Ô de casa, eu
tô pra lhe dizer
Da glória da história
deste homem que nasceu para morrer.
- E você
cantou pra ele, encomendador de almas?
- Não houve
um funeral, ô mestre das falas.
- Foi ele um
homem pobre, encomendador de almas?
- Foi rico
espiritual, ô mestre das falas.
- E como era
essa riqueza, encomendador de almas?
- Era da sua
nobreza, ô mestre das falas.
- Foi ele um
rei falido, encomendador de almas?
- Era humilde
pra ser rei, ô mestre das falas.
- Quanto
humilde era ele, encomendador de almas?
- Lavou os
“pé” de doze homens, ô mestre das falas.
- Foi ele um
escravo, encomendador de almas?
- Sofreu como
se fosse, ô mestre das falas.
- E por onde
ele andava, encomendador de almas?
- Por toda,
toda parte, ô mestre das falas.
- Foi ele um
cigano, encomendador de almas?
- Tão sábio
quanto um, ô mestre das falas.
- Quão sábio
era ele, encomendador de almas?
- Sabia
perdoar, ô mestre das falas.
- E o que
mais ele fazia, encomendador de almas?
- Fez grandes
proezas, ô mestre das falas.
- Trabalhava
em um circo, encomendador de almas?
- Cativante
como um, ó mestre das falas.
- Que proezas
eram essas, encomendador de almas?
- Respeitava
a natureza, ô mestre das falas.
- Era ele
algum índio, encomendador de almas?
- Tão puro
quanto um, ô mestre das falas.
- E o que
mais ele fazia, encomendador de almas?
- Falava com
um dom, ô mestre das falas.
- Foi ele um
professor, encomendador de almas?
- Igual
mal-valorizado, ô mestre das falas.
- O que foi
ele afinal, encomendador de almas?
- Foi tudo
isso um pouco, ô mestre das falas.
- E como pode
isso, encomendador de almas?
- Ele amava a
todos, oh irmão poeta.
- E ele viveu
bem, encomendador de almas?
- Com morte
sofrida, oh irmão poeta.
- E foi
matada ou morrida, encomendador de almas?
- Foi morte
matada, oh irmão poeta.
- E por que
ele morreu, encomendador de almas?
- Ele foi mal
compreendido, oh irmão poeta.
- Deixou ele
alguma herança, encomendador de almas?
- Esperança
do perdão, oh irmão das palavras.
Música e letra compostas em 2001, com registro de direito autoral nº 223.949, livro 393, folha 109, na Fundação Biblioteca Nacional, Escritório de Direitos Autorais, Ministério da Cultura, Rio de Janeiro.
A letra foi inspirada pelo auto "Morte e Vida Severina" de João Cabral de Melo Neto.
A letra foi inspirada pelo auto "Morte e Vida Severina" de João Cabral de Melo Neto.