Uma série surpreendente em qualidade dramática e documental, com muitos detalhes sobre estratégias militares.
Duas temporadas, cada uma com 6 episódios.
Primeira temporada: a ascenção de Maomé II, o jovem sultão dos otomanos, e seu sonho de conquistar a cidade de Constantinopla [último resquício do Império Romano]. O fato histórico apresentado aí é um dos pontos de virada que mudariam o mundo. Então considero de fundamental importância conhecer.
Maomé II [Mehmed II] - o Conquistador
Segunda temporada: a luta do sultão Maomé II para derrotar um novo inimigo que outrora ele considerava quase como um irmão - o empalador Vlad Drácula, da Romênia. Esse fato histórico não tem a importância daquele da primeira temporada, mas traz muitas curiosidades sobre seus personagens e, por vários fatores, também vale a pena conhecer.
A arqueologia contemporânea discute se houve escravidão no Egito antigo. Há muitas dúvidas ainda neste tema, mas a visão de um Egito escravocrata pode ser apenas um equívoco de historiadores antigos, como o grego Heródoto, que descreveu o Egito de tempos muito anteriores ao dele sob as lentes de uma Grécia escravocrata na qual ele vivia. Essa visão também é reforçada pela mitologia bíblica e pelos filmes de Hollywood, ambos com viés ideológico. O que já se sabe é que as pirâmides foram construídas por trabalhadores livres e bem remunerados para os padrões da época.
Vídeo sobre os filmes que propagam a escravidão no Egito antigo:
O esquema abaixo [em formato de pirâmide] ilustra em linhas gerais e grosso modo a divisão social do trabalho e, por consequência, a hierarquia social do Egito faraônico.
Na base: fazendeiros, agricultores; trabalhadores livres do campo e os artesãos que produziam ferramentas básicas do trabalho cotidiano.
Um nível acima: soldados, incluindo aqueles que foram derrotados em batalha e incorporados ao exército do faraó. Obs: na Roma antiga, os guerreiros derrotados geralmente se tornavam escravos, mas no Egito era comum os vencidos serem aproveitados como aliados.
O terceiro nível: artistas especializados na construção e manutenção de obras faraônicas [obras do Estado] como túmulos e templos e outros serviços dedicados à crença da vida eterna. Esse trabalho empregava muita gente.
No estágio mais alto: o faraó e sua família, os sacerdotes e os comandantes militares. O faraó era o chefe militar e mantenedor das tradições, os sacerdotes guiavam os rumos da religião e os comandantes militares podiam assumir o posto de faraó se necessário.
Esta postagem vai abordar as línguas escritas mais antigas do mundo:
o acádio e o egípcio. Também a importância do alfabeto fenício.
Por fim, desfazer alguns mitos à luz da Ciência atual.
O Crescente Fértil
Línguas faladas na Mesopotâmia [atual Iraque]:
Sumério - língua de família isolada;
Acádio - língua do ramo semítico, falada pelos
assírios e babilônios;
Aramaico - do ramo semítico, a língua oficial dos
assírios. Ainda é falada na atual Síria.
O livro mais antigo do mundo foi escrito em língua acádia, chama-se Epopeia de Gilgamesh, narrativa baseada num mito sumério sobre um rei que governa após um dilúvio. Séculos mais tarde, seria uma inspiração para o mito hebraico da arca de Noé.
Línguas faladas em outras partes do Oriente Médio [Levante e Península Arábica]:
Fenício - língua semítica, falada na Fenícia (onde hoje é o Líbano);
Hebraico - língua semítica, falada pelos hebreus;
Árabe - língua semítica, falada pelos árabes e outros
povos.
Todas essas línguas do ramo semítico pertencem à família afro-asiática.
Aos fenícios é atribuída a invenção do alfabeto que, mais tarde, inspirou a escrita grega [língua da família indo-europeia].
Obs: além do grego, a famíliaindo-europeia inclui o sânscrito, que deu origem a uma grande parte das línguas da Índia; o persa, que deu origem às línguas faladas hoje no Irã e Afeganistão; o latim e as línguas derivadas dele; e também as línguas germânicas [alemão, holandês, inglês, dinamarquês, sueco, norueguês etc] entre outras línguas europeias e asiáticas.
Línguas no norte da África [terras entre o Mar Mediterrâneo e o Saara]
O egípcio [no nordeste], o fenício [em Cartago - hoje Tunísia] e línguas de povos berberes [no noroeste], entre outras.
Os povos do deserto [Saara - norte da África] têm origem nas migrações de povos da Anatólia [atual Turquia] e do Levante [atual Síria, Líbano e Palestina] que ocorreram antes da invenção da escrita, no período neolítico. Esses povos do leste passaram a habitar onde hoje se localizam Egito, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Mali etc. Daí uma razão para as línguas faladas no norte da África pertencerem à família afro-asiática, milênios antes de o islamismo existir.
Muito mais tarde, na Idade Média, a expansão islâmica levou para o norte da África a língua árabe, falada lá até hoje.
E na Europa, os muçulmanos propagaram as Ciências e as Artes que eles conservaram [dos gregos, romanos, egípcios, fenícios, árabes, persas, indianos, chineses...]. Isso foi o combustível que reascendeu a chama do conhecimento naquele continente, tirando-o da Idade das Trevas. Hoje conhecemos esse período como Renascimento.
No Egito [nordeste da África e Península do Sinai]:
Egípcio Antigo - língua afro-asiática, falada em todo o Egito antigo.
Copta - língua descendente do egípcio clássico, hoje sendo litúrgica em cerimônias cristãs no Egito.
Os textos religiosos mais antigos já encontrados no mundo são os Textos das Pirâmides, escritos nas paredes internas de algumas pirâmides de faraós sepultados em Sakkara. Exemplos são a pirâmide do faraó Unas e do faraó Tetis.
Obs: Imotepe foi um grande arquiteto e engenheiro. Ele projetou e construiu a primeira pirâmide do mundo, a pirâmide de Djoser, na necrópole de Sakkara . Todo o resto que se afirma hoje sobre ele é lenda e misticismo, não História.
A arqueologia atual sabe e afirma que as pirâmides não foram construídas com trabalho escravo. Foram construídas por artesãos especializados e bem pagos, e era um serviço de prestígio na época.
O Egito se localiza em dois continentes: África e Ásia [Península do Sinai]. Por sua posição geográfica, foi uma região de intensas migrações, principalmente entre África e Oriente Médio, desde a pré-história. Isso inclui relações comerciais amistosas e períodos de disputa territorial [guerras].
O tratado de paz mais antigo que se tem conhecimento foi firmado entre egípcios e hititas [povo indo-europeu da Anatólia] durante o governo de Ramsés II.
Obs: o êxodo dos hebreus é uma narrativa mitológica, não um fato histórico. Por mais que se procure, não há evidências arqueológicas do êxodo, mas há muitas evidências contrárias a tal narrativa, que por seu estilo literário, denota ser um mito de fundação.
A estela de Meremptah não menciona o povo de Israel. Ela é um monolito comemorativo às vitórias bélicas do faraó. O nome mencionado é "isiriar", povo que [segundo o texo] foi massacrado pelo faraó. Não há como afirmar se tratar de Israel.
Mais tarde, o Egito foi dominado pelos persas. Eles só recuaram quando o exército de Alexandre da Macedônia os venceu. A partir daí, a cultura egípcia e grega se fundiram, dando origem à famosa Biblioteca de Alexandria, que mantinha os textos mais importantes da época. E por 300 anos houve avanços científicos e grandes obras literárias guardados por essa biblioteca. Mulheres como a rainha Cleópatra VII e a cientista Hipátia de Alexandria zelaram por esse riquíssimo acervo literário, que variava entre descobertas astronômicas, peças teatrais do dramaturgo Sófocles, textos líricos da poetisa Safo de Lesbos, entre outros.
Obs: filósofos como Tales de Mileto e outros passaram pelo Egito muito antes desse período helenístico. Lá possivelmente eles receberam conhecimentos matemáticos egípcios, entre outras coisas. Ou seja, a interação entre Egito e o mundo grego já existia há pelo menos 1 século antes de Alexandre da Macedônia.
Após a morte de Cleópatra VII, última rainha macedônica, o Egito passou ao domínio do Império Romano. Séculos mais tarde, com a cristianização do Império Romano, a Biblioteca de Alexandria foi destruída e quase todo o seu acervo foi perdido para sempre. Hipátia de Alexandria [bibliotecária-chefe, filósofa, astrônoma e professora] foi brutalmente espancada até a morte.
Obs: a polêmica sobre a etnia da rainha Cleópatra e dos egípcios antigos
Sobre Cleópatra, com base na História e na iconografia da época, muito provavelmente era de linhagem macedônica pura, visto que reis e rainhas no Egito eram filhos de casamentos incestuosos entre membros da realeza. E sabe-se que essa era a regra também no período dos faraós macedônicos.
Sobre a etnia dos egípcios antigos, é uma questão ainda mais polêmica. A Ciência não tem uma resposta definitiva. O que pode ser descartado é o que clamam os grupos ideológicos que defendem uma identidade étnica, seja ela branca ou negra ou outras. Historicamente, o Egito sempre foi multiétnico. Porém, isso não significa que eram brancos ao norte, negros ao sul e miscigenados entre o norte e o sul. As noções atuais de branco [caucasoide] e negro [África subsaariana] não se aplicam dessa forma ao Egito antigo. Nem mesmo a noção de árabe pode ser aplicada de forma simplista e genérica ao Egito atual, muito menos no Egito Antigo.
Essa polêmica surgiu principalmente de grupos ideológicos que, com manipulação de informações [pseudociência] reivindicam essa rica cultura proclamando-se como únicos herdeiros, caracterizando uma apropriação indevida e desrespeitosa para com o povo egípcio atual e sua história.
Para concluir, o problema não é atores brancos ou negros [ou latinos ou mestiços...] fazendo papéis de egípcios. O problema é quando uma etnia distante do Egito reivindica para si o legado histórico egípcio, como tem acontecido. O Egito nada tem a ver com o Senegal e a Etiópia, e muito menos com o Brasil e os Estados Unidos da América. Cada um desses povos tem a sua história. A ideologia afrocêntrica [ou pan-africanismo, surgido na déc. 1970] é tão equivocada quanto foi a ideologia eurocêntrica anteriormente. Ambas são pseudociência.
Mais informações sobre questões étnicas do Egito no link abaixo: