sábado, 6 de maio de 2023

Ensino de língua materna

 A formação do professor de língua materna


Metalinguagem = espelho infinito = sem fim, inconclusivo.













Para ensinar o básico, deve-se conhecer a fundo o conteúdo a ser ensinado.

O professor de língua materna não pode limitar o seu conhecimento apenas à língua que ele ensina. O uso da língua materna para entender ela mesma, às vezes, é insuficiente. 

Metalinguagem é utilizar um código para explicar ou analisar o próprio código. É imprescindível haver também uma análise de fora, um ponto de vista exterior, ou seja, de um outro código linguístico.

O problema da metalinguagem é a confusão que ela causa em si mesma, como vemos na imagem acima.

O professor de Língua Portuguesa tem que conhecer, ao menos, uma língua estrangeira bem, e outras razoavelmente.

O professor de Gramática tem que conhecer também a Linguística e a Literatura.

O professor de Literatura tem que conhecer, além das literaturas mundiais e teorias literárias, outras abordagens: históricas, antropológicas, psicológicas, linguísticas etc.

O professor de Linguística obviamente conhece bem a Gramática tradicional. Mas tem que conhecer também, além de vários ramos da Linguística, outras abordagens. Isto inclui línguas estrangeiras, Estilística e teorias literárias.

A Linguística por si só é capaz de desmentir alguns eventos tidos como "fenômenos", mas que são, na verdade, mero charlatanismo. Ex: regressão a vidas passadas, reencarnação, possessões, mediunidade,  "dom" de línguas etc. 

Como especialista em linguagens, incluindo verbal e não verbal, é desejável que esse professor tenha conhecimentos básicos em artes visuais e música. E em se tratando de linguagem mista: leitura de mapas, gráficos etc são conhecimentos mais do que relevantes.

A Filosofia pode ser definida como a organização de um pensamento. Essa organização [e a Filosofia, portanto] é feita por textos. Todos os ramos da Filosofia dependem da língua verbal para existir, incluindo a Lógica, que é o ramo que estuda como organizar o pensamento verbal. 

É desejável que o especialista em linguagens e ensino de língua seja também leitor de Filosofia,  estudioso da Lógica e conhecedor crítico de falácias.

O professor de língua materna tem que conhecer tudo isso. Já o tradutor tem que conhecer tudo isso e mais: Filologia, História e biografia do autor [se for o caso].

Portanto, perceba que, a formação de especialistas no Ensino de Língua Materna não é algo simples como pode parecer a quem está de fora [leigo].

A língua verbal e todas as formas de linguagens humanas são o que mais nos define como humanos, muito mais do que a nossa biologia. Os seres humanos são os únicos animais na Terra que expressam a sua consciência por meio de língua verbal. E isso é muito avançado!

Devemos lembrar que alguns animais, como exemplo os chipanzés, podem aprender linguagem de sinais. Isso também significa muito! Mas a linguagem de sinais dos símios não é capaz de produzir narrativas, ficções e cultura como a linguagem de sinais que humanos surdos usam. Essa é a diferença entre linguagem de sinais [usada por símios] e língua de sinais [usada por pessoas surdas]. A língua de sinais é uma língua verbal não oral.

Até hoje, os seres humanos ainda são os únicos animais na Terra a construir mundos a partir de  símbolos, a criar símbolos, a dar significado à abstração, a criar abstração, a inventar narrativas e fazer a ficção se tornar parte constituinte e vital de uma comunidade. Isso foi fator determinante para a nossa organização social e sobrevivência evolutiva.

Dica de leitura: Sapiens - Uma breve história da humanidade (Yuval Noah Harari).

Estudar, compreender e ensinar a nossa própria língua não é tarefa para qualquer aventureiro. E a metodologia de ensino de língua materna se faz em todos esses conhecimentos somados, não em livros rasos de didática. 

Para ensinar o básico, deve-se conhecer a fundo o conteúdo a ser ensinado.


Bônus:


CiênciaTodoDia: A História da vida na Terra em 8min.

"A vida e a História dela é bastante semelhante a ler uma história. Só que essa história nós não estamos lendo do ponto de vista do narrador, nós somos um dos milhares de personagens"

(Pedro Loss, canal Ciência Todo Dia in You Tube)


Resenha do livro "Sapiens: Uma breve história da humanidade


O autor do livro explica como a capacidade dos seres humanos de criar narrativas ficcionais foi vital para a nossa organização como espécie e sobrevivência evolutiva.

Um comentário:

  1. Amo ficções que trazem retalhos dos fatos vivenciados no decorrer da humanidade. Renan, parabéns pelas sugestões.

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