O conto “A menor mulher do mundo”
de Clarice Lispector é marcado pela alteridade, no sentido do estranhamento em
relação ao outro.
Cada personagem dessa narrativa é
tomada por um sentimento diferente ao se deparar com a fotografia de uma mulher
pigmeia: aflição, ternura, identificação, dó, adoção, rejeição e outra a vê
como um brinquedo.
Em parte dessas reações há uma pequena
empatia e de outra parte existe a coisificação e a animalização [desumanização]
daquela mulher: “é tristeza de bicho, não é tristeza humana”. ¹
A personagem do explorador, por
sua vez, sente mal-estar ao ver a pigmeia rindo, desconhecendo a razão daquele
riso e incrédulo da capacidade dela de rir.
Essas reações provenientes de uma
classe média branca urbanizada a uma pequenina mulher negra de uma tribo de
pigmeus demonstram a alteridade que se manifesta no contato com outros modos de
existência, aparência e origem.
¹ LISPECTOR, Clarice. Laços de família: contos. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
Nenhum comentário:
Postar um comentário