Três bandas de
rock alternativo que se popularizaram por serem antipop.
Joy Division (Manchester, Inglaterra: 1976
– 1980).
Gêneros: pós-punk,
rock alternativo.
Surgiu como
uma banda punk, inicialmente batizada Warsaw, mas assim que desacelerou o ritmo
da bateria, assumiu a “morte” do punk e fez nascer o pós-punk, uma tendência
que influenciaria fortemente o som das bandas de rock da década de 1980 em todo
o mundo. As harmonias e letras eram um pouco mais sofisticadas que da moda
punk, mas ainda assim era um som muito cru. Inovaram com o uso de teclados e
sintetizadores. Lançaram apenas dois álbuns, Unknown Pleasures (1979) e Closer
(1980), alguns singles e coletâneas póstumas. Além desses discos, gravaram uma demo de punk-rock ainda sob o nome de
Warsaw. Tanto pelo som quanto pelas letras, o Joy Division é uma banda
melancólica, fato explicado pelas tragédias do vocalista Ian Curtis: a epilepsia e
os terríveis efeitos colaterais que os medicamentos causavam, além de problemas
conjugais. O filme “Control” (Preto e Branco, 2007) detalha com excelência o drama cinematográfico de todas as tristezas na vida desse vocalista e compositor. Quando a banda acabou
em 1980, devido à morte de Curtis, os integrantes remanescentes fundaram o New
Order. Então, outra moda surgiu: o synthpop, som construído a partir de
sintetizadores, e o new wave, som dançante que marcou aquela década.
The Smiths
(Manchester, Inglaterra: 1982 – 1987)
Gêneros: pós-punk,
rock alternativo, indie rock (rock independente), jangle pop.
The Smiths são
ainda hoje a banda mais associada ao gosto do roqueiro intimista, desajeitado e
tímido, aquele tipo de pessoa que não vê lugar para si na sociedade, mas que
sobrevive à margem, sendo ela mesma, aceitando seu desajuste social.
Estereótipo ou não, as letras da banda não deixam dúvida sobre esse aspecto. Já
na música, se diferenciaram muito de seus contemporâneos. O jangle pop era o
som característico de bandas dos anos 60 como The Byrds, influenciadas por
algumas canções dos Beatles como “A Hard Day’s Night”, “What You’re Doing” e “Ticket
to Ride”. A marca desse tipo de harmonia é a guitarra dedilhada, valorizando os
arpejos que não só acompanham, mas também complementam a melodia cantada. Essa
foi uma das contribuições de Johnny Marr, guitarrista e compositor, ao som dos
anos 80. Já o seu parceiro de composição renderia aqui um capítulo à parte. Morrissey,
vocalista e letrista, é vegetariano. Nas suas apresentações em carreira solo, os
locais de seus shows adaptam-se à sua exigência de não vender carne. Na época dos
Smiths, proibia seus colegas de banda de serem fotografados comendo carne. Além
disso, ele é muito avesso às instituições em geral. Diz o que lhe vem à cabeça.
Fala mal da política e de tudo que lhe incomoda, cita nomes e não poupa nas
críticas. Esta coleção de “excentricidades” típicas de um ser sensível lhe
rendeu uma má fama entre as gravadoras. Mas tirando o lado “rebelde” do poeta,
ele é muito meigo no trato com os fãs e com os animais. Certa vez, usou um
aparelho auditivo num show em gesto de solidariedade a um fã surdo que se
sentia excluído pelos colegas de escola. Morrissey é um ser ambíguo, conhecido
e reconhecido tanto pela proximidade com os fãs, quanto pela sua língua solta e
irrefreável, além de outras coisas que aos olhos da mídia (mainstream) são
antipopulares, como sua assumida postura celibatária na época dos Smiths,
contrariando o estereótipo do roqueiro libertino, e consequentemente, não
rendendo holofotes (lucros) aos paparazzi que procuram sempre expor a
intimidade dos artistas.
Nirvana (Seattle,
EUA: 1987 –1994)
Gêneros: grunge,
rock de garagem, rock alternativo.
Das três
bandas citadas aqui, o Nirvana é a mais conhecida. Mesmo preferindo tocar em locais
pequenos, acabou cedendo ao gosto da gravadora para tocar em grandes eventos,
como o Hollywood Rock no Brasil. Na ocasião, Kurt Cobain não economizou no sarcasmo
durante o evento patrocinado por uma marca de cigarro. Mesmo sendo fumante e
recebendo seu cachê daquele patrocinador, ele expôs sua “rebeldia”, ainda que a
contragosto dos fãs que berravam “Canta Smells Like Teen Spirit”. Mas no rock,
o que atrai não é ser desajustado e rebelde? Então, por mais que o vocalista
exprimisse sua revolta, tudo o que ele criticava acabava virando manchete. E
isto, sua alma punk, contrária ao mainstream, somada à sua depressão crônica,
não pôde suportar! O som do Nirvana é, logo, justificadamente agressivo, beirando
ao caos e incitando à liberdade criativa nas várias bandas que viriam a surgir sob essa
influência. Mas ao analisar com mais atenção, as melodias são tão excitantes
quanto as do Led Zeppelin, Aerosmith e Beatles (influências que Kurt Cobain
nunca negou). Essa linha melódica fica ainda mais evidente ao assistir ao “Acústico
MTV em New York”, onde a banda apresenta um memorável show, talvez o melhor do
gênero "Acústico MTV".
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