O guerreiro
Primeiro o homem não sabe lutar.
Ele quer aprender a se defender. Depois
ele quer ser capaz de matar. O homem deseja ter o poder de decidir quem deve
viver e quem deve morrer. Ele então se torna aprendiz e inicia o estudo na arte
da espada. O caminho é duro. A vontade guia o aprendiz aos três estágios do
conhecimento:
No início, a espada torna-se um
prolongamento do guerreiro. Homem e espada são como um só. Esta é a fase onde
ele alcança a habilidade e destreza com a espada. O guerreiro tem orgulho do
que conseguiu conquistar com seu esforço.
Depois, a espada não reside mais
na mão, mas sim no coração. Mesmo sem uma arma, o guerreiro é capaz de matar
seu oponente a cem passos dele. Essa é a fase na qual o guerreiro supera
qualquer oponente.
Mas o ideal máximo, é quando o
guerreiro envolve tudo ao seu redor. A espada desaparece. A vontade de matar
não existe mais, só resta a paz. Nesta fase, o guerreiro supera a si mesmo. Ele
é como um rio claro e calmo, transparente e tranquilo.
Do filme Herói, China, 2002, direção de Zhang Yimou.
O artista marcial
O bom artista marcial não fica
tenso, mas preparado. Não sonha, mas aceita o que vier. Quando seu oponente
contrai, ele expande, e quando ele expande, seu oponente contrai. Quando surge
a oportunidade, não sou eu quem atinge meu oponente, mas ele se atinge sozinho.
(Bruce Lee, filósofo graduado, artista marcial - criador do Jeet Kune Do - e ator de filmes).
O bom mestre e o bom discípulo
O idealista é iniciado pela sua vontade de saber. Ele sonha
em atingir o saber.
Ele passa por provações até que ele demonstre não o que
sabe, mas o que não sabe.
Torna-se amigo da sabedoria
ou filósofo quando ele conserva uma mente que não sabe.
Torna-se discípulo em
provação quando ele
realmente desconhece todos os
pré-conceitos.
Torna-se discípulo aceito quando a sua disciplina e a razão
superam o corpo e a mente.
Torna-se mestre quando ele finalmente se desapega de
todas paixões de seu corpo.
Ele é um avatar
quando supera não só o seu corpo,
mas a própria realidade aparente.
(Autor desconhecido)
Confúcio ( China, 551 a .C.)
“saber
do que se esqueceu e lembrar do que se aprendeu”
Confúcio não se dizia sábio, nem se considerava
filósofo, ele achava que seu conhecimento vinha da sabedoria de seus
antepassados (Confúcio estudava a tradição e valorizava muito isso), então por
essa razão ele pensava mais em si mesmo como um historiador, e não filósofo. “É
por retomar o antigo, que se aprende o novo” - Confúcio.
Assim, ele via importância nas tradições e atribuía
seu conhecimento ao fato de valorizar a memória de seus antepassados.
"Perceber a cada dia o que se
perdeu,e em um mês não esquecer
daquilo que
aprendeu; pode-se afirmar que isto é gostar de
aprender”.
aprendeu; pode-se afirmar que isto é gostar de
aprender”.
A experiência da meditação oriental
Por um momento, os
pensamentos desaparecem e podem até mesmo deixar de surgir. A mente está
simplesmente presente, nada fazendo e nada sendo além de si mesma. Este é o
primeiro momento em que se descobre que você, o você verdadeiro, o você
fundamental, existe separado dos seus pensamentos. Você não é os seus
pensamentos. A estranha máxima de Descartes, “Penso, logo existo”, em que
aparentemente se baseia grande parte das ideias ocidentais a respeito de quem e
o quê somos, é considerada nesse momento absurdamente falsa. Ela deveria ser
reformulada, invertida, até se tornar: “Existo, logo penso”.
FONTANTA, David. Elementos da Meditação. Trad.
Cláudia Gerpe Duarte .
Rio de Janeiro :
Ediouro S. A., 1993.
O
problema das palavras
Na meditação não alcançamos um conhecimento, mas
sim um não-conhecimento. Um insight
do mistério da existência que é mais vivenciado do que conhecido. A própria
idéia de conhecimento atrapalha, uma vez que nos sugere uma fórmula que pode
ser compreendida, escrita e transmitida diretamente às outras pessoas. Muitos
mestres zen insistem em conservar o que chamam de: uma-mente-que-não-sabe, uma
mente aberta em vez de uma mente que quer classificar e rotular as coisas.
Classifique e rotule se desejar, dizem eles, mas você acabará conhecendo apenas
suas categorias e rótulos, e não as coisas que são classificadas e rotuladas.
Uma vez que julgamos saber, fechamos nossa mente a outras possibilidades, em
vez de esperar para ver o que a experiência traz.
FONTANTA, David. Elementos da Meditação. Trad. Cláudia Gerpe
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