Gostar de tomar susto assistindo
a filmes de terror ou descendo uma montanha russa. A isto dou o nome de “terror
auto-infligido”. Mas não fica apenas nisso, como podemos ver a seguir.
Alguns casos clássicos:
a) O Autocrítico – o sujeito que
sofreu uma castração rígida no período edipiano e que por isso possui um alto
sistema de valores morais. Este sujeito não se permite à felicidade plena,
mesmo quando tudo está bem em sua vida. Ele sempre se compara aos outros
(alteridade), mas de modo a diminuir-se e cobrar-se mais.
a.1) Casos extremos: síndrome de pânico e transtorno de pânico.
b) O "crítico do vizinho" – este
sujeito projeta suas insatisfações pessoais no outro (alteridade).
b.1) Caso extremo: o sádico –
aquele que sente prazer no sofrimento alheio.
c) O apaixonado pelo desprezo –
aquele sujeito que sempre se apaixona pela pessoa que mais o despreza. Há aí
uma necessidade do sujeito de sofrer nas mãos de um outro (alteridade).
c.1) Caso extremo: o masoquista –
aquele que sente prazer na dor física e/ou psicológica infligida por um outro.
Todos esses casos podem ser
vistos nos estudos psicanalíticos e na literatura em geral: em personagens,
narradores ou no eu lírico de alguns autores. O terror auto-infligido é muito
comum. Reconhecê-lo e compreender suas razões é compreender a própria
complexidade do ser.
É importante salientar que o terror auto-infligido é também um sofrimento auto-infligido.
No campo social isso pode ser notado também, por exemplo, no pessimismo político que algumas pessoas manifestam, tanto em época de paz como em época de guerra, tanto na recessão econômica quanto no crescimento do país. Isto são sintomas de uma era pessimista. Por mais que as pessoas desfrutem de um padrão digno de vida, de "bens" de consumo e das facilidades tecnológicas, há muitas queixas e a sensação de que tudo vai mal. O pessimismo social é um terror auto-infligido, mas também é um terror infligido pela influência de terceiros – a mídia, por exemplo.
Em razão do medo, a sociedade cede ao controle de terceiros. Isso até ela descobrir que não há razão para ter medo.
Dica de filme: "O primeiro amor" (Flipped, EUA, 2010).