Sei que é ironia usar a internet para falar mal da internet, mas vamos aos fatos.
Historicamente, primeiro foi a TV sendo barateada, vendida e posta em cada cômodo da casa. Depois piorou com a popularização da internet. Agora piorou ainda mais com a popularização do celular com internet.
Consequências do celular hoje:
- Afastamento da vida familiar: pessoas distantes se tornam mais interessantes na vida virtual, o núcleo familiar, que já andava desgastado desde a popularização da TV, se torna hoje cada vez menos presente.
- Vida virtual X vida real: antigamente se falava em "15 minutos de fama". Hoje as pessoas querem chamar a atenção para si 24h por dia. Os valores não são mais postos por quem serve comida à mesa, mas por quem comenta e curte sua foto em redes sociais.
- Condicionamento cerebral: a vida virtual condiciona o cérebro a não responder aos problemas da vida real, isolando o indivíduo, dando a ele uma fuga virtual e, portanto, falsa para o prazer (distração virtual). Consequentemente, a criança e o adolescente não aprendem a lidar com os problemas da vida real e os adultos desaprendem.
- Conexão 24h: nem o celular nem a mente se desligam, gerando ansiedade e insônia. Também condiciona o cérebro a respostas imediatas, o que gera impaciência e mais ansiedade, consequentemente, mais casos de depressão para alguns ou surtos de violência para outros.
- Excesso de notícias falsas.
- Excesso de informações: o usuário tem que filtrar muito, ele não dá conta de acompanhar tudo o que é publicado na internet. Logo, tudo é efêmero e desinteressante, mesmo quando há valor.
- Excesso de banalidade: informações interessantes e úteis se misturam a informações inúteis e banais. O tempo de vida virtual rouba muito tempo da vida real. A fofoca ou barraco do outro lado do mundo ocupa mais tempo do que a educação dos filhos. A banalidade se torna espetáculo. As piadas se tornam a ordem da vida, enquanto a seriedade e informação se tornam descartáveis.
- Excesso de banalidade: informações interessantes e úteis se misturam a informações inúteis e banais. O tempo de vida virtual rouba muito tempo da vida real. A fofoca ou barraco do outro lado do mundo ocupa mais tempo do que a educação dos filhos. A banalidade se torna espetáculo. As piadas se tornam a ordem da vida, enquanto a seriedade e informação se tornam descartáveis.
- Queda nos níveis de leitura e letramento: mais pessoas estão lendo, porém, interpretando pior e escrevendo pior ainda.
- Indústria cultural em crise: sei que Adorno fez críticas pertinentes à indústria cultural, mas ele não viveu para ver a quase morte de alguns setores, como, por exemplo, a indústria fonográfica (indústria da música). Tanto a indústria quanto a vida dos consumidores de cultura está se tornando cada vez mais pobre.
- Ser vigiado por câmeras em todo lugar e a todo tempo.
- O celular hoje é poder na palma da mão. No caso de crianças e adolescentes, poder sem responsabilidade, sem luta, sem conquista, sem méritos. Poder que crianças e adolescentes ganham dos pais que querem apenas que as crianças se distraiam, fiquem quietas, enquanto os pais curtem suas vidas (reais e virtuais) se eximindo da responsabilidade de educar, criar e dizer não quando é preciso.
Solução: conter os avanços tecnológicos não é possível, nem é o caminho, pois dependemos disso. Mas as pessoas devem ser educadas a não depender tanto desses "avanços". Usar sim, mas com limitações e responsabilidade. Exemplo: não usar em sala de aula, a menos com fins pedagógicos e quando o professor autorizar. Evitar usar no trabalho, a menos quando fizer parte do trabalho. Evitar usar nas horas de lazer com a família ou amigos. Quanto mais vida ao ar livre, leituras de livros, programas familiares ou entre amigos, melhor. Quanto menos redes sociais e aplicativos de mensagens, melhor. Pessoas se tornam zumbis quando dependem desse tipo de vida. Viver mais o real e menos o virtual, essa é a conclusão.