terça-feira, 10 de maio de 2016

Dissertação sobre Augusto dos Anjos

Esta é minha dissertação de mestrado em Letras - Estudos Literários (2011), na qual estudo a poesia de Augusto dos Anjos (1884-1914).

http://portais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_4543_.pdf

No capítulo 1 abordo suas influências, desde o positivismo da Escola de Recife até o seu misticismo. Augusto dos Anjos se caracteriza por congregar influências diversas e antagônicas, mas de forma dialética, resolver a seu favor os empasses entre medo e esperança, religião e ciência, vida e morte.

No capítulo 2 faço uma discussão sobre as pulsões psicanalíticas que reverberam em sua poesia: o Eros e o Tânatos complementando-se em equilíbrio. 

No capítulo 3 o tema passa a ser a angustia existencial de seu "eu lírico" e como, na sua retórica, ele expressa a angustia de toda humanidade perante a morte e a vontade de transcendência que é intrínseca a todos os povos desde os primórdios da nossa História.

O poeta paraibano manifesta ao decorrer dos textos o seu complexo de Édipo, a sua rejeição da poesia erótica e da luxúria, a admiração pela maternidade e seu entusiasmo ecológico, beirando ao panteísmo e ao vegetarianismo.

Essas manifestações somadas aos recursos retóricos, além de toda a ciência e filosofia de seu tempo empregadas em sua poesia, são as bases que Augusto dos Anjos utilizou para lançar seu projeto literário, único e original, e que nos deixa uma pergunta sem resposta, mas também uma certeza: a palavra é imortal.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sentença de Tiradentes

[...] prova, que especificamente soubessem da conjuração e dos ajustes dos conjurados, mas que somente souberam das diligências públicas, e particulares, que fazia o réu Tiradentes, para induzir gente para o levante, e estabelecimento da república, pelas práticas gerais que com ele teve, ou pelos convites que lhes fez para entrarem na sublevação, suposto que não estejam em igual grau de malícia e culpa como os sobreditos réus, contudo a reserva de segredo de que usaram, sem embargo de reconhecerem, e deverem reconhecer a obrigação que tinham de delatar isso mesmo que sabiam, pela qualidade e importância do negócio, sempre faz um forte indício da sua pouca fidelidade, o que sempre é bastante para estes réus ao menos serem apartados daqueles lugares onde uma vez se fizeram suspeitosos, porque o sossego dos povos e conservação do Estado pedem todas as seguranças para que a suspeita do contágio da infidelidade de uns, não venha a comunicar-se e contaminar os mais.

Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi do Regimento pago da Capitania de Minas, a que, com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde no lugar mais público dela, será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes, pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios das maiores povoações, até que o tempo também os consuma, declaram o réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu; [...]


Fonte:
http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/Autos%20da%20devassa%20completo.pdf