terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Adventure (Atari)


Adventure é um jogo de Atari, criado por Warren Robinett e lançado em 1979.

Muito antes de Alex Kidd, Double Dragon, Sonic, Super Mario, Prince of Persia, Rock n’ Roll Racing, Street Fighter, Mortal Kombat, Samurai Shodow (Samurai Spirit) e Tekken eu me divertia na década de 1980 com o Atari.

Estou falando de Pac-Man, River Raid, Phoenix, Enduro, rã atravessando a rua, polícia correndo atrás de fugitivo do presídio dentro de um supermercado. Eram jogos simples, mas que faziam a cabeça da garotada nessa década. Jogava com meu pai, com amigos ou sozinho e sempre me divertia muito. Mas nenhum jogo dos anos 80 era tão cativante e inovador quanto o Adventure.

Herói saindo do castelo preto carregando o cálice

Herói carregando chave preta, dragão à frente

Herói carregando seta (arma). Dragão vigia cálice.



































No labirinto azul, ponte ao cento, dragão morto à esq.













Sobre o Adventure

Roteiro (objetivo e jogabilidade)
A aventura é para apenas 1 jogador. Não há pontos a serem somados nem corrida contra o tempo, o que foi uma novidade nos jogos da época. O único objetivo é levar a taça dourada ao castelo amarelo (casa e ponto de partida do herói). Mas para isso o jogador precisará de outros objetos; como chaves, uma ponte, um ímã e uma seta para matar dragões.
Sempre que o jogador ver seu avatar devorado por um dragão ele pode continuar o jogo na opção reset (que no Atari era uma alavanca, mas nos emuladores atuais é uma tecla).


Personagens
- Herói (o jogador): o herói sem nome é o personagem-avatar do jogador. Ele é representado simplesmente por um quadradinho. O herói agarra objetos ao tocá-los. Isto se faz em qualquer posição (de baixo, por cima, da direita, da esquerda) e solta-os com um comando de botão (o Atari tinha apenas um botão e uma alavanca direcional). O herói só pode carregar um objeto por vez, o que exige escolhas do jogador. Imagine aquele quadradinho como um cavaleiro em busca do “Santo Graal”.

- Dragões: há três dragões que mais parecem “patos gigantes”. O objetivo deles é devorar o herói. O dragão amarelo às vezes teme e foge da chave amarela por esta ser da mesma cor da seta que o mata. O dragão verde costuma vigiar objetos preciosos dos quais o jogador precisa dispor. O dragão vermelho é o mais rápido e difícil de matar.
Muitas vezes no jogo tomei susto com um dragão abrindo sua boca (para entender isso, jogue Adventure). Quando o herói é devorado ele vai parar na barriga do dragão, de onde não sai. Mas o jogador ao puxar a alavanca “reset” faz o herói ressuscitar, assim o jogo continua de onde parou, os objetos permanecem basicamente no mesmo lugar. O herói tem vida infinita, o jogo leva o tempo que for necessário. Mas o reset ressucita também os dragões que estavam mortos.

- Morcego: ele é um ladrãozinho que ora ajuda, ora atrapalha. Voa por todos os ambientes do jogo, atravessando cenários e paredes, sempre carregando um objeto, às vezes carregando um dragão (vivo ou morto). Ele sempre rouba objetos que o herói carrega, deixando outro objeto para trás. Essa troca pode ser boa às vezes.
O herói não pode pegar e carregar dragões, mas pode pegar e carregar o morcego que porta um dragão (vivo ou morto) ou carregar o morcego portando qualquer outro objeto. Às vezes pode-se prender o morcego dentro de um castelo, mas casualmente ele foge. Quando o herói é devorado por um dragão, pode acontecer de o morcego passar e carregar esse dragão com o herói dentro da barriga do monstro. Nesse caso, o jogador (o herói digerido) é levado em um passeio por todos os ambientes do jogo. O jogador assim visualiza a localização dos objetos que procura, tirando proveito de sua "tragédia indigesta".

Objetos
- Três chaves: a chave amarela, a chave branca e a chave preta. Cada uma abre o castelo da cor correspondente.

- Seta (simbolizando uma lança ou espada): é a única arma da qual o herói dispõe para matar dragões. Às vezes eles fogem do herói quando ele porta a seta.

- Ponte mágica: uma ponte roxa que pode ser carregada pelo herói e utilizada para atravessar paredes de labirintos ou de outros ambientes.

- Ímã: ferramenta útil para atrair objetos inalcançáveis ou “enterrados” em uma parede.

- Cálice (troféu): é um objeto em formato de taça, muito brilhante. Metaforicamente, pode representar o “Santo Graal”. Este é o objeto de desejo do herói. O cálice deve ser levado ao castelo amarelo para que o jogo termine.

Ambientes
- Três castelos: amarelo, branco e preto. Cada castelo possui sua chave específica, indicada pela cor. O castelo amarelo possui apenas um ambiente, é o ponto de partida e lar do herói. O castelo branco fica no caminho de um labirinto invisível, dentro desse castelo há um labirinto vermelho com vários ambientes. O castelo preto fica no caminho de um labirinto azul, dentro desse castelo há outro labirinto invisível.

- Labirinto azul: é o labirinto que o herói percorre para chegar ao castelo negro.

- Labirinto invisível: na minha infância eu chamava aquilo de “labirinto de geléia”. O labirinto invisível é como uma membrana plasmática, ou seja, conforme o herói se desloca lá dentro a “geléia” cria pseudópodes permitindo a locomoção do personagem, mas sempre por caminhos determinados. É mais difícil que o labirinto azul, isto é, locomover-se na “geléia” requer mais prática.

- Há também ambientes intermediários entre os labirintos e castelos.

Modos de jogo
1 – Este modo é o mais fácil. Há apenas um labirinto (o azul). O troféu está no castelo negro e há apenas dois dragões (amarelo e verde). Não há morcego.

2 – Neste modo todos os objetos e ambientes estão presentes. No início do jogo, os objetos estão sempre nos ambientes já determinados. De modo geral, o jogador seguirá sempre o mesmo roteiro para atingir seu objetivo, as mudanças acontecerão apenas no decorrer do jogo, conforme o jogador cria situações.

3- Este é o modo mais interessante! Todos os objetos e ambientes estão presentes, mas, no início, os objetos estão escondidos em modo randômico. O jogador não conhece a localização inicial dos objetos. No modo 3, o roteiro acaba sendo sempre diferente a cada jogo, podendo levar horas para que o mesmo jogo tenha um fim. Sendo mais claro: a cada novo jogo há um novo roteiro, já que os objetos inicialmente estão em lugares diferentes do habitual. Ou seja, é um modo randômico. Pode-se usar a opção reset quantas vezes forem necessárias para ressuscitar o herói, será ainda o mesmo jogo, as mesmas situações, mas se o jogo for reiniciado, será um roteiro completamente diferente. Há inúmeras possibilidades no modo 3, isto é uma grande inovação para a época e torna o jogo fascinante ainda hoje.

Ovo de páscoa (easter egg)
Na tradição da Páscoa, os ovos de galinha ou de chocolate são escondidos na casa ou jardim para que as crianças, no dia de Páscoa, procurem. A caça aos ovos de Páscoa inspirou a expressão “easter egg” para designar um segredo que o programador de jogos insere num jogo de aventura. Há inúmeros exemplos de easter eggs na história dos jogos eletrônicos.

Adventure é o primeiro jogo a ter um easter egg. No labirinto invisível dentro do castelo preto o jogador pode localizar um “ovo” representado por um pequeno quadrado, quase invisível. Ao carregar este “ovo” e deixá-lo no ambiente específico o jogador “abrirá” um novo ambiente, onde se lê a frase “Created by Warren Robinett”.

O primeiro easter egg da história dos vídeo games foi inserido porque o programador queria ter créditos por sua obra, o que não era comum na época do Atari. Portanto, foi um ato de rebeldia e esperteza do programador para que ele tivesse seu nome creditado ao jogo.

E, diga-se de passagem... Merecido crédito! O jogo, apesar de nem se comparar aos gráficos de vídeo games atuais, ainda é ótimo, divertido, criativo e inovador para a época. Foi um precursor e pioneiro em todos sentidos.

Warren Robinett, you are a genious! Thanks a lot for Adventure!


Para saber mais (bom texto sobre Adventure):


Esta foi minha primeira postagem sobre vídeo game. Não sei se haverá outras, mas gostei de escrever, apesar da dificuldade que senti em explicar e descrever um jogo tão simples e ao mesmo tempo tão complexo e randômico (quase quântico!). E ainda mais complexo foi escrever isto por se tratar de algo de minha infância e que, em termos de gráfico, em nada se parece com os jogos de hoje. Espero que os jogadores contemporâneos se sintam curiosos o bastante para descobrir, jogar e curtir Adventure e que os velhos fãs dessa aventura entendam a homenagem aqui prestada ao jogo e seu criador.

Atualmente, umas das opções para jogar Adventure no computador é pelo emulador de Atari conhecido como Stella. Pode ser baixado gratuitamente em alguns sites, tanto o emulador quanto os jogos, não há dificuldade nisso. Bom divertimento!

Um comentário:

  1. Ganhei meu Atari em 1985, mas já jogava na casa de amigos em 1983. E confesso que fui um felizardo, pois na caixa o único jogo incluso foi o Adventure. É o jogo que mais gostei do vídeo game dos anos 80. Havia outros cartuchos (jogos), como Pitfall, River Raid, Enduro, PAC-MAN, Haunted House, Keystone Kappers, Superman, e outro que gostava muito, MOON PATROL, mas ADVENTURE era e é sem dúvida, o melhor jogo da Atari. Eu tinha apenas 11 anos em 1985, e quando meus pais ligaram o Atari, pela 1a vez em casa, já era tarde da noite, fizeram uma surpresa, e o jogo é total silêncio, o que deu mais emoção ao jogar, com medo de encontrar um dos 3 dragões (no módulo 3), amei este jogo e por incrível que pareça, tinha muitos amiguinhos que tinham Atari ou o CCE (compatível com Atari), mas ninguém tinha este cartucho Adventure e por conta disto, era o único cartucho que eu não trocava para emprestar por alguns dias aos outros amiguinhos! Lendo este post me fez voltar aos anos 80, onde joguei até início dos anos 90. Parabéns pelo texto!

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