Dicas de filmes que tratam da música e tudo o que o seu
universo envolve.
Amadeus (Amadeus, 1984) –
Adaptado de uma peça teatral, este filme foi vencedor de 8 (merecidos) Oscars, incluindo o de melhor filme. A
vida do compositor classicista Wolfgang Amadeus Mozart é contada na ótica de
seu rival Antonio Salieri (F. Murray Abraham numa atuação emocionante!). Há muitas
coisas para se destacar nesta obra-prima, mas escolho a cena em que o réquiem
de Mozart é composto, na qual o espectador ouve instrumento a instrumento, como
se estivesse dentro da cabeça do compositor. Mas não poderia deixar de
mencionar também a cena em
que Salieri descreve de forma arrebatadora a música que lê
nas partituras de seu rival. O texto é belíssimo, enquanto a trama envolve
questionamentos sobre a fé e sentimentos como a inveja e a ambição. Nesta
produção a música parece reger o filme, e não o oposto como é de costume. Desde
o seu início, som e imagem prendem o fôlego do espectador. A direção é de Milos
Forman.
Quase Famosos (Almoust Famous,
2000) – No início da década de 70 tá
rolando tudo! – como diria a personagem Penny Lane. O enredo
semiautobiográfico escrito e dirigido por Cameron Crowe gira em torno de um
jovem de 15 anos que tem a chance de excursionar com uma banda de rock, fazendo
a cobertura da turnê para a revista Rolling
Stone, publicação especializada em crítica musical. A banda em questão é
Stillwater, um grupo fictício com repertório criado especialmente para o filme.
O roteiro é leve, adorável, divertido e empolgante. Ao assistir a esta história,
não estranhe se você se sentir nostálgico de uma época em que a música era mais
apaixonante do que é hoje e o mercado fonográfico era mais inocente, antes de
ele arruinar o rock and roll e tudo o que
amamos nele. É um filme sobre viagens, festas, ilusões e pessoas tentando não dizer adeus. A trilha
sonora também inclui canções de Led Zeppelin, Yes, Simon & Garfunkel, Deep
Purple, Black Sabbath, Jimi Hendrix, Elton John, entre outras.
Hair (Hair, 1979) –
Musical adaptado da Broadway para o cinema, conta de modo bem humorado sobre o
modo hippie de viver. Tudo começa quando um jovem do interior vai à Nova York
para se alistar no exército, mas no caminho depara-se com um grupo de hippies.
Desse encontro surge paixão, amizade e aventuras que conduzem a trama a um
final inesperado. As canções abordam temas como sexo, uso drogas, misticismo e,
é claro, a Guerra do Vietnã. A cena em que Berger dança sobre a mesa é impagável! Esta e
muitas outras cenas, além da trilha sonora e de um ótimo roteiro, fazem desta
produção uma obra para ser vista e revista. Direção de Milos Forman.
The Doors (The Doors,
1991) – Apesar das críticas de Ray Manzarek (tecladista dos Doors) sobre o
roteiro ter exagerado ao mostrar um Jim Morrison sempre bêbado, o filme de
Oliver Stone vale a pena pela trilha sonora e atuação impecável de Val Kilmer
no papel do poeta do rock. Data máxima venia, o exagero torna-se justificado
pela fama lendária que cerca de forma quase indissociável a breve carreira de
Jim Morrison. Se o diretor focou demais nas extravagâncias do cantor é porque
elas ajudaram a fazer dele uma lenda do rock e se não fosse por essa
excentricidade o filme não despertaria tanto interesse. Mas fica a dica: é um
filme baseado em fatos reais, mas não é um documentário, portanto, não devemos
encará-lo como sendo uma biografia do ídolo. Em resumo, o filme é válido na sua
intenção e sublime na sua arte. O casamento entre músicas e cenas é de um
primor raro, superando em muito os videoclipes da MTV.
Backbeat – Os 5 rapazes de Liverpool (Backbeat, 1994) – Filme baseado na história dos Beatles antes de
alcançarem fama, ainda na época em que começaram a tocar em casas noturnas da
Alemanha. O enredo tem a banda como pano de fundo, mas prefere focar na curiosa
história do artista plástico Stuart Sutcliffe, que por um breve período tocou
com os Beatles. A amizade entre Stuart e John Lennon, a paixão de ambos pela
fotógrafa Astrid Kirchherr, as brigas, sonhos e dilemas são mostrados como o gatilho
para o que viria a ser o fenômeno Beatles. Mas não espere ouvir canções de
Lennon-McCartney aqui. A trilha sonora é composta de canções de Chuck Berry e
outros dessa geração que inspirou os Beatles e sempre fez parte de seu repertório
de covers. A produção é pequena, mas cumpre
bem o seu papel. O filme cria uma atmosfera em torno da pintura abstrata, da
poesia simbolista francesa, da fotografia artística, casando tudo isso com rock
and roll. Neste casamento, acertou em cheio!
Bônus: não poderia deixar de fora
estas produções nacionais...
Cazuza – O tempo não para – Uma história chocante contada por uma
poesia inspiradora. A narração do Cazuza-personagem explicando suas motivações
em cada ato é o maior acerto desta produção. A cena de Cazuza no mar, com
música de Lobão: “Vida louca, Vida breve, Já que eu não posso te levar, Quero
que você me leve” é a entrega final, a aceitação do irremediável destino.
Somos tão jovens – Thiago Mendonça interpreta Renato Russo para
contar nesta produção a história do nascimento do punk-rock de Brasília. A
trama se concentra no Aborto Elétrico, mencionando a Plebe Rude e o Capital
Inicial, até que a Legião Urbana se forme e faça a sua grande estreia. A cena em que tocam “Ainda é Cedo” se destaca
como a mais cativante do filme.
Gonzaga – de pai pra filho – Excelente produção nacional sobre a vida de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Gonzaguinha: dois entre os maiores nomes da música popular brasileira. Atuações emocionantes, direção impecável e trilha sonora perfeita!
Outros que considero muito bons e
recomendo:
- La Bamba (La Bamba,
1987) sobre o astro do rock Ritchie Vallens.
- A Fera
do rock (Great balls of fire,
1987) sobre o pianista Jerry Lee Lewis.
- The Commitments – Loucos pela fama (The Commitments, 1991) sobre
uma banda fictícia que tenta reviver as emoções da soul music na Irlanda.
- Minha amada imortal (Immortal Beloved, 1994) sobre Ludwig Van Beethoven.
- Dois filhos de Francisco, produção nacional sobre a infância e início
do sucesso de Zezé Di Camargo.
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