quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Nada é um paradoxo

A razão que me leva a escrever
É o fato de razão no mundo não haver.

E se alguma ordem há,
Nenhuma língua lha pode explicar.

É precisamente esta lacuna muda
Que rompe o silêncio d’alma bruta

E inculta, a alma não fala,
Mas diz algo, não se cala.

E lhe força a entender a obviedade
De que os extremos são partes da verdade,

Todavia, não está completamente nua,
Porque o universo é uma ferradura –

E as pontas se tocando
Lembram amantes se beijando.

Portanto, O Todo despido
É um Nada vestido;

Assim como toda dor é poesia
E todo verossímil é fantasia;

E a morte é a primeira despedida
E cada vício uma afirmação de vida;

Como cada um é seu próprio universo,
E ao mesmo tempo o seu inverso.

E a tristeza é notar estupefato
Que estou certo e ao mesmo tempo errado.

O nada é alguma coisa
E palavras não ditas dizem algo.

Quando digo coisa alguma,
Estou dizendo alguma coisa.

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