quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Casos recorrentes de pronome-cópia

Leia a oração abaixo:

"O jovem do Ensino Médio, ele não pode ficar com 12 matérias [...]"
(O Globo, 22/09/2014)

Há algum tempo tenho reparado essa construção cada vez mais presente na fala e, às vezes, na escrita de alunos de todos os níveis de escolaridade e classe social.

Na construção "O jovem do Ensino Médio, ele não pode ficar com 12 matérias [...]" ocorre o que os estudos sociolinguísticos classificam como pronome-cópia. Nessa estrutura sintática, que é do tipo que mais tenho notado no dia a dia, o pronome-cópia [ele] repete o sujeito [O jovem do Ensino Médio] que está imediatamente anteposto a ele.

Na gramática normativa, as únicas construções aceitas seriam:
1- O jovem do Ensino Médio não pode ficar com 12 matérias [...] ou
2- Ele não pode ficar com 12 matérias [...].
3- Ele, o jovem do Ensino Médio, não pode ficar com 12 matérias [...].

O sujeito em cada uma das orações acima está em negrito. A explicação é que o sujeito simples só pode ter um núcleo [jovem na oração 1 e Ele na oração 2]. Na oração 3 o sujeito é Ele, enquanto "o jovem do Ensino Médio" é um aposto que explica o termo anterior. Note que o aposto aparece entre vírgulas.

Portanto, na gramática normativa, a cópia ou repetição do sujeito por um pronome seria uma redundância semântica e um desvio sintático. Sendo assim, construções do tipo "O jovem do Ensino Médio, ele não pode ficar com 12 matérias [...]" devem ser evitadas na fala e na escrita.

Todavia, uma explicação alternativa é que o pronome-cópia nesse tipo de construção enfatizaria o sujeito que está topicalizado. Isso pode ser notado na entonação que o falante dá ao pronome-cópia.

Esta postagem permanecerá, pelo menos por hora, inconclusiva. Mas o tema é muito pertinente aos estudos gramaticais, pragmáticos, semânticos, sociolinguísticos e estilísticos.

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