A razão que me leva a escrever
É o fato de razão no mundo não haver.
E se alguma ordem há,
Nenhuma língua lha pode explicar.
É precisamente esta lacuna muda
Que rompe o silêncio d’alma bruta
E inculta, a alma não fala,
Mas diz algo, não se cala.
E lhe força a entender a obviedade
De que os extremos são partes da verdade,
Todavia, não está completamente nua,
Porque o universo é uma ferradura –
E as pontas se tocando
Lembram amantes se beijando.
Portanto, O Todo despido
É um Nada vestido;
Assim como toda dor é poesia
E todo verossímil é fantasia;
E a morte é a primeira despedida
E cada vício uma afirmação de vida;
Como cada um é seu próprio universo,
E ao mesmo tempo o seu inverso.
E a tristeza é notar estupefato
Que estou certo e ao mesmo tempo errado.
O nada é alguma coisa
E palavras não ditas dizem algo.
Quando digo coisa alguma,
Estou dizendo alguma coisa.
Muito bom mesmo!
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