terça-feira, 28 de julho de 2020

A menor mulher do mundo (análise)


O conto “A menor mulher do mundo” de Clarice Lispector é marcado pela alteridade, no sentido do estranhamento em relação ao outro.

Cada personagem dessa narrativa é tomada por um sentimento diferente ao se deparar com a fotografia de uma mulher pigmeia: aflição, ternura, identificação, dó, adoção, rejeição e outra a vê como um brinquedo.

Em parte dessas reações há uma pequena empatia e de outra parte existe a coisificação e a animalização [desumanização] daquela mulher: “é tristeza de bicho, não é tristeza humana”. ¹

A personagem do explorador, por sua vez, sente mal-estar ao ver a pigmeia rindo, desconhecendo a razão daquele riso e incrédulo da capacidade dela de rir.

Essas reações provenientes de uma classe média branca urbanizada a uma pequenina mulher negra de uma tribo de pigmeus demonstram a alteridade que se manifesta no contato com outros modos de existência, aparência e origem.


¹ LISPECTOR, Clarice. Laços de família: contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.

Nenhum comentário:

Postar um comentário