[...] prova, que especificamente soubessem da
conjuração e dos ajustes dos conjurados, mas que somente souberam das
diligências públicas, e particulares, que fazia o réu Tiradentes, para induzir
gente para o levante, e estabelecimento da república, pelas práticas gerais que
com ele teve, ou pelos convites que lhes fez para entrarem na sublevação,
suposto que não estejam em igual grau de malícia e culpa como os sobreditos
réus, contudo a reserva de segredo de que usaram, sem embargo de reconhecerem,
e deverem reconhecer a obrigação que tinham de delatar isso mesmo que sabiam,
pela qualidade e importância do negócio, sempre faz um forte indício da sua
pouca fidelidade, o que sempre é bastante para estes réus ao menos serem
apartados daqueles lugares onde uma vez se fizeram suspeitosos, porque o
sossego dos povos e conservação do Estado pedem todas as seguranças para que a
suspeita do contágio da infidelidade de uns, não venha a comunicar-se e
contaminar os mais.
Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva
Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi do Regimento pago da
Capitania de Minas, a que, com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas
públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que
depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde no lugar
mais público dela, será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e
o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes, pelo caminho
de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames
práticas, e os mais nos sítios das maiores povoações, até que o tempo também os
consuma, declaram o réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens
aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada
e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será
avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e mesmo chão se levantará um
padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu; [...]
http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/Autos%20da%20devassa%20completo.pdf
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