cada um desses
povos subiu ao poder.
A gravura do Livro dos Portões, encontrada em túmulos do Novo Reinado, mostra as etnias conhecidas pelos egípcios até então:
Da esquerda para a direita: Líbio, núbio, semita, egípcio. |
Linguisticamente, o egípcio antigo é um idioma quase isolado, tendo algumas similaridades com línguas semíticas [Oriente Médio] e línguas berberes [norte da África ocidental].
Raotepe e sua esposa Noferte (Museu do Cairo) Raotepe era irmão do faraó Quéops, ambos filhos de Seneferu. |
O Reino Cuxita (Kush ou Cuxe) localizava-se na Núbia, atual Sudão [ao sul do Egito]. Era muito rico em ouro. Na história do povo cuxita houve períodos de guerra contra o Egito, mas também convivência, e um período de dominação do Egito, que durou pouco mais de 1 século. Este período é conhecido como a era dos faraós negros.
Periodização [meus destaques pessoais]
Império Antigo (2686 a 2181 a.C.) - capital: Memphis; necrópoles: Saqqara e Giza (Gizé).
Império Médio (2050 a 1710 a.C.) - capital: Tebas
Império Novo (1539 a 525 a. C.) - inclui o reinado de Ramsés II; necrópoles: Vale dos Reis e V. das Rainhas
Domínio persa (curto período, antes da conquista macedônica)
Período Ptolomaico ou Helenismo (332 a 30 a.C.) - capital: Alexandria.
Período Romano: a partir de 30 a.C.
Cristianização do mundo romano: a partir de 337 - destruição da biblioteca de Alexandria.
Parte do Império Bizantino: a partir de 395
Expansão islâmica [árabes]: 632-661
Egito Otomano: 1517-1867 e invasão napoleônica (1798)
Colônia britânica
Independência do Egito (1922) e fundação da república (1953)
Cronologia de faraós
Djoser - construção da primeira pirâmide do Egito [2.648 a.C.], em Sakkara, pelo arquiteto Imotep.
Seneferu - construção da pirâmide curvada e da pirâmide vermelha, em Dashur. Era pai de Quéops.
Quéops [2.589 - 2.566 a.C] - construção da primeira pirâmide de
Gizé, seguido por seu filho Quéfren e seu neto Miquerinos.
Os Reis do Sol, com destaque para o rei Unas, pois sua pirâmide em Sakkara foi a primeira a ter inscrições e esses textos são os textos religiosos mais antigos já encontrados no mundo.
Faraó Aquenáton e rainha Nefertiti [1.370–1.330 a.C.]
Nefertiti: escultura da época de seu reinado |
Tutancâmon e sua rainha Anksenamon [1.341 - 1.323 a.C.]
Ramsés II, apelidado Ozymandias [1279 - 1213 a.C.] também conhecido como Ramsés, o Grande.
Dinastia núbia [reino Kush] - faraós negros, originários do atual Sudão [770
a 657 a.C.] - durou 113 anos. Curiosidade: O Sudão é o país com mais pirâmides no mundo.
Alexandre, o Grande: fundação de Alexandria em 331 a.C - início da dinastia macedônica, período conhecido como Helenismo - disseminação
da cultura grega.
Ptolomeu - Alexandre da Macedônia foi proclamado faraó. Após sua morte, o general macedônio assumiu o trono egípcio. A partir daí, várias gerações de faraós macedônicos reinaram até 30 a.C. - durou exatamente 300 anos.
Cleópatra [falecida em 30 a.C.] - Seu nome era Cleópatra VII Filopátur [tradução: a sétima filha do pai, amada pelo pai].
A última rainha macedônica era poliglota e grande estudiosa de várias disciplinas, por isso talvez fosse a mulher mais culta de sua época. Sua morte marca o início da dominação romana. Antes, foi aliada do grande general de Roma: Caio Júlio César. Após o assassinato deste, ela aliou-se ao militar romano Marco Antônio, numa tentativa infrutífera de proteger seu reino. Mas foram derrotados e o imperador Augusto, sobrinho-neto de César, passou a controlar o Egito.
Ela teve um filho com Júlio César [Ptolomeu Cesarion] e três com Marco Antônio: um casal de gêmeos, Alexandre Hélio [Alexandre Sol] e Cleópatra Selene [Cleópatra Lua]; e o caçula Ptolomeu Filadelfo.
Cleópatra em uma moeda de sua época |
Busto de Cleópatra esculpido em Roma na época em que a rainha visitou a cidade. |
Retratos de Fayum: pinturas sobre os caixões de múmias do Egito no período romano |
Observação: A atual polêmica sobre a cor dos egípcios antigos e a cor de pele da rainha Cleópatra [sua etnia e raça] não têm base histórica, mas sim ideológica, baseada em conceitos restritos e arcaicos de "raças" humanas. É um debate pseudocientífico e contraproducente. Não há mistérios neste mundo para a verdadeira Ciência, que já explicou, com riqueza de detalhes factuais, questões muito mais complexas, como a origem do Universo, a origem da vida e sua evolução. No mundo científico não há espaço para falácias e bobagens conspiratórias. As pirâmides e o Serapeum não foram construídos por alienígenas. O povo egípcio antigo era semítico-africano e também misto, com variações na cor de sua pele. O verdadeiro rosto de Cleópatra nunca foi um mistério. E desde Eratóstenes [Cirene 276 a.C - Alexandria 194 a.C.] o formato da Terra redonda já era conhecido.
Vídeo explicando o cálculo da circunferência da Terra, feito por Eratóstenes em Alexandria:
Dica de leitura: A Pedra da Luz - Nefer, o Silencioso [clique no link para ler minha análise do livro]
Máscara mortuária de Tutancâmon |
[controvérsia racial, língua egípcia antiga, periodização e cronologia]
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