Ao vir de antiga terra, disse-me um viajante,
Duas pernas de pedra, enormes e sem corpo,
Acham-se no deserto. E jaz, pouco distante,
Afundando na areia, um rosto já quebrado,
de lábio desdenhoso, olhar frio e arrogante
Mostra esse aspecto que o escultor bem conhecia.
Quantas paixões lá sobrevivem nos fragmentos,
À mão que as imitava e ao peito que as nutria!
No pedestal estas palavras notareis:
"Meu nome é Ozimândias, e sou Rei dos Reis
Desesperai, ó Grandes, vendo as minhas obras!"
Nada subsiste ali. Em torno à derrocada
Da ruína colossal, areia ilimitada
Se estende ao longe, rasa, nua, abandonada.
Percy Bysshe Shelley, 1818.
Tradução de Eugênio da Silva Ramos.
Comentário:
No poema vemos um exemplo de efemeridade: o tempo a tudo corrói, destrói, derruba, leva consigo... Até mesmo a pretensa "divindade" do Faraó Ozimândias (Ramsés II) cujo império e poder foram consumidos pelas areias do tempo.
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