sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Pensamento oriental II

O guerreiro

Primeiro o homem não sabe lutar. Ele quer aprender a se defender.  Depois ele quer ser capaz de matar. O homem deseja ter o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer. Ele então se torna aprendiz e inicia o estudo na arte da espada. O caminho é duro. A vontade guia o aprendiz aos três estágios do conhecimento:

No início, a espada torna-se um prolongamento do guerreiro. Homem e espada são como um só. Esta é a fase onde ele alcança a habilidade e destreza com a espada. O guerreiro tem orgulho do que conseguiu conquistar com seu esforço.

Depois, a espada não reside mais na mão, mas sim no coração. Mesmo sem uma arma, o guerreiro é capaz de matar seu oponente a cem passos dele. Essa é a fase na qual o guerreiro supera qualquer oponente.

Mas o ideal máximo, é quando o guerreiro envolve tudo ao seu redor. A espada desaparece. A vontade de matar não existe mais, só resta a paz. Nesta fase, o guerreiro supera a si mesmo. Ele é como um rio claro e calmo, transparente e tranquilo.

Do filme Herói, China, 2002, direção de Zhang Yimou.

  

O artista marcial


O bom artista marcial não fica tenso, mas preparado. Não sonha, mas aceita o que vier. Quando seu oponente contrai, ele expande, e quando ele expande, seu oponente contrai. Quando surge a oportunidade, não sou eu quem atinge meu oponente, mas ele se atinge sozinho. 

(Bruce Lee, filósofo graduado, artista marcial - criador do Jeet Kune Do - e ator de filmes).



O bom mestre e o bom discípulo 

O idealista é iniciado pela sua vontade de saber. Ele sonha em atingir o saber.
Ele passa por provações até que ele demonstre não o que sabe, mas o que não sabe.
Torna-se amigo da sabedoria  ou filósofo quando ele conserva uma mente que não sabe.
Torna-se discípulo em  provação quando ele  realmente  desconhece todos os pré-conceitos.
Torna-se discípulo aceito quando a sua disciplina e a razão superam o corpo e a mente.
Torna-se mestre quando ele finalmente se desapega de todas  paixões de seu corpo.
Ele é um avatar  quando supera não só o seu corpo,  mas a própria realidade aparente.
(Autor desconhecido)



Confúcio ( China, 551 a.C.)
“saber do que se esqueceu e lembrar do que se aprendeu”

Confúcio não se dizia sábio, nem se considerava filósofo, ele achava que seu conhecimento vinha da sabedoria de seus antepassados (Confúcio estudava a tradição e valorizava muito isso), então por essa razão ele pensava mais em si mesmo como um historiador, e não filósofo. “É por retomar o antigo, que se aprende o novo” - Confúcio.

Assim, ele via importância nas tradições e atribuía seu conhecimento ao fato de valorizar a memória de seus antepassados.
"Perceber a cada dia o que se
perdeu,e em um mês não esquecer daquilo que
aprendeu; pode-se afirmar que isto é gostar de
aprender”.



A experiência da meditação oriental

Por um momento, os pensamentos desaparecem e podem até mesmo deixar de surgir. A mente está simplesmente presente, nada fazendo e nada sendo além de si mesma. Este é o primeiro momento em que se descobre que você, o você verdadeiro, o você fundamental, existe separado dos seus pensamentos. Você não é os seus pensamentos. A estranha máxima de Descartes, “Penso, logo existo”, em que aparentemente se baseia grande parte das ideias ocidentais a respeito de quem e o quê somos, é considerada nesse momento absurdamente falsa. Ela deveria ser reformulada, invertida, até se tornar: “Existo, logo penso”.

FONTANTA, David. Elementos da Meditação. Trad. Cláudia Gerpe Duarte. Rio de Janeiro: Ediouro S. A., 1993.




O problema das palavras

Na meditação não alcançamos um conhecimento, mas sim um não-conhecimento. Um insight do mistério da existência que é mais vivenciado do que conhecido. A própria idéia de conhecimento atrapalha, uma vez que nos sugere uma fórmula que pode ser compreendida, escrita e transmitida diretamente às outras pessoas. Muitos mestres zen insistem em conservar o que chamam de: uma-mente-que-não-sabe, uma mente aberta em vez de uma mente que quer classificar e rotular as coisas. Classifique e rotule se desejar, dizem eles, mas você acabará conhecendo apenas suas categorias e rótulos, e não as coisas que são classificadas e rotuladas. Uma vez que julgamos saber, fechamos nossa mente a outras possibilidades, em vez de esperar para ver o que a experiência traz.

FONTANTA, David. Elementos da MeditaçãoTrad. Cláudia Gerpe DuarteRio de Janeiro: Ediouro S. A., 1993.

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