Adventure é um jogo de Atari, criado por Warren Robinett e lançado em 1979.
Muito antes de Alex Kidd, Double
Dragon, Sonic, Super Mario, Prince of Persia, Rock n’ Roll Racing, Street
Fighter, Mortal Kombat, Samurai Shodow (Samurai Spirit) e Tekken eu me divertia
na década de 1980 com o Atari.
Estou falando de Pac-Man, River
Raid, Phoenix, Enduro, rã atravessando a rua, polícia correndo atrás de
fugitivo do presídio dentro de um supermercado. Eram jogos simples, mas que
faziam a cabeça da garotada nessa década. Jogava com meu pai, com amigos ou
sozinho e sempre me divertia muito. Mas nenhum jogo dos anos 80 era tão
cativante e inovador quanto o Adventure.
Herói saindo do castelo preto carregando o cálice |
Herói carregando chave preta, dragão à frente |
Herói carregando seta (arma). Dragão vigia cálice. |
No labirinto azul, ponte ao cento, dragão morto à esq. |
Sobre o Adventure
Roteiro (objetivo e jogabilidade)
A aventura é para apenas 1
jogador. Não há pontos a serem somados nem corrida contra o tempo, o que foi uma novidade nos jogos da época. O único
objetivo é levar a taça dourada ao castelo amarelo (casa e ponto de partida do
herói). Mas para isso o jogador precisará de outros objetos; como chaves, uma ponte, um ímã e uma seta para matar dragões.
Sempre que o jogador ver seu avatar devorado por um dragão ele pode continuar o jogo na opção reset (que no Atari era uma alavanca, mas nos emuladores atuais é uma tecla).
Sempre que o jogador ver seu avatar devorado por um dragão ele pode continuar o jogo na opção reset (que no Atari era uma alavanca, mas nos emuladores atuais é uma tecla).
Personagens
- Herói (o jogador): o herói sem
nome é o personagem-avatar do jogador. Ele é representado simplesmente por um
quadradinho. O herói agarra objetos ao tocá-los. Isto se faz em qualquer
posição (de baixo, por cima, da direita, da esquerda) e solta-os com um comando
de botão (o Atari tinha apenas um botão e uma alavanca direcional). O herói só
pode carregar um objeto por vez, o que exige escolhas do jogador. Imagine aquele
quadradinho como um cavaleiro em busca do “Santo Graal”.
- Dragões: há três dragões que
mais parecem “patos gigantes”. O objetivo deles é devorar o herói. O dragão
amarelo às vezes teme e foge da chave amarela por esta ser da mesma cor da seta
que o mata. O dragão verde costuma vigiar objetos preciosos dos quais o jogador
precisa dispor. O dragão vermelho é o mais rápido e difícil de matar.
Muitas vezes no jogo tomei susto
com um dragão abrindo sua boca (para entender isso, jogue Adventure). Quando o herói
é devorado ele vai parar na barriga do dragão, de onde não sai. Mas o jogador
ao puxar a alavanca “reset” faz o herói ressuscitar, assim o jogo continua de
onde parou, os objetos permanecem basicamente no mesmo lugar. O herói tem vida
infinita, o jogo leva o tempo que for necessário. Mas o reset ressucita também os dragões que estavam mortos.
- Morcego: ele é um ladrãozinho
que ora ajuda, ora atrapalha. Voa por todos os ambientes do jogo, atravessando
cenários e paredes, sempre carregando um objeto, às vezes carregando um dragão
(vivo ou morto). Ele sempre rouba objetos que o herói carrega, deixando outro
objeto para trás. Essa troca pode ser boa às vezes.
O herói não pode pegar e carregar
dragões, mas pode pegar e carregar o morcego que porta um dragão (vivo ou
morto) ou carregar o morcego portando qualquer outro objeto. Às vezes pode-se
prender o morcego dentro de um castelo, mas casualmente ele foge. Quando o herói é
devorado por um dragão, pode acontecer de o morcego passar e carregar esse
dragão com o herói dentro da barriga do monstro. Nesse caso, o jogador (o herói
digerido) é levado em um passeio por todos os ambientes do jogo. O jogador assim visualiza a localização dos objetos que procura, tirando proveito de sua "tragédia indigesta".
Objetos
- Três chaves: a chave amarela, a
chave branca e a chave preta. Cada uma abre o castelo da cor correspondente.
- Seta (simbolizando uma lança ou espada): é a única arma
da qual o herói dispõe para matar dragões. Às vezes eles fogem do herói quando
ele porta a seta.
- Ponte mágica: uma ponte roxa
que pode ser carregada pelo herói e utilizada para atravessar paredes de
labirintos ou de outros ambientes.
- Ímã: ferramenta útil para
atrair objetos inalcançáveis ou “enterrados” em uma parede.
- Cálice (troféu): é um objeto em
formato de taça, muito brilhante. Metaforicamente, pode representar o “Santo
Graal”. Este é o objeto de desejo do herói. O cálice deve ser levado ao castelo
amarelo para que o jogo termine.
Ambientes
- Três castelos: amarelo, branco
e preto. Cada castelo possui sua chave específica, indicada pela cor. O castelo
amarelo possui apenas um ambiente, é o ponto de partida e lar do herói. O
castelo branco fica no caminho de um labirinto invisível, dentro desse castelo
há um labirinto vermelho com vários ambientes. O castelo preto fica no caminho
de um labirinto azul, dentro desse castelo há outro labirinto invisível.
- Labirinto azul: é o labirinto
que o herói percorre para chegar ao castelo negro.
- Labirinto invisível: na minha
infância eu chamava aquilo de “labirinto de geléia”. O labirinto invisível é
como uma membrana plasmática, ou seja, conforme o herói se desloca lá dentro a
“geléia” cria pseudópodes
permitindo a locomoção do personagem, mas sempre por caminhos determinados. É
mais difícil que o labirinto azul, isto é, locomover-se na “geléia” requer mais
prática.
- Há também ambientes
intermediários entre os labirintos e castelos.
Modos de jogo
1 – Este modo é o mais fácil. Há
apenas um labirinto (o azul). O troféu está no castelo negro e há apenas dois
dragões (amarelo e verde). Não há morcego.
2 – Neste modo todos os objetos e
ambientes estão presentes. No início do jogo, os objetos estão sempre nos
ambientes já determinados. De modo geral, o jogador seguirá sempre o mesmo roteiro para
atingir seu objetivo, as mudanças acontecerão apenas no decorrer do jogo, conforme o jogador cria situações.
3- Este é o modo mais
interessante! Todos os objetos e ambientes estão presentes, mas, no início, os objetos
estão escondidos em modo randômico. O jogador não conhece a localização inicial dos
objetos. No modo 3, o roteiro acaba sendo sempre diferente a cada jogo, podendo levar
horas para que o mesmo jogo tenha um fim. Sendo mais claro: a cada novo jogo há um novo roteiro, já que os objetos inicialmente estão em lugares diferentes do habitual. Ou seja, é um modo randômico. Pode-se usar a opção reset quantas vezes forem necessárias para ressuscitar o herói, será ainda o mesmo jogo, as mesmas situações, mas se o jogo for reiniciado, será um roteiro completamente diferente. Há inúmeras possibilidades no modo 3, isto é uma grande inovação para a época e torna o jogo fascinante ainda hoje.
Ovo de páscoa (easter egg)
Na tradição da Páscoa, os ovos de
galinha ou de chocolate são escondidos na casa ou jardim para que as crianças,
no dia de Páscoa, procurem. A caça aos ovos de Páscoa inspirou a expressão
“easter egg” para designar um segredo que o programador de jogos insere num
jogo de aventura. Há inúmeros exemplos de easter eggs na história dos jogos eletrônicos.
Adventure é o primeiro jogo a ter
um easter egg. No labirinto invisível
dentro do castelo preto o jogador pode localizar um “ovo” representado por um
pequeno quadrado, quase invisível. Ao carregar este “ovo” e deixá-lo no
ambiente específico o jogador “abrirá” um novo ambiente, onde se lê a frase
“Created by Warren Robinett”.
O primeiro easter egg da história dos vídeo games foi inserido porque o
programador queria ter créditos por sua obra, o que não era comum na época do
Atari. Portanto, foi um ato de rebeldia e esperteza do programador para que ele
tivesse seu nome creditado ao jogo.
E, diga-se de passagem... Merecido
crédito! O jogo, apesar de nem se comparar aos gráficos de vídeo games atuais, ainda
é ótimo, divertido, criativo e inovador para a época. Foi um precursor e
pioneiro em todos sentidos.
Warren Robinett, you are a genious! Thanks a
lot for Adventure!
Para saber mais (bom texto sobre Adventure):
Esta foi minha primeira postagem sobre vídeo game. Não sei se haverá outras, mas gostei de escrever, apesar da dificuldade que senti em explicar e descrever um jogo tão simples e ao mesmo tempo tão complexo e randômico (quase quântico!). E ainda mais complexo foi escrever isto por se tratar de algo de minha infância e que, em termos de gráfico, em nada se parece com os jogos de hoje. Espero que os jogadores contemporâneos se sintam curiosos o bastante para descobrir, jogar e curtir Adventure e que os velhos fãs dessa aventura entendam a homenagem aqui prestada ao jogo e seu criador.
Atualmente, umas das opções para jogar Adventure no computador é pelo emulador de Atari conhecido como Stella. Pode ser baixado gratuitamente em alguns sites, tanto o emulador quanto os jogos, não há dificuldade nisso. Bom divertimento!
Atualmente, umas das opções para jogar Adventure no computador é pelo emulador de Atari conhecido como Stella. Pode ser baixado gratuitamente em alguns sites, tanto o emulador quanto os jogos, não há dificuldade nisso. Bom divertimento!
Ganhei meu Atari em 1985, mas já jogava na casa de amigos em 1983. E confesso que fui um felizardo, pois na caixa o único jogo incluso foi o Adventure. É o jogo que mais gostei do vídeo game dos anos 80. Havia outros cartuchos (jogos), como Pitfall, River Raid, Enduro, PAC-MAN, Haunted House, Keystone Kappers, Superman, e outro que gostava muito, MOON PATROL, mas ADVENTURE era e é sem dúvida, o melhor jogo da Atari. Eu tinha apenas 11 anos em 1985, e quando meus pais ligaram o Atari, pela 1a vez em casa, já era tarde da noite, fizeram uma surpresa, e o jogo é total silêncio, o que deu mais emoção ao jogar, com medo de encontrar um dos 3 dragões (no módulo 3), amei este jogo e por incrível que pareça, tinha muitos amiguinhos que tinham Atari ou o CCE (compatível com Atari), mas ninguém tinha este cartucho Adventure e por conta disto, era o único cartucho que eu não trocava para emprestar por alguns dias aos outros amiguinhos! Lendo este post me fez voltar aos anos 80, onde joguei até início dos anos 90. Parabéns pelo texto!
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