Cuidado com a língua nunca é demais!
Quando vejo um Mestre de uma universidade federal publicar um artigo cujo resumo começa assim: "O presente trabalho pretende apresentar [...]" Pr, pr, pr... Parece que estou ouvindo o coaxar do sapo cururu no campo da cacofonia. Como continuar lendo um artigo que começa assim? Onde está a criatividade ao iniciar um texto?
Outro exemplo:
Um outro Mestre também de uma universidade federal usa a abreviatura Ms para se apresentar como Mestre. Façam uma visita ao site da Academia Brasileira de Letras e vejam qual é a abreviatura correta para Mestre/Mestra!
E são esses acadêmicos que, de longe, bem longe das salas de aula do ensino fundamental, criticam o "ensino tradicional da gramática normativa". Dizem que "há uma ideologia dominante por trás da escolha da variante culta da língua", e que os alunos devem ser "ensinados a pensar por eles mesmos, terem pensamentos críticos, serem questionadores".
Mas proponho duas questões:
1- Como esses acadêmicos aprenderam a escrever e publicar artigos? Resposta: na época em que eram alunos do ensino fundamental, foram obrigados a estudar a chata gramática tradicional e normativa imperialista dominante. E se não tivessem tido esse conteúdo no ensino fundamental, os textos desses Mestres seriam muito piores!
2- Se abandoarmos de vez o ensino da gramática tradicional no ensino fundamental e focarmos nossos esforços em ensinar o aluno a ser um questionador o que teríamos? Resposta: pessoas que não sabem ler e escrever corretamente (com coesão, coerência e conteúdo) e que não conseguem compreender e interpretar o que leem, mas que criticam, duvidam e questionam tudo (a sabedoria intrínseca em um texto filosófico ou literário, a autoridade dos pais, a autoridade de um professor, a hierarquia em uma sociedade, o motivo de ele estar na escola, a razão de ele ser obrigado a estudar conteúdos de que ele não gosta...). E isso infelizmente nós já temos, mas seria ainda pior! Seria uma anarquia! Seria o fim da civilização!
Antes de ser crítico e questionador, o aluno deve ser capaz de entender o que lê. E conhecer as normas básicas de comunicação em sociedade. Questionar sem entender não é ser crítico, é ser ignorante (etimologia do grego, significa sem conhecimento).
Obviamente, toda variante oral deve ser respeitada e o preconceito linguístico combatido. Mas o pensamento crítico só se torna realmente possível a partir de um letramento bem feito, um conhecimento linguístico apurado e um conhecimento de causa (a partir de muitas leituras comparativas, pesquisas científicas e experiências empíricas).
Não se deve ensinar o aluno do ensino fundamental a ser um crítico sem conteúdo, um questionador de tudo, ao contrário, ele deve ser ensinado a abraçar a oportunidade que lhe está sendo ofertada. A educação é o bem mais valioso de que ele pode dispor para ampliar seus horizontes. E se ficarmos apenas nessa de "valorizar o contexto social do aluno" ele não terá a chance de conhecer novos horizontes, novas oportunidades, outras realidades, mas ficará preso apenas a aquela realidade e contexto social que ele já conhece.
Deve-se ensinar o aluno a pensar, a refletir sobre um texto. Mas as reflexões devem ser orientadas e guiadas pelo professor baseando-se em valores humanos universais. O pensamento crítico individual só virá com a idade e a maturidade, mas após um longo percurso de letramento (com gramática tradicional, muita leitura, muita produção de texto, muita correção e revisão). Não na infância, não na adolescência, o pensamento crítico tem seu lugar na vida adulta, cidadã, totalmente responsável por seus atos. E, reitero, após um longo e árduo processo de letramento (a educação não tem que ser lúdica todo o tempo, ela necessita de trabalho árduo e dedicação do estudante).
Não se deve ensinar o aluno do ensino fundamental a ser um crítico sem conteúdo, um questionador de tudo, ao contrário, ele deve ser ensinado a abraçar a oportunidade que lhe está sendo ofertada. A educação é o bem mais valioso de que ele pode dispor para ampliar seus horizontes. E se ficarmos apenas nessa de "valorizar o contexto social do aluno" ele não terá a chance de conhecer novos horizontes, novas oportunidades, outras realidades, mas ficará preso apenas a aquela realidade e contexto social que ele já conhece.
Deve-se ensinar o aluno a pensar, a refletir sobre um texto. Mas as reflexões devem ser orientadas e guiadas pelo professor baseando-se em valores humanos universais. O pensamento crítico individual só virá com a idade e a maturidade, mas após um longo percurso de letramento (com gramática tradicional, muita leitura, muita produção de texto, muita correção e revisão). Não na infância, não na adolescência, o pensamento crítico tem seu lugar na vida adulta, cidadã, totalmente responsável por seus atos. E, reitero, após um longo e árduo processo de letramento (a educação não tem que ser lúdica todo o tempo, ela necessita de trabalho árduo e dedicação do estudante).
Como alguém pode ser crítico se ainda não responde criminalmente por seus atos? Como alguém pode ser crítico se ainda não é emancipado dos pais? Como alguém pode pode ser crítico numa fase biopsicológica em que o mais primordial é a aceitação e inserção em um grupo social, valorizando mais a opinião alheia do que a construção da própria individualidade? Como alguém pode ser crítico quando usa o celular o tempo todo na sala de aula com fones para ouvir música (celular que ganha dos pais e cuja conta é bancada pelos pais)?
Esse último parágrafo levanta outras questões que vão além da sala de aula.
Um celular com câmera, gravador de voz e acesso à internet e com tudo de ruim que a internet pode oferecer, desde redes sociais até pornografia e violência, é muito poder e responsabilidade na mão de uma criança ou adolescente que ainda desconhece noções mínimas de responsabilidade. Obviamente o celular com jogos violentos e coloridos lhes parece mais atrativo do que a aula chata de gramática normativa, ou exercícios matemáticos ou textos de qualquer disciplina curricular, o que demandaria a eles concentração e trabalho árduo.
Outra questão a ser levantada é a infantilização de crianças e jovens em nossa sociedade. Há um fetiche brasileiro pela infância risonha e irresponsável. Essa corrente luta contra uma infância proveitosa, responsável, estudiosa e séria. No senso comum, a infância é uma época de alegrias e brincadeiras apenas, sem traumas, sem conflitos. Mas isso nunca foi verdade! A infância é a época mais marcante para traumas e sonhos, é a época mais biologicamente eficaz para estimular a criação de uma sociedade cidadã e responsável ou para se criar rebeldes que não se adequam à vida em conjunto. Porém, defender a ideia de que a criança deve ter tarefas, deve ser responsável e séria se tornou uma afronta para alguns "pais e teóricos da educação".
Esses pais e teóricos deveriam pensar o seguinte: "Se não fossem por aqueles pai e mãe presentes, se não fossem por aqueles professores rígidos, se não fossem todas aquelas cobranças, se não fosse o ensino tradicional de conteúdos curriculares, onde eu estaria agora?". Eles devem parar de levar seus traumas infantis para as reuniões de pais ou para seus artigos acadêmicos e pensar no bem que a rigidez, disciplina e cobrança fizeram a eles próprios. Não cobrar é o mesmo que abandonar o aluno ao próprio destino.
Reitero: o ensino pode até ser lúdico algumas vezes, mas jamais pode dispensar a rigidez, o trabalho árduo, a disciplina comportamental e a cobrança. Os conteúdos curriculares básicos e fundamentais nem sempre são atraentes, mas não são dispensáveis. A tabuada, a conjugação de verbos, a linha do tempo de fatos históricos, a memorização de mapas, entre outros, são conteúdos que os alunos devem ter na ponta da língua antes de se pensar em ensinar a eles o "pensamento crítico".
E o cuidado com a língua nunca é demais. Se isso não for levado a sério, daqui a pouco teremos professores de Língua Portuguesa escrevendo "intendi" (entendi), "fraze" (frase) etc; como já vi por aí.
Esse último parágrafo levanta outras questões que vão além da sala de aula.
Um celular com câmera, gravador de voz e acesso à internet e com tudo de ruim que a internet pode oferecer, desde redes sociais até pornografia e violência, é muito poder e responsabilidade na mão de uma criança ou adolescente que ainda desconhece noções mínimas de responsabilidade. Obviamente o celular com jogos violentos e coloridos lhes parece mais atrativo do que a aula chata de gramática normativa, ou exercícios matemáticos ou textos de qualquer disciplina curricular, o que demandaria a eles concentração e trabalho árduo.
Outra questão a ser levantada é a infantilização de crianças e jovens em nossa sociedade. Há um fetiche brasileiro pela infância risonha e irresponsável. Essa corrente luta contra uma infância proveitosa, responsável, estudiosa e séria. No senso comum, a infância é uma época de alegrias e brincadeiras apenas, sem traumas, sem conflitos. Mas isso nunca foi verdade! A infância é a época mais marcante para traumas e sonhos, é a época mais biologicamente eficaz para estimular a criação de uma sociedade cidadã e responsável ou para se criar rebeldes que não se adequam à vida em conjunto. Porém, defender a ideia de que a criança deve ter tarefas, deve ser responsável e séria se tornou uma afronta para alguns "pais e teóricos da educação".
Esses pais e teóricos deveriam pensar o seguinte: "Se não fossem por aqueles pai e mãe presentes, se não fossem por aqueles professores rígidos, se não fossem todas aquelas cobranças, se não fosse o ensino tradicional de conteúdos curriculares, onde eu estaria agora?". Eles devem parar de levar seus traumas infantis para as reuniões de pais ou para seus artigos acadêmicos e pensar no bem que a rigidez, disciplina e cobrança fizeram a eles próprios. Não cobrar é o mesmo que abandonar o aluno ao próprio destino.
Reitero: o ensino pode até ser lúdico algumas vezes, mas jamais pode dispensar a rigidez, o trabalho árduo, a disciplina comportamental e a cobrança. Os conteúdos curriculares básicos e fundamentais nem sempre são atraentes, mas não são dispensáveis. A tabuada, a conjugação de verbos, a linha do tempo de fatos históricos, a memorização de mapas, entre outros, são conteúdos que os alunos devem ter na ponta da língua antes de se pensar em ensinar a eles o "pensamento crítico".
E o cuidado com a língua nunca é demais. Se isso não for levado a sério, daqui a pouco teremos professores de Língua Portuguesa escrevendo "intendi" (entendi), "fraze" (frase) etc; como já vi por aí.
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