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domingo, 5 de novembro de 2017

Tema de redação do Enem

É com sensação de dever cumprido que comunico que acertei, pelo segundo ano consecutivo, o tema/assunto da redação do Enem.

Ano passado acertei o tema da segunda prova, aquela feita pelos alunos após desocupação das escolas. O tema era: "Caminhos para combater o racismo no Brasil" - um desdobramento óbvio do tema da primeira prova: "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil".

Este ano, disse aos alunos que "se a banca mantiver a mesma linha, minha melhor aposta é a inclusão de deficientes físicos".

O tema foi: "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil".

Com base nos temas anteriores, no tipo de prova e o tipo de banca, para mim pareceu óbvio que o assunto da Redação seria a inclusão de deficientes físicos caso a banca seguisse a linha temática dos exames de 2015 e 2016.

Em 2015 o tema era a violência contra a mulher.  De lá para cá pode-se perceber uma mesma linha ideológica entre esses temas. O objetivo da banca é levar o candidato a dissertar sobre temas humanos e que requerem a atenção da sociedade, não só nos dias de hoje, mas sempre.

Portanto, os temas atemporais e humanos têm sido, de 2015 a 2017, a linha temática das provas de redação do Enem.

Sobre mudança (infeliz) no Enem 2017

Como professor, discordo da mudança imposta pelo STF à prova de Redação deste ano: ferir os direitos humanos não zera redação.

Segundo o Globo de 26 de outubro, “o Escola Sem Partido afirma que o critério de violação dos direitos humanos na redação é injusto e subjetivo e, por isso, prejudica a liberdade de expressão dos alunos”. O próprio movimento Escola Sem Partido considera a proposta de respeito aos direitos humanos como censura.

Sobre absurdos como este e contra essa mudança tenho três argumentos:

1- A mudança veio em cima da hora, poucos dias antes da aplicação da prova. Os alunos por sua vez, acostumados ao modelo anterior, se prepararam durante todo o ano para fazer uma redação que respeita os direitos humanos. Portanto, essa mudança prejudica os estudantes, embora quem a defenda alegue estar "a favor" deles.

2- Além de testar conhecimentos sobre língua materna e diversas outras disciplinas, as provas têm o objetivo de educar (óbvio!). Educação não só de conteúdos técnicos/curriculares, mas também educação para a vida em sociedade, para o exercício da cidadania e civilidade. 

3- A alegação do STF e de quem defende a mudança é em nome da liberdade de expressão. Ora, a liberdade de expressão é uma garantia individual muito importante, porém, esse exercício não deve se sobrepor ao bem comum. O direito de um particular jamais poderá ficar acima da vontade coletiva e do bem estar social, portanto, se o discurso de um indivíduo fere os direitos humanos, este indivíduo não está preparado para viver em sociedade, já que este convívio, para ser harmônico, prevê o respeito ao próximo.

O Estado Democrático de Direito deve zelar tanto pelas liberdades individuais quanto pelo bem coletivo, evitando ou resolvendo pacificamente conflitos entre eles. 

Defendo a liberdade de expressão. Há muitas formas saudáveis de se expressar livremente sem ferir os direitos humanos. Porém, um discurso que fere os Direitos Humanos estará ferindo e censurando toda a humanidade. 

Infelizmente, os juízes do STF se impõem sobre matéria cujo conteúdo seria melhor apreciado pelo MEC, o Inep, os pedagogos e, principalmente, os professores, estes sim, especialistas em Educação que vivem o cotidiano das salas de aula. 

domingo, 4 de setembro de 2016

Redação no Enem

Competências avaliadas na redação:

I- Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.

II- Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

III- Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

IV- Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

V- Elaborar proposta de solução para o problema abordado, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

A matriz tem um aspecto inovador no que se refere ao texto dissertativo-argumentativo: além de solicitar um ponto de vista da parte do autor, prerrogativa desse tipo textual, também requer a elaboração de uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos (competência V).

A redação é corrigida e avaliada por dois corretores, profissionais da área de Letras. Para o cálculo da nota, soma-se a pontuação atribuída pelo corretor em cada competência, e divide-se o total por 5. O mesmo é feito com referência ao segundo corretor. Cada corretor desconhece a nota atribuída pelo outro corretor, sendo a nota final a média aritmética das duas notas obtidas. No caso de discrepância igual ou maior do que 300 pontos, haverá outra correção por um professor supervisor. Essa terceira nota é a que prevalecerá. A terceira correção configura-se como um recurso de ofício.


A nota zero na redação poderá ser atribuída ao participante nas seguintes situações:

Apresenta texto em branco - B (em branco)
Apresenta texto com até 7 linhas (não incluindo título) - I (insuficiente)
Apresenta texto em que haja a intenção clara do autor em anular a redação ou texto que desconsidera a competência V (fere explicitamente os direitos humanos) - N (nulo)
Apresenta texto que não desenvolve a proposta de redação, considerando-se a competência II (desenvolve outro tema e/ou elabora outra estrutura textual - F (fuga ao tema/ não atendimento ao tipo textual)


Por fim, vale lembrar:

Apenas as redações adequadamente transcritas na Folha de Redação são corrigidas.
A redação deve ser transcrita para a Folha de Redação com caneta esferográfica de tinta preta.
Para ser corrigida, a redação deve ter o mínimo de 8 linhas.
O rascunho e as marcações assinaladas nos Cadernos de Questões não são considerados para fins de correção da redação.
Na redação corrigida, não há necessidade de título. Caso o participante inclua título, este não será computado como linha efetivamente escrita para o mínimo de 7 linhas.
As rasuras devem ser evitadas. Caso ocorram, basta passar um traço no trecho inadequado e dar continuidade ao texto.
A proposta de redação apresenta textos motivadores que não devem ser copiados no texto produzido.


Fonte: Ministério da Educação, 2011.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Sobre a resenha



A resenha – também referida como resenha crítica – é uma modalidade de escrita, ou para alguns linguístas, um gênero textual. Define-se como um texto dissertativo com a função de apreciar/analisar uma obra.

A produção de resenhas está intimamente ligada à capacidade de produzir resumos e fichamentos. É a partir dessas práticas que o leitor se sentirá mais à vontade para produzir e, finalmente, publicar sua apreciação crítica acerca do que tem visto e lido.

A resenha possui seu lugar cativo entre estudantes, professores, pesquisadores, colunistas e jornalistas, tanto no ato da leitura como no da produção textual. Contudo, ela visa, como última finalidade, à promoção de algo novo entre aqueles que desejam travar um contato prévio com uma obra e assim decidirem-se por visitá-la, ou ainda, ao aprofundamento crítico para aqueles que tiveram um contato breve com a obra original e aspiram a um entendimento mais apurado daquele assunto. A resenha sobre livro, peça teatral, música, filme, exposição e espetáculo, quando publicada em jornal de grande circulação, é nomeadamente reconhecida como a crítica especializada. Esta é a responsável por promover obras e eventos recém lançados. Já a resenha acadêmica cumpre seus fins de estudo, aprofundamento e reflexão. Ambas podem compartilhar muito em comum na estrutura de texto, ainda que ambos os modelos tenham finalidades razoavelmente distintas – o que não as distancia, necessariamente, como gênero textual.

A aprendizagem demanda prática e requer tempo de leitura, além de conhecimentos específicos no assunto a ser resenhado. E é claro, as instruções e orientações do professor no processo educacional serão fundamentais no encaminhamento do estudante. Não há conhecimento que se faça sozinho.

Aquele que deseja desenvolver sua redação deve tomar para si o hábito da leitura e escrita como algo inerente à sua natureza, sobretudo quando as resenhas são voltadas à publicação. Neste caso, também é indispensável ao bom redator contar com a colaboração de um profissional da língua para revisar o texto.

O interesse pela língua, seu bom uso e boa compreensão deve ser um princípio intrínseco a todos, para o bem individual e coletivo desses mesmos seres sociais falantes, leitores e produtores de conhecimento.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Comunicação Social



O que é? Qual sua importância?


A Comunicação Social se divide em cinco grandes áreas:

Rádio e TV – o profissional desta área atua com conhecimentos técnicos e superiores nos meios de comunicação de massa. Ele planeja e opera as telecomunicações auditivas (rádio), visuais (fotografia) e audiovisuais (TV e cinema).

Relações Públicas – o profissional gerencia estrategicamente a imagem de pessoas jurídicas (empresa, instituição, órgão público, ONG etc.) ou pessoas físicas (políticos, artistas, celebridades etc.). Também atua na assessoria de imprensa.

Jornalismo – É responsável por reportagens (notícia), matérias (divulgação, entretenimento etc.) e criação de uma linha editorial. Pode trabalhar na redação, produção, edição e apresentação de programas de rádio e TV. Também atua nos meios impressos (jornal e revista) e internet.

O jornalista é um dos maiores formadores de opinião em qualquer sociedade.

Publicidade e Propaganda – a propaganda (do latim: propagare) é qualquer forma de divulgação de uma ideia ou mensagem, exemplo: a propaganda boca a boca. A publicidade é a propaganda especializada e profissional, feita pelo publicitário em agência de publicidade ou de forma autônoma (free-lance).

Envolve o estudo de ferramentas de marketing e de comunicação. O principal objetivo da publicidade é a persuasão, isto é, pelo argumento estratégico levar alguém à ação. Exemplo: mudar o comportamento do consumidor para que este adote um produto que está sendo lançado no mercado ou mantê-lo fiel a uma marca. Assim sendo, envolve tanto a criação de uma marca quanto estratégias de consolidá-la ou inova-la. O publicitário tem um pouco de marqueteiro, vendedor (no atendimento publicitário), artista (na criação de peças publicitárias) e pesquisador (o profissional de mídia).

A publicidade é cara, mas nenhuma empresa ou marca pode se dar ao luxo de não se preocupar com sua comunicação e imagem.

Internamente, a comunicação feita de modo despreparado, não profissional, além de não atingir seu objetivo, gera graves problemas em uma empresa.

As empresas preocupadas em manter uma boa relação com clientes e público alvo devem constantemente cuidar da sua imagem da qualidade de sua comunicação. A comunicação ineficaz, feita sem estudo prévio, sem um profissional competente, pode manchar para sempre a imagem de uma empresa.

Portanto, economizar com comunicação não é uma boa estratégia. O barato pode sair muito caro.

Comunicação Integrada – é a somatória de todos os ramos da comunicação feita por uma equipe multidisciplinar (exemplo: jornalista, publicitário e relações públicas).


Como o graduado em Letras pode atuar na Comunicação Social?

Não apenas atuar, mas somar!

Por exemplo: revisor de texto, consultor de língua portuguesa, palestrante (oferecendo constantemente cursos de aprimoramento e capacitação), redator de matérias especiais e colunas.

A revisão feita por um profissional graduado em Letras vai muito além de apenas corrigir ortografia, sintaxe, coesão e coerência textual.

Com base em conhecimentos das áreas da Linguística (Semiótica, Estilística, Análise do Discurso etc) e Teoria Literária (retórica) o graduado em Letras pode deixar o texto muito mais atrativo, estratégico, cativante e persuasivo.

Também atuar como crítico de arte e entretenimento produzindo resenha sobre livros, programas de TV, peças de teatro, filmes etc para publicação em cadernos de jornais.

No teatro, cinema e na teledramaturgia ele pode atuar como um consultor sociolinguísta para tornar os diálogos mais realistas, principalmente quando o papel representado exige um sotaque característico de algum país ou região.



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O ato de escrever


“O ato de escrever, antes de tudo é legítimo ato de auto-afirmação.... É rasgar os traços de dependência social e mental. Certamente é um ato de coragem, pois aquelas primeiras palavras parecem nossas; mas as segundas e as seguintes o serão muito mais”. (BERNARDO, p. 38).  

O ato de fazer rascunho, rasgar e refazer é uma tentativa de se libertar da nossa personalidade mais superficial, das ideologias mais cristalizadas em nossa mente, para dar asas a um novo pensamento. 

O processo dialético (escrever, apagar e reescrever) nos conduz à idéia de exposição sincera de nós mesmos. Por isso é um ato de coragem. E a coragem implica no enfrentamento de nossos medos, fobias e tudo aquilo que nos causa aversão. Esta lição serve para o ato de escrever, mas também para toda a vida.

Citação:
BERNARDO, Gustavo. Redação Inquieta. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2000.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O que é dialética?

Dialética: sua importância no aprendizado da produção de textos.


Dialética

A produção de texto e a Filosofia são, em essência, a mesma coisa. Ambas lidam com a organização lógica do pensamento. Quando escrevemos estamos analisando o mundo, refletindo sobre nós mesmos, organizando ideias e produzindo conhecimento. Portanto, aprender a escrever bem é aprender a pensar bem. Ou ainda, podemos afirmar o inverso: o pensamento bem organizado produz textos igualmente organizados. Mas como organizar o pensamento? Uma das maneiras de organizá-lo é fazer uso da dialética.

A dialética é um processo que se resume na fórmula: tese, antítese e síntese; porém, sem esquecer que a síntese se torna uma nova tese e esta gerará uma nova antítese. Consequentemente, a dialética é um ciclo infinito de mutações.

Podemos observar a dialética da natureza: a passagem dos dias, a mudança das estações, a transformação de tudo o que nos cerca. Exemplo: a lagarta (tese), o casulo (antítese) e a borboleta (síntese). Ou seja, toda a natureza funciona em ciclos: o ontem, o hoje e o amanhã. Também é assim com a perpetuação de uma espécie no transcorrer de gerações: a vida (o crescer), a morte (o envelhecer) e o renascimento (o fruto, o filho) – tese, antítese e síntese. Não se pode falar em “evolução” sem falar em dialética.

Além disso, podemos verificar a dialética no curso da história de toda a humanidade. A política, as ciências, a filosofia, as artes, a comunicação, tudo se transforma dialeticamente. Isto é, a partir da contradição de ideias (tese e antítese), nasce uma nova ideia (síntese) que será novamente uma tese a ser questionada e reformulada. Assim, a cada nova geração de pensadores, percebemos transformações no saber científico, na moral, na tecnologia etc.

Até mesmo na vida particular a dialética se faz presente. Durante nossa estadia terrena, todos nós passamos por momentos e situações de conforto (tese), conflitos ou adversidades (antítese) e a superação do problema (síntese).

Enxergar o mundo de forma dialética e produzir conhecimento de forma dialética é um desafio para quem pretende produzir bons textos. Aprender a pensar dialeticamente é um exercício para toda a vida, já que a própria dialética se supõe como um exercício constante. Ora, se a organização de ideias é um exercício essencialmente dialético, logo, aprender a organizar ideias num texto é também um exercício constante.



1- Heráclito de Éfeso, pai da dialética ocidental;
2- O racionalismo de Platão versus o empirismo de Aristóteles;
3- Yin Yang - a dialética oriental;
4- Hegel (idealismo dialético);
5- Marx (materialismo dialético).